Jogo Perigoso

Capítulo 27

Estou esperando o médico vir até o quarto para que eu posso ir embora. Christian teve que voltar para a empresa, mas Tayor ficou para me levar.
-Senhorita Steele, me desculpe pela demora. - Ainda estou com vergonha.
- Não tem problema.
- Bom, pelo que eu vi nos seus ultimos exames, você já está pronta para ir para casa.
- Muito obrigada, doutor.
- Por favor, Anastasia, se quer realmente fazer alguma mudança no seu corpo, fale com um médico. Não utilize nenhuma substancia desse tipo. - Me sinto uma criança que desobedeceu os pais.
- Eu sei que foi uma burrice. Eu já aprendi essa lição. - Ele sorri.
- Ótimo. Então pode ir para a casa.
Tomo um banho no hospital e logo depois de terminar de me arrumar encontro com Taylor do lado de fora.
- Senhorita Steele, como está?
- Estou bem, Taylor. Obrigada.
- Anastasia? O que houve?
- Leila? - Ela esta parada bem na nossa frente. Droga! O que ela quer aqui? Taylor está mais chocado do que eu.
- Taylor, pode nos dar um momento?
- Senhorita...
- Por favor, Taylor. Me espere no carro.
- Sim, Senhorita. - Ele sai no mesmo instante.
- Leila, o que faz aqui?
- Eu que pergunto! Você não atendeu as minhas ligações.
- Está tudo muito complicado...
- Eu sei que você não apareceu mais na SIP.
- O que? Está me vigiando por um acaso?
- Vigiando? Eu? De maneira nenhuma. Eu pensei que poderiamos sair e...
- Não, Leila. Chega. Isso não vai dar certo nunca. Eu amo o Cristian, você entendeu?
- Ama? Você me disse que...
- Eu disse. Disse porque queria que você não ficasse tão chateada.
- Chateada? Então você se preocupa.
- Sim, eu me preocupo. - Eu sinto alguma coisa diferente nos olhos dela.
- Não se trata do Cristian, Ana.
- O que? - Eu sei que estamos tendo essa conversa estranha em um corredor de um hospital.
- Você não se lembra mesmo? - Lembrar? do que eu deveria me lembrar?
- Eu não sei do que você está falando.
- Sou eu, Lili. - As memorias vem na minha cabeça como um turbilhao de pensamentos estranhos que estavam perdidos no tempo. Eu a conheço. É ela, Leila Willians.
- Lili... - Não pode ser. Minha voz soa surpresa e aterrorizada ao mesmo tempo.
- Sou eu, Ana. A amiga que voce abandonou depois que conheceu a Kate.
- Leila, eu... Você esta diferente. - Quando eu poderia imaginar que ela seria a submissa do Cristian. Eu não a reconheci.
- Eu logo vi que era você. Desde o dia que eu a encontrei na casa do Cristian.
- Eu não fazia ideia de que você amava o Cristian... - Ela ri.
- Por favor. Não faça com que eu me sinta pior. Você sabe que eu nao amo o Cristian.
- Mas você se relacionou por todo esse tempo com ele. Você queria mais, em pediu para ajudar você.
- O sexo com o Senhor Grey é incrivel. Tudo o que ele oferece é incrivel, mas tudo era para esconder um sentimento que estava adormecido dentro de mim.
- Leila, eu não estou entendendo.
- É você, Anastasia. É você que eu amo.
- O que? Não... - Estou rindo. - Eu não tenho que ficar aqui ouvindo isso... - Ela segura meu braço.
- Eu ouvi boatos do seu casamento, eu sabia que voce estava casada. - Ela atropela as palavras. - Eu fiquei devastada, logo depois eu o conheci e pensei que poderia esquecer toda essa merda. Mas então voce entrou denovo no meu caminho e isso foi um sinal de que eu nao devo desistir.
- Para Leila! Para! Você sabe que isso não é possivel. - Ela pega a minha mao.
- Eu sei que parece estranho, eu sei que é estranho, mas você precisa me dar uma chance. - Eu puxo a minha mao.
- Eu estou indo embora e eu nao quero que voce me procure nunca mais. - Eu saio completamente desnorteada. Eu nunca poderia imaginar que ela seria a Leila, a Leila que foi uma minha, amiga da Kate. Kate sempre achou que as intenções dela comigo eram estranhas, mas eu nunca achei que seria isso. Nunca poderia imaginar que Leila me ama.
- Senhorita Steele, está bem?
- Sim. - Não. Eu estou em pânico e meu estomago esta embrulhado.
- Tem certeza? Esta palida.
- Eu vou ficar bem. Só me leve para casa, ok?
- Sim. - Ao mesmo tempo eu recebo uma mensagem no meu celular.

Tudo ao seu tempo.
Seus lábios em meus lábios.
Seu corpo em meu corpo.
Não importa se somos iguais, nao importa.
O que importa é que será assim para sempre.

Leila.


Sinto meu estomago mais embrulhado e muito encomodada ao mesmo tempo. Não tenho nada contra esse tipo de relacionamento, mas o modo como ela age me assusta. Isso não deveria estar acontecendo, eu deveria ter a minha vida, eu deveria ter continuado com as minhas aulas de dança. Eu não consigo mais aguentar, um nó com intensidade indescritivel atinge minha garganta. É isso que eu quero para a minha vida? Essa pessoas que eu quero a minha volta? Assim que Taylor encosta o carro eu desço.
- Ana. - Ele diz. Taylor nunca me chamou assim.
- Eu preciso contar ao Senhor Grey o que houve. - Acho que ele se refere ao encontro com a Leila.
- Faça o que tiver que fazer. - Tento ligar para a Kate, mas ela nao atende.
Eu perdi a minha essencia. Eu olho para o espelho e nao consigo mais enxergar quem eu sou e nem aonde eu quero chegar. Não consigo mais vizualizar um futuro, o que eu posso esperar dele? Alguem quem nunca me deu esperança de coisa alguma. Começo a pensar se conhece-lo valeu a pena. Todas as duvidas possiveis se abatem sobre mim. E eu me encolho ao chão, buscando esperança em um mar completo de desespero.

- Ai está você. - Eu me assusto com ele. Estou na cozinha. Não estava preparada para falar com ele, não agora.
- Oi Cristian.
- Pode me dizer o que houve?
- Sobre o que esta falando especificamente?
- Primeiramente poderia me explicar porque esta com os olhos tao inchados e segundo, desde quando é amiguinha da Leila? - Respiro fundo.
- Precisamos conversar...Várias coisas.
- Concordo e já estou ouvindo.
- Eu conheci a Leila a muito tempo. - Ele esta me olhando de forma diferente, tentando entender.
- Como assim?
- Eu não reconheci no começo, só hoje que eu me lembrei dela.
- Você a conhecia de onde?
- Fomos amigas no colegio, por algum tempo. Depois eu conheci a Kate, algumas coisas aconteceram e nós nos afastamos.
- Porque nao me disse?
- Porque eu nao a reconheci. Eu só... - Mal consigo falar. - Eu só lembrei porque ela me procurou no hospital. Eu nao contei a voce, mas eu e Leila saimos em uma noite dessas. Eu estava correndo ela me encontrou e saimos para tomar alguma coisa. Eu juro que só fui porque fiquei com pena dela.
- Estou ouvindo. - Ele esta furioso.
- Ela me disse que queria ajuda para conquistar você.
- Que porra! - Ele anda de um lado para o outro com a mao na cabeça. - Você deveria ter me contado Anastasia.
- Eu não achei que ela fosse me procurar. Só que o problema não é esse.
- Ah não? - Ele ri. - O que pode ser pior?
- Leila disse que me ama. - Ele fica em choque.
- Como assim ama? - Ele grita. - Você não pode estar falando sério.
- Foi isso que ela me disse. Eu fiquei muito assustada com tudo e com essa mensagem. - Ele pega o celular da minha mao e le atentamente, em voz alta.
- Qual é a dessa garota? Ela é lébisca? É isso? Agora devo me preocupar com a ameaça da Leila?
- Não, você não precisa se preocupar. - Isso será dificil.
- Não entendi, Ana.
- Eu estou indo embora Cristian.
- Embora? Embora para aonde?
- Eu vou aceitar o pedido da minha mae e morar na Georgia. - Ele está com os olhos arregalados.
- Ana, calma, se for por causa da Leila...
- Leila? - Eu estou rindo. - Olhe para mim Cristian! - Eu grito. - Eu deixei de ser quem eu realmente sou! Aceitando roupas caras, salões de beleza, sapatos... Essa não sou eu. Eu quase acabei com a minha vida ontem porque queria ser perfeita para você.
- Você não esta pensando direito. Eu não quero mudar você.
- Tudo isso, tudo o que você oferece não é para mim, Cristian. Eu deixei de fazer tudo o que eu gostava porque voce me quer trancada aqui! Fazendo compras, me arrumando para estar pronta para você assim que voce estalar os dedos. - Ele sabe que eu estou dizendo a verdade. Suas mãos estão na cintura e eu posso sentir que ele nao esta a vontade.
- Eu quero muito punir você por tudo o que esta dizendo.
- Chega, Cristian. - Não consigo mais conter as lagrimas. - Você me disse que quando eu quisesse eu poderia ir e é isso que eu estou querendo agora. Quero que você me libere de alguma forma do nosso acordo.
- Pense bem, Ana. Eu acho que podemos rever...
- Não! Você sabe o que é olhar no espelho e não saber mais quem você é? É assim que eu me sinto. Kate nao atende mais as minhas ligações e é claro que foi por causa do meu comportamento ridiculo dos ultimos dias.
- Sabe que eu não posso fazer você ficar. Mas tambem não quero que você saia assim.
- Eu amo você. - Soa tão ridiculo dizendo assim na frente dele. Mas é libertador. - Sei que você nunca vai poder retribuir e não vou questionar os seus motivos. Nem eu mesma estou me amando agora.
- Ana... Eu não gosto de ver você sofrendo assim.
- Eu já arrumei as minhas coisas e eu vou embora amanhã. Lá na Georgia eu vou poder ter oportunidades em alguma academia de dança, vou poder recomeçar.
- Recomeçar? - Ele aumenta o tom de voz. - Sim, recomeçar.
- E o seu emprego? E o nosso acordo, Ana?
- Não torne tudo mais dificil, Cristian. Eu sei que disse que poderia, mas não posso.
- Você esta com medo da Leila? É isso? Eu posso te proteger.
- Eu não tenho medo da Leila, tenho medo do que eu posso me tornar se continuar aqui com você. Eu não sou uma barbie, Cristian.
- Eu não quero mudar você.
- Eu deixei tudo arrumado, todas as coisas que você me deu.
- É isso mesmo que você quer? - Esses olhos. Como eu queria agarra-lo, como eu queria ser totalmente dele agora.
- É o que eu preciso, Cristian. - Ele respira fundo.
- Tudo bem, Anastasia. Se é isso que você quer, esta livre. Não temos mais acordo. - O que mais me doi é saber que ele nao me implorou para ficar.
- Eu gostaria desse documento por escrito, por favor. - Eu cruzo os braços. Estou completamente na defensiva.
- Claro, eu posso encaminhar no seu e-mail. Não me sinto a vontade com a historia da Leila, eu posso mandar contratar um segurança...
- Não precisa. Isso não é mais obrigação sua. - Minha garganta está raspando novamente. Eu não aguento mais tudo o que esta acontecendo. Coloco as maos em meu rosto e desabo. Aqui na frente dele, sem nenhum pudor.
- Ana... - Ele se aproxima.
- Não! - Eu estico a mao em sinal de alerta. - Por favor, eu preciso ficar sozinha. Pode me deixar sozinha?
- Eu já estou indo embora.
- Adeus, Cristian. - Eu digo. Ele nao diz nada, apenas tira a minha correntinha do bolso e coloca na mesinha, me deixando sozinha logo em seguida.
É como se o fim do mundo tivesse chegado. Me sinto exatamente como na noite em que o José descobriu aonde eu trabalhava, só que com intensidade bem maior. Eu o amo, e deixa-lo é a coisa mais dificil que ja tive que fazer em toda a minha vida.
- Kate.
- Ana? - Ela estava dormindo.
- Kate... me perdoe. - Mal consigo falar.
- Você esta passando mal?
- Eu so queria pedir desculpas antes de ir embora.
- Embora para aonde?
- Eu estou indo embora para Georgia amanha de manha.
- Para Georgia? Ana, mas que loucura é essa? E o Cristian?
- Não tem mais Cristian, Kate. Tudo foi um erro. Eu fui tão idiota...- Ela faz uma pausa.
- É, você tem sido muito diferente.
- Eu sei, aconteceram tantas coisas, mas hoje foi a ultima gota.
- O que houve? - Eu não vou falar sobre a Leila.
- Eu prefiro não falar, apenas liguei para dizer que eu estou indo embora amanha e preciso que me perdoe.
- Que saber? Eu acho que vai ser melhor voce ficar longe dele. Ficar um tempo com a sua mae.
- É... esta sendo dificil, mas eu sei que vai ser bom.
- Eu nao tenho que te perdoar, eu te amo, Ana.
- Eu tambem te amo, Kate. - Fico feliz em pelo menos ter feito as pazes com ela.
- Promete me ligar assim que chegar lá?
- Sim, eu ligo.
- Conte sempre comigo.
- Obrigada, Kate. Nos vemos.
- Em breve, ate logo Ana. - Ela desliga.
É como se meu coraçao fosse arrancando do peito, mas preciso ser forte o suficiente para agir.
- Sim. - Eu atendo. Alguem esta me ligando da portaria do prédio.
- Senhorita Steele, o Senhor Grey disse que você vai desocupar o apartamento pela manhã e me pediu para verificar se a Senhorita precisa de ajuda.
- Não, só preciso de um taxi para me levar ate o aeroporto amanha bem cedo.
- Sim, vou providenciar. Só mais uma coisa, a Senhorita Willians passou por aqui.
- Ela esta aqui?
- Não, o Senhor Louis pediu para que ela fosse embora.
- Loius?
- O Senhor Grey deixou um segurança de plantão. - Claro que sim. Pode ser que ele se importe. Esqueça Ana.
- Tudo bem, obrigada. - Assim que desligo recebo uma mensagem.
É dele.

Deixei um segurança do lado de fora do prédio para a sua segurança. Não se preocupe, Leila não será uma ameça.


Ps: Primeira classe, amanhã as 8 horas.



Primeira classe? Isso é ridiculo! Ele quer mesmo pagar a minha viagem?

Agradeço pelo segurança, mas Leila não é uma ameaça. Quanto a viagem, não preciso de passagem. Já esta tudo agendado.

Obrigada.

Ana.

Fico ali, roendo as unhas e esperando a sua resposta. Eu deveria mudar meu numero, só assim poderei esquecer.


Não a culpo por ter se apaixonado por você.


Cristian.


Isso significa alguma coisa? Isso quer dizer que... Não, isso não. Tudo o que eu preciso é dormir, dormir e me preparar para o voo de amanha. Será um longo dia.


- Senhorita, os documentos e a passagem, por favor. - Será que eu deveria ter me despedido de alguma forma? Sera que eu fui dura demais?
- Senhorita? - Acordo do meu devaneio.
- Ah sim, desculpe. - Entrego os documentos e a passagem.
- Boa viagem!
- Obrigada. - Entro no avião e me acomodo em uma das poltronas. O que mais me intriga é o fato de todas as poltronas estarem ocupadas, somente a do meu lado que não. Impressão, Anastasia. Somente impressão. Procuro os meus fones de ouvido. Quem sabe consigo dormir durante o voo.
- Moça. - Eu chamo uma das aeromocas.
- Sim, Senhorita.
- Porque estamos demorando tanto?
- Vou verificar, Senhorita. - Ela sorri. Vejo uma movimentação, e varias pessoas cochichando. Assim que olho para frente fico sem ação. É ele. Está aqui, parado na minha frente, dentro do avião!
- Com licença, Senhor, vamos decolar. - Ele nem olha para ela, seus olhos estao fixos em mim.
- Desculpe, Senhorita Steele, poderia me acompanhar?
- Cristian? O que você esta fazendo?
- Eu preciso que a Senhorita Steele me acompanhe. Ela esta com algumas irregularidades e eu preciso averiguar. - Quem ele pensa que é? Da policia?
- O que? Você está louco?
- Por favor, Senhorita Steele, eu tenho ordens expressas para leva-la.
- Desculpe, mas vou ter que pedir que a Senhorita acompanhe o Senhor nesse caso. - Obvio, eles nao vao me deixar partir, ainda mais com essas ameaças de sequestro de aviões que estamos tendo. Esperto Grey.
- Me acompanhe, por favor. - Passo por ele como um vento. Nem sei como desço do aviao.
- Senhor Grey, podem conversar na sala particular de embarque. - Um moço alto e loiro nos conduz.
- Obrigado. - Ele diz. Assim que entramos ele fecha a porta.
- Que porra você acha que esta fazendo? - Eu dou um empurrao com as maos em seu peito.
- Ual... - Ele ri.
- Não ria, Cristian! Irregularidades? Que palhaçada é essa?
- Era o unico jeito de fazer você ficar.
- O que?
- Quero conversar, Ana. Por favor... - Ele faz uma pausa. - Não me deixe. - A bile sobe a minha garganta.
Ele não quer que você vá.