Yanda soltou Shi de qualquer jeito no chão da cabana e caiu sobre os joelhos, dois passos depois.
A respiração dela queimava e seu coração batia com tanta força que ela podia escutar os ecos de sua pulsação em seus ouvidos.
Faziam décadas que ela não chegava a exaustão. Talvez a última vez tenha sido ainda na época em que era uma adolescente, quanto tinha que enfrentar as jornadas absurdas de treinamento junto com seus irmãos. A lembrança do corpo levado ao limite nunca esteve tão fresca na mente dela.
Depois de algum tempo caminhando, Shi desmaiou novamente. Não foi problema para ela carregá-lo no começo, mas logo o peso dele se tornou um fardo pesado demais. Seus ombros se curvavam e sua visão começou a ficar embaçada. De repente seus passos não era mais firmes, e sim cambaleantes, e ela se enroscou em raízes e caiu algumas vezes.
As vezes ela sentia que ia desmaiar. Nessas horas ela derrubava Shi no chão e o susto a deixava alerta novamente. Ergue-lo novamente sobre os ombros parecia cada vez mais difícil.
Quando finalmente Yanda achou que não aguentaria mais a cabana surgiu a frente deles. Ela podia ver que metade dela não tinha teto, e que estava abandonada e quase tomada pela vegetação. A temperatura havia caído muito quando o sol se pôs, e a umidade do local a estava deixando doente de verdade. Foi quando ela decidiu que eles passariam a noite ali.
Na verdade, não havia outra alternativa.
Depois de soltar Shi sem nenhuma delicadeza no chão a única coisa que ela se preocupou em fazer foi verificar se ele estava respirando. Depois disso, Yanda apagou.
Segundos depois, seus olhos abriram novamente.
Porém o que ela viu não foi a noite estrelada que estava esperando, e sim um sol alto e quente brilhando com força sobre ela. Ela piscou, confusa, levantando-se sobre o corpo dolorido e sentando para olhar os arredores. Shi não estava mais ao seu lado, mas ela dormia sobre a capa dele. Havia alguns móveis velhos na cabana, e uma tigela com água do seu lado.
Yanda bebeu a água rapidamente, sentindo cada gota queimar por sua garganta. Ela nem mesmo tinha percebido que estava com tanta sede antes de olhar para o líquido. Algumas gotas escorreram por sua garganta enquanto suas mãos tremiam um pouco.
Ela se sentia doente.
Seu corpo sem magia tinha se tornado frágil. Uma breve verificação fez com que ela notasse que a chama continuava a não responder seu chamado. Os ferimentos que ela tinha pelo corpo, que geralmente demorariam somente algumas horas para curarem, ainda estavam do mesmo jeito de quanto ela desabou na noite anterior.
Yanda estava fraca como uma humana.
Uma ideia passou rapidamente por sua cabeça, fazendo seu coração disparar. E se ela tivesse se tornado humana com algum tipo de magia estranha? Yanda levou rapidamente seu polegar a boca, mordendo com força até tirar sangue.
Provou o gosto do líquido vermelho. Não era sangue humano.
Ela sabia a diferença.
Suspirando de alívio ela deitou novamente, prestando atenção em seus ouvidos. Não conseguiu escutar Shi nos arredores, mas percebeu que sua audição continuava tão boa quanto antes.
Podia estar sem mágica, mas ainda era um ser com poderes imortais.
Yanda levantou-se com dificuldade, olhando com desgosto para suas roupas. As botas brancas eram tudo, menos brancas, e suas calças haviam rasgado. A parte de cima do vestido ela arrancou fora, ficando somente com a regata preta que tinha por baixo já que o tecido delicado e bordado se transformou em frangalhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ice Fantasy - recall
FanfictionFanfic do drama Ice Fantasy! Yanda foi assassinada pelo próprio pai e morreu nos braços do homem que amava, porém recebe uma segunda chance para voltar no tempo e mudar seu destino e o de todos a sua volta. A Princesa do Fogo recebe uma missão e, em...