Capítulo 1: Epílogo

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Needless to say, I keep her in check.
She was all bad-bad, nevertheless.
Calling it quits now, baby, I'm a wreck.
Crash at my place, baby, you're a wreck.
Needless to say, I keep her in check.

— Aff, preciso trocar a música desse despertador depois, já não aguento mais essa batida repetitiva — murmuro, esfregando os olhos sonolentos. — Hm... pelo visto hoje começam as aulas e, para variar, vai ser outro ano insuportável. E, para piorar, meus pais me mudaram de escola. — Falo cansado, ainda tentando me recuperar do horário.

Bom, eu sou Thales. Um garoto alto, com 1,80m e 15 anos. Sou magro, na verdade, abaixo do peso por conta da má alimentação. Minha pele é branca e pálida, resultado da minha aversão ao sol e do tempo que passo em casa. Não tenho muitos amigos, mas às vezes vou ao parque para pensar e me afastar da rotina. Tenho olhos castanho-claros e um cabelo preto liso que chega até os ombros.

Meus pais são Gisele Amorim Gonzalez e Arthur Gonzalez Amorim. Ela, com seus cabelos negros e lisos, é um pouco mais baixa, com 1,60m. Já meu pai, com cabelos cacheados e uma pele bronzeada, mede cerca de 1,85m. Ambos têm 40 anos e são donos de uma agência de modelos. Acredito que puxei muitas características deles, mas ainda assim, sinto que sou um estranho na própria família.

Após fazer minha higiene matinal, coloco o uniforme e desço para tomar café. O cheiro do pão fresco me recebe, mas não é o suficiente para animar meu espírito.

— Bom dia, pessoal! — digo, tentando soar mais alegre do que realmente estou. Meus pais estão em suas cadeiras de costume, meu pai na ponta da mesa, como sempre, e minha mãe ao seu lado.

— Bom dia, filho! — respondem em uníssono, lançando-me um olhar alegre que faz meu coração pesar um pouco mais.

— E aí, filho? Está animado para o primeiro dia na escola nova? — pergunta meu pai, tentando puxar assunto. Sério, quem fica animado para o primeiro dia em uma escola nova?

— Nossa, pai, estou super animado. Olha a minha cara de animação! — digo, forçando um sorriso enquanto pego um pedaço de pão.

— Thales, não precisa ser tão dramático. É só uma escola nova. — Minha mãe tenta me animar, mas parece não entender a gravidade da situação. — Vai que você faz amigos lá.

— Nossa, mãe, porque eu sou um grande socializador, né? Já não sei nem onde colocar tantos amigos! — retruco sarcasticamente. — A única pessoa com quem converso é a Lena.

— Olha, filho, quem sabe esse ano você faça alguma amizade. — Meu pai tenta ser otimista. — Escola nova, gente nova, estou confiante de que você vai conseguir.

— Pode ser, mas não prometo nada. — digo, terminando meu suco de laranja, já me sentindo mais impaciente. — Bom, já vou indo, não quero chegar atrasado na nova prisão... quer dizer, escola. — Coloco meu casaco e sigo para a porta.

— Tchau, Thays! — eles gritam em uníssono, usando meu apelido que não me lembro como surgiu.

O caminho até a escola é tranquilo. Ela fica perto de casa, e mesmo que meus pais insistam para me deixar ou contratar um motorista, prefiro ir a pé. Esses momentos de paz são raros e valiosos para mim.

De repente, ao virar a esquina, esbarro em um garoto que parecia apressado.

— Aiii! — grito, caindo para trás.

— Desculpa, foi mal mesmo! — diz ele, de cabelos cor de mel e olhos castanhos, estendendo a mão para me ajudar a levantar. Ele é alto, da minha altura.

— Não foi nada, não precisa se preocupar. — digo, ajeitando minha roupa e tirando a poeira da queda.

Reparei que ele está usando a mesma farda que eu. Com um impulso de coragem, decido perguntar se ele estuda no mesmo colégio.

— Você também estuda no Colégio Progresso, não é? — pergunto, meio sem jeito. Ser "sociável" como meus pais sempre sugerem que eu seja é algo que além de novo, pela minha falta absoluta de vontade, é estranho para mim, mas tentar uma vez não mata ninguém.

— Sim! — responde o garoto, olhando para mim com um sorriso. — E você?

— Também. — Respondo, um pouco aliviado. — É seu primeiro ano?

— Isso mesmo! — ele confirma. — Se não for um problema, podemos ir juntos. Afinal, somos da mesma série, se não for incômodo, claro.

— Não, não é incômodo algum. Prazer, meu nome é Nícolas. E o seu? — ele pergunta, curioso.

— Thales, prazer em conhecê-lo, Nícolas. — digo, apertando sua mão, ainda surpreso pela facilidade da conversa.

— O prazer é todo meu, Thales. — Ele sorri e então diz: — Vamos, se não chegaremos atrasados.

— Ei, Thales, posso te fazer uma pergunta meio inconveniente? — ele diz, olhando para mim.

— O que? — pergunto, intrigado.

— Por que você está usando uma blusa de mangas longas em pleno verão? — ele observa.

— Ah, é que... — faço uma pausa, pensando se devo contar. — Sei lá, me sinto mais confortável assim. — Decido omitir a verdade.

— Ah, ok. Isso explica um pouco seu tom de pele. — Nícolas faz uma piada, e isso me faz sorrir.

— Ei, parece que chegamos! — diz ele, apontando para a escola. Há alunos chegando e carros caros deixando alguns deles. Mais uma vez, meus pais me colocaram em uma escola cheia de "tubarões".

— Bem, vamos lá, né? Só nos resta entrar agora. — digo, com um misto de ansiedade e desânimo.

Ao entrar na escola, sigo Nícolas até um painel onde estão os nomes dos alunos e suas salas. Depois de um tempo procurando, finalmente encontro meu nome.

— Olha, parece que estamos na mesma sala! — diz Nícolas, visivelmente feliz ao ver seu nome ao lado do meu.

— É, pois é... — respondo, meio seco.

— Eu sei que te conheço há pouco tempo, mas posso fazer outra pergunta? — ele diz, parecendo genuinamente interessado.

— Pode, eu acho. — assinto com a cabeça.

— Por que você parece tão... seco? Você responde tudo sem emoção, parece que não está interessado em nada. — Nícolas observa, e fico surpreso com a sinceridade dele.

— É só o jeito que eu costumo agir. — respondo, tentando disfarçar minha incomodação.

— Hmm, acho que devemos mudar isso em você. — ele sugere, com um sorriso, como se estivesse fazendo piada.

— Onde é que tá? — pergunto, levantando uma sobrancelha.

— O que? — ele pergunta, confuso.

— A intimidade que eu não te dei. — digo, tentando manter uma expressão séria.

Nícolas fica vermelho, sem jeito, e eu percebo que fui um pouco duro com ele.

— É... que... sei lá, pensei que, como somos novos aqui, poderíamos ser amigos. — ele tenta se justificar, a face completamente avermelhada.

Talvez meus pais estivessem certos sobre eu conseguir amigos este ano...

— Calma, só estou brincando. Você mesmo disse que sou indiferente, então, é só uma piada. Também sou novo aqui e seria ótimo ter um amigo como você. — dou uma leve risada, tentando deixá-lo mais confortável.

— Ah, tá! — diz Nícolas, aliviado, e dá uma risada nervosa.

— Vamos logo para a sala, ao menos quero sentar ao lado do que parece ser meu único amigo na vida. — digo, e ele me lança um olhar alegre, um pouco tímido.

E assim, caminhamos juntos para a sala de aula, um novo começo à vista, e talvez, só talvez, um pouco de amizade no horizonte.

Por favor não váOnde histórias criam vida. Descubra agora