Capítulo 33

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O Afonso afasta-se de mim e segue em direcção ao mesa, deixando-me a sós com o André.

- Olá Zara. Parabéns, o Afonso disse que conseguiste o escritório porque tanto lutaste.
- Olá André, obrigada.

Ele aproxima-se de mim tão rapidamente que a única coisa que consigo é afastar-me sem conseguir entender qual era a sua intenção.

- Estás com medo de mim? Só te queria cumprimentar, com dois beijos na cara, como todas as pessoas fazem.
- É mesmo isso que tu queres?
- Não, mas é o que tem que ser. Se preferes não recebes beijo nenhum.
- Sinceramente, prefiro.
- Tudo bem. Só acho que devíamos de fazer um esforço para nos darmos bem. Se vais namorar com o meu irmão, isso quer dizer que ainda te vais tornar minha cunhada, ou seja, vais ter que me aturar quer queiras quer não.
- Então, já mudaste de ideias?
- A que é que te referes?
- Não foste tu que disseste à Dya que ela ainda ia voltar a ser tua cunhada?
- Sim, fui eu. Só que o meu irmão, agora, está com uma panca por ti que não se aguenta.
- Porque é que não se aguenta?
- Está sempre a falar de ti, parece que não há mais assuntos para falar.
- E porque é que não lhe dizes isso?
- Não o quero magoar. É o meu irmão.
- Mas quando te atiraste a mim não pensaste nisso. É que mulheres e amigas ele pode arranjar outras, caso fique chateado comigo quando descobrir. Agora, irmão não arranja.
- Já te pedi para esqueceres isso. Qual é a tua? Queres mesmo que ele saiba? Porque é que não lhe contas?
- Se calhar há um motivo para não esquecer! És mesmo otário!

Vou ter com eles à mesa. Pelo caminho, o André ainda me agarra no braço para me parar, mas eu solto-me do seu aperto e continuo a andar.
Chego à mesa e noto a Dya a olhar para mim com cara de caso, não entendendo o motivo. Sento-me num dos dois lugares vazios, escolhendo ficar ao lado do Dya e não ao lado do Afonso, mas infelizmente fico em frente ao André.

- Então, foi desta que ficaram amigos? - pergunta o Afonso.
- Não. Acho que deves de deixar de ter esperanças nisso, porque isso nunca vai acontecer.

Respondo talvez um pouco dura de mais, mas alguém me deixou de mau humor.
O empregado chega para apontar os nossos pedidos. Quem ainda não tinha escolhido acabou por escolher enquanto os outros diziam o que queriam.

- O que é que se passou?

Dya pergunta num tom muito baixo, para que ninguém entenda o que é que estamos a falar e agradeço-lhe mentalmente por isso.

- O André só me sabe tirar do sério.
- O que é que ele fez desta vez? Vocês pareciam estar a falar bem.
- Quer que eu esqueça o que se passou entre nós, fala como se fosse tudo muito fácil, como se para ele não tivesse nenhum significado e isso magoa.
- Eu acho que tu tens que ser honesta com ele. Abre o jogo e diz-lhe que gostas dele.
- Não quero dar parte fraca, todas as vezes que o fiz sempre deu errado. Eu nem quero ter nada com ele, não quero magoar o Afonso.
- Zara, por amor de deus, pára de pôr sempre o Afonso à frente de tudo e todos. Com isso mais parece que gostas realmente dele. Ele vai sofrer quer tu queiras quer não, não vais ser tu a impedir. Ele vai descobrir o que se passa e aí quem vai sofrer és tu porque não lhe contaste quando devias. Tu tens que pensar na tua felicidade e não na dele. Eu sei que ele pode ser importante para ti, mas tens que te valorizar mais e fazer as coisas por ti.
- Achas que com isso parece que gosto dele? Se calhar até gosto.
- Zara, estás a focar no ponto errado de tudo o que te disse.
- Não, tens razão. Talvez seja por aí que tenho que começar.

Observo o meu prato que se encontra vazio e ouço a loira suspirar ao meu lado.
Se há um pedaço de mim que se preocupa mais com o Afonso do que comigo própria, eu tenho que o aproveitar. Talvez eu goste dele e não do André, posso estar baralhada e o que sinto pelo André não passa de atração.
Enquanto falava com os meus botões sinto algo roçar na minha perna, a subir em direção à minha cadeira. Olho em frente e noto que o André está a olhar para mim. Qual é a dele? Empurro a cadeira para trás, para lhe dar a entender que quero que pare.

- Quando é que vamos acabar a nossa conversa? - o moreno pergunta, chegando-se um pouco mais à frente na mesa.
- Nunca.

Não devia de ter feito este jantar. Estava tão feliz por ter conseguido o escritório para mim e nem me lembrei de dizer ao Afonso para não trazer o André. Porque é que não veio o Zé? E ele não estava em Itália? Quando é que ele chegou?

- O que é que se passou desta vez para estarem assim?
- Pergunta ao idiota do teu irmão.
- O que é que se passou André? O que é que fizeste para a deixares assim?
- Porque é que a culpa tem que ser sempre minha?
- Talvez porque tu é que costumas fazer asneira.
- Achas mesmo que ela é uma santa e que não faz mal a uma mosca? Devias de pensar muito bem se queres mesmo continuar a lutar por ela, porque eu acho que ela não vale o esforço e ainda por cima nem sequer gosta de ti. Muito provavelmente está contigo por interesse. Já estou farto disto, já não aguento mais esta palhaçada!

Os meus olhos arregalam-se assim que ouço o André proferir tais palavras. Não esperava esta reação por parte dele.
Vejo-o levantar-se e sair da mesa para sair do restaurante. Respiro fundo e vou atrás dele, sem pensar duas vezes.

- André!
- O que é que queres?
- O que é que te deu?
- Eu estou farto dos teus joguinhos de merda.
- Mas que joguinhos? Eu não ando aqui a brincar com ninguém ao contrário de ti.
- Estás a gozar, certo? Andas a brincar com os sentimentos do meu irmão desde que soubeste que ele gostava de ti.
- Isso não é verdade. Eu não quero afastar-me dele por ele gostar de mim. Para além de que estou a tentar gostar dele.
- Porque é que continuas a tentar? Se ainda não te apaixonaste por ele, não vais conseguir à força. Há quem goste realmente dele e não pode avançar porque tu estás no caminho.
- Quem?

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora