Capítulo 11 - Tudo Sempre Tem Dois

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Capítulo 11 - Tudo Sempre Tem Dois

"Todos nós vivemos do passado, e pelo passado morremos." 
(Goethe)

(Narrado por Edward Cullen)

Fechei meus olhos, revivendo as varias cenas que lutei para enterrar. Ao mesmo tempo que lutava para mantê-las bem claras. Bem vividas. Para que sempre me lembrem de quem eu sou. 

Um monstro. 

-- Eu morri em 1849. - comecei de olhos fechados, revivendo em minha mente cada detalhe daquele passado. 

-- Eu sei. - ela murmurou com a voz abafada. - Carlisle disse que todos vocês morreram em 1849. 

-- Sim. Todos. - confirmei. - Inclusive aqueles que não estão entre nós.

Ouvi ela ofegar.

-- De quem está falando? 

Abri meus olhos, e continuei de costas para ela. Não queria encara-la.

-- Olhe ao seu redor, Bella. O que vê? 

A respiração de Isabella estava desregulada, e seu coração acelerava como se estivesse com medo.

-- Máscaras. - respondeu, depois de um tempo. - Muitas máscaras. Centenas. Diria mais de duzentas. 

-- Sim. 313 para ser exato. Exatamente 314 máscaras. - corrigi. - O que você vê nessas máscaras, Bella? O que elas tem em comum umas com as outras?

Ouvi seu pescoço virando em todas as direções, enquanto seus pés seguiam para a prateleira ao seu lado esquerdo.

-- Oh Meu Deus. - ouvi seu murmúrio de espanto. - Estão... estão... todas... queimadas.

-- Sim. - concordei. - Todas queimadas.

-- Por que? - ela perguntou em um chiado baixo. Como se estivesse com medo de perguntar. - Por que estão todas queimadas? 

Olhei mais uma vez para a árvore distante, revendo aqueles momentos em minha mente.

-- Porque foi assim que seus antigos usuários morreram. - respondi. Mas isso não era completamente verdade. 

-- Queimados?

Não tinha porque esconder.

-- Na teoria sim. Na pratica apenas seus corpos queimaram. A grande maioria já estava morta.

Ouvir seu ofegar. Ela parecia estar juntando as peças.

-- E o que os matou? 

-- Nós!

Continuei olhando para fora, enquanto seu silêncio me incomodava. Ela estava quieta, quase sem respirar. Como se estivesse congelada. 

-- Vocês? - perguntou por fim, com a voz engasgada. Parecia que estava forçando para sair algum som.

-- Sim. Eu e minha familia. 

Mais silêncio.

-- Vocês mataram todos

-- Todos. 

-- Por que? - sua voz era apenas um suspiro. 

-- Sede. Raiva. Dor. - respondi pausadamente. - Não saberia responder com precisão. Foi logo depois de sermos transformados.

-- Por que estavam todos de máscaras?

-- Era a festa de noivado de Rose e Emmet. Um baile a fantasia dado pelos pais de Jasper e Rose. - respondi.

A Bella e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora