Capítulo 25 | Bónus II

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"Hoje já queres falar? Não disseste para te deixar em paz? Que agora sou o pior que se pode meter no teu caminho?"

Qual é a dela? Mudou de ideias? Eu não tenho paciência para aturar alguém com problemas de bipolaridade.

"Apenas quero esclarecer tudo, mais nada. Não quero confusões."

"Acho que devias de seguir o teu próprio conselho e deixar-me em paz."

Respondo sem pensar duas vezes, até porque sei que a razão está do meu lado. Volto a atenção ao jogo com o meu irmão.

"Estás no teu direito de me dizer isso, mas preciso mesmo de resolver tudo contigo para puder seguir em frente."

"Ainda ontem não querias nada comigo e hoje declaras-te a mim?"

Sorrio com a resposta que lhe dou. Não sei ser diferente e não responder o que quero realmente responder, será assim tão mau?

— Então bro? Arranjas-te uma miúda e não me contas nada?
— Não é nada disso.
— Então que sorriso é esse para o telemóvel e porque estás tão agarrado a ele?
— Estou a tratar de um assunto.
— Olha, acho que já recebeste duas mensagens. Gostava que a Zara também falasse assim comigo, mas nem me respondeu à mensagem de boa noite.
— Pois.

"Sonha. Só quero entender o que se passou até agora."
"Podemos falar por chamada? Talvez seja mais fácil e mais rápido."

"Estou a jogar com o Afonso, tens a certeza que me queres ligar? Já agora, ele diz que não lhe respondeste à sua mensagem de boa noite."

O que é que ela quer afinal? Arranjar-me problemas com o meu irmão? Ainda ontem estava tão preocupada com ele e hoje, depois de ver o meu tronquinho nu, é que já não quer saber? Parece-me um pouco suspeito.

"Disseste-lhe que estás a falar comigo?"

Ouço o telemóvel do meu irmão tocar e ele fica a sorrir com a sua mensagem, como se ela lhe tivesse dito que o ama. Também podia ter esperado um pouco antes de lhe responder, deu uma beca de cana.

"Não, mas ele adora falar sobre ti. Tudo ao pormenor."

Não minto, quem me dera que não me contasse este tipo de coisas que não me interessam nem mudam a minha vida. Eu quero que ele seja feliz, mas não precisa de me esfregar na cara que está a investir numa relação e ainda por cima, sabendo eu que não tem futuro.

"O que é que queres dizer com isso?"

"Ele diz que está ansioso por te voltar a beijar. Tens a certeza que queres continuar com isto? Já agora, ficou radiante com a tua resposta."

Volto a minha atenção para o jogo de novo, mas o telemóvel distrai-me e sofro um golo, fazendo com que perca o primeiro jogo.

"Continuar com o quê?"

"O que é que queres mesmo saber? Ou disseste isso apenas como desculpa para puderes falar comigo?"

Começo a ficar farto desta conversa, ainda por cima estou irritado por estar a perder o jogo, não que não queira pagar a pizza, mas porque odeio perder.

"O que é que mudou? Porque é que estás a falar assim comigo?"

"Tinhas razão quando disseste que devia de me preocupar mais com o meu irmão e de lhe dar o devido valor. Deixar de falar contigo é o melhor que tenho a fazer."

Não entendo o que é que ela quer com isto. Eu não quero nada com ela, se é que é isso que ela pretende.

"Como queiras, mas depois não digas que te arrependes, porque aí já não vou querer saber de nada."

"Não te preocupes que eu também não."

Respondo e foco-me de novo na aposta com o meu irmão, mas não consigo estar atento quando a minha cabeça se encontra a vaguear pela lua, por ela não me responder de volta.
Volto para Itália, tentando distrair-me a jogar, mas tenho o meu irmão a fazer-me a cabeça, contando tudo o que se passa com a sua querida Zara. Ok, eu gosto de apoiá-lo em tudo, mas isto parece que faz de propósito para me picar. Ele podia falar com o Zé, por exemplo, ainda por cima sabe que ando ocupado.
Chego a casa e sou recebido de braços abertos pela minha família. Estou tão cansado que vou para o quarto, adormeço e acordo quase um dia depois.

— O que é que fazes aqui? Se vens ver do Afonso ele não está.
— Olá também para ti, André.
— Só podes estar a gozar comigo. - reviro os olhos.
— Desculpa?

Dou-lhe espaço para entrar em casa depois de uma troca de palavras, e os meus olhos fixam-se no seu rabo, mesmo à minha frente.
Ela insiste que eu entregue o envelope ao meu irmão e acabo por ceder, depois de ela me contar tudo o que se passou, apesar de eu saber.
O meu olhar fixa-se no seu de novo, acabo por percorrer o seu corpo, e recordo a vista que tive a pouco tempo atrás.

— Não devias de usar essas calças.
— Porquê?
— Ficam-te demasiado bem.
— Porque é que dizes isso?

Aproximo-me dela, pouso uma mão na sua cintura e sussurro ao seu ouvido.

— Porque me deixam com vontade de te apalpar o rabo.

Ouço-a rir com o meu comentário, e fico a observá-la tentando descobrir o porquê de se ter rido. Sorrio por a ter deixado sem palavras.

— Então? Não respondes? Nem me chamas nenhum nome como o habitual? Pensei que me ias chamar perverso, porco, otário, qualquer coisa.
— E és, tudo isso e muito mais.
— Então vais-me dizer porque é que estavas a morder o lábio? Ou achavas que eu não conseguia ver?
— Tenho uma pele solta que me está a irritar, estava a tentar puxa-la.
— Deixa ver que eu tiro.

Beijo-a e agarro o seu rabo como tanto queria, puxando-a mais para mim. Não quero parar, mas a falta de oxigénio faz-nos parar e ficamos a olhar um para o outro.

— Já tinhas saudades dos meus lábios, admite.
— Não. Essencialmente sabendo que não fui a última a beijar-te.

Não sabia o que responder, até porque ela tem razão, mas ela sabe de uma, e nada mais.

— Não te esqueças de entregar isso ao Afonso.
— Não te preocupes.

Respondo e vejo-a querer sair, mas o meu irmão aparece. Saio da sala e volto para o meu quarto.
Depois de jantar, vejo o meu irmão ir para o seu quarto e vou atrás dele.

— Podemos falar?
— Sobre o quê?
— Sobre a Zara.

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora