Prólogo

2.1K 81 5
                                    

Edward PDV

Uivos. 
Era só o que ouvia. Tentava cavalgar mais rapidamente, sentindo seu desespero crescer, e seu medo o cobrir. 
Não via nada além de escuridão, mato, chuva e vultos à sua volta. Não sabia para onde correr; para onde fugir; onde se esconder. Queria gritar por ajuda, mas o medo havia trancafiado sua voz na garganta. 

O vento forte da tempestade batia em seu rosto, e os raios clareavam o céu, fazendo das criaturas ainda mais aterrorizantes.
Não sabia quantos eram, nem como eram. Mas sabia pelos uivos que eram muitos; e pelos vultos, que eram grandes. Muito grandes. Pelo tamanho ele os julgaria como ursos, mas sabia se tratar de lobos. 
Nunca havia visto monstros iguais. 

Percebeu pelo cantos dos olhos, um deles pular para cima de si, e sentiu seu coração acelerar, mas do que o possivel. Fechou os olhos achando que fosse seu fim, mas o cavalo se esquivou, virando para a esquerda, e se embrenhando mais na mata. 

Os uivos foram ficando para trás, dando espaço para ele ouvir os trovões que gritavam no céu. 
Olhou em volta. Estava perdido. Nunca havia ido para aqueles lados. 

Começou a cavalgar mais lentamente, sentindo a chuva cair como pedras de gelo em sua pele, enquanto a escuridão da noite banhava o local. 

O cavalo embaixo de si se movimentava inquieto, dando grandes passadas para trás, o homem tentou o segurar por suas rédeas; mas o animal se descontrolou, se empinando para a frente; fazendo seu cavaleiro cair dolorosamente no chão, para logo em seguida sair trotando a toda velocidade para longe. 

O homem aparvalhado, olhou em volta, e viu em meio as árvores um enorme portão enferrujado. Seria quase um portão esquecido no meio do mato, se não fosse pela enorme mansão, em construção antiga, que se seguia atrás. 

E Ele reconheceu. Mesmo sem nunca ter estado ali. 
Pois as fotos e as lendas eram muitas para serem esquecidas ou ignoradas.

Ao longe o homem ouviu novamente um uivo, que vinha se aproximando cada vez mais. 
Ele em um momento de desespero, seguiu para o imenso portão. Tentou o abrir, mas estava enferrujado por tanto tempo sem uso. 

Os uivos estavam cada vez mais próximos, e o homem com pouca agilidade se pendurou no portão escalando-o. Sentiu seus ossos gritando em protestos pela velhice. 

Um vulto diferente dos enormes lobos, passou por ele, fazendo-o perder o equilibrio, e cair com um baque surdo na grama alta do jardim da enorme mansão. O homem gemeu, e se levantou rapidamente quando ouviu novamente outro uivo, agora bem próximo. 

Seguiu desabalado para as grandes portas de madeira, se perguntando quanto tempo aquelas criaturas demorariam para derrubar o portão. 
O medo do homem era tanto, que ele não notou no esplendor da enorme mansão, ou como o jardim era imenso, pois ele só enxergava a porta.

Parou na frente do trinco de prata, e a girou, ela abriu silenciosamente, dando espaço ao imenso recinto escuro como breu.

No momento em que entrou se arrependeu. 

A porta se fechou sozinha atrás de si, e ele viu vultos rápidos à sua volta. 
O mar de escuridão o acolhia, e antes que pudesse se controlar, ele se viu correndo desesperadamente em direção a enorme escada de mármore. Sentiu outro vulto atrás de si, e aumentou a velocidade, ofegando, para o lado sul da mansão. 

Um som metálico, como se algo tivesse caido soou alto, ecoando por todas as paredes. O homem amedrontado correu até a ultima porta do corredor. 
Sem reparar em muita coisa, ele a abriu, fechando-a atrás de si.

Ele suava e ofegava, com seu coração querendo explodir em seu peito. Se sentiu fraco e cansado, e ainda virado para porta encostou a testa na madeira fria tentando recuperar o alto controle, enquanto pensava por um breve momento que estaria seguro.

-- O Senhor não é bem-vindo aqui! - disse uma voz fria como gelo e aveludada como as nuvens.

O sangue do homem congelou, e ele se sentiu incapaz de olhar para trás. 
Tirando uma força de vontade sobrenatural de si, ele obrigou-se a se virar. 

Havia uma figura de costas, alta e elegante, com uma comprida capa preta, que encarava as enormes janelas de vidro, pela qual se via os raios no céu, iluminando vagamente o recinto.

O homem olhou o ambiente, tentando achar uma saída. Uma única saída, que pudesse o livrar daquele pesadelo.
Mas seus planos foram interrompidos, pela imagem do local. 

Uma enorme sala, com detalhes antigos e sofisticados, teto alto e lustres de cristais. Mas não era isso que chamava atenção no ambiente. Era o fato dele estar completamente vazio; com exceção, das muitas prateleiras de vidro encostadas em todas as paredes, que iam do chão ao teto, a onde existia centenas de... máscaras.

O homem não pode deixar de se perguntar mentalmente, que tipo de local era aquele. 

-- Isso é um templo, e creio que o Senhor não iria querer saber o porquê. - o vulto de capa respondeu como se tivesse lido sua mente. 

O Homem na porta ainda estava estarrecido, e no mesmo instante, chegou a conclusão que não era o 'porquê' que ele queria saber, e sim 'pra quê'.

-- Vo-vo-cê v-ai m-me m-m-ma-t-t-a-r? - gaguejou o homem.

-- O Senhor quer que eu te mate? 

'Mas que tipo de perguna é essa?' pensou o homem. 

-- N-n-ão

-- Então responda-me: o que faz aqui? Já que não é a morte que o Senhor procura. - perguntou a figura esguia, ainda sem encara-lo.

O homem não conseguia falar. Olhava apavorado para tudo à sua volta, sem conseguir sequer se mover.

-- Ah sim, o Senhor veio se refugiar em nosso covil - respondeu a figura de capa preta, sem esperar por uma resposta.

O homem olhou abismado para ele novamente, sem saber o que fazer, e engoliu em seco, sentindo-se como se estivesse em uma história de terror, como as que costumava ouvir quando mais jovem. Mas havia uma diferença, ele não estava escutando-a, ele estava vivendo-a.

Porque ali era ele. 

Prestes a morrer, na sua própria e particular história de terror.

-- Então o Senhor acredita em histórias de terror Chefe Swan? - perguntou a figura esguia, como se tivesse lendo cada pensamento do homem.

O homem tentou ignorar como o vulto de capa sabia como se referir a ele.

Chefe Swan já prevendo sua morte, decidiu que não iria morrer como um covarde. Ele iria levar seu orgulho consigo, até o fim. Como um homem deveria fazer.

-- Não - disse tentando esconder o medo que sentia. 

O homem de capa se virou, calmamente, ao mesmo tempo que um enorme trovão estrondeava no alto, e um raio iluminava a imensidão escura que era o céu, criando uma fraca luz no rosto da figura de capa. 

Tinha os cabelos marrons avermelhados, e grande parte de sua face pálida como gesso estava tampada por uma máscara preta e branca com varias queimaduras ao seu redor, e por trás da máscara seus olhos eram vermelhos como sangue.
Mas o que apavorou o homem, não foi a máscara queimada, ou os olhos de sangue explodindo de raiva e sarcasmo. Foram os enormes e afiados caninos que saiam de sua boca.

-- Pois devia, porque o Senhor esta prestes a viver em uma!

A Bella e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora