Capítulo 30 | Bónus III

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— O que é que se passa?
— Não sei o que fazer. Eu gosto mesmo dela, sei que ela não gosta de mim da mesma maneira, mas sei que se esforça e quer gostar de mim.
— Isso não está nada certo. Ela não devia de se forçar a gostar de ti só por tu gostares dela.
— Mas ela quer gostar de mim.
— Mas não gosta. Afonso, pára com isso. Deixa-a seguir a sua vida. Tu tens quem goste de ti, tu é que és estúpido e não queres saber.
— Quem?
— Tu sabes muito bem quem. Tenho a certeza que ela ainda gosta de ti e ela não fez nada de mal. Tu é que decidiste que devias de te deixar levar pelo que os outros diziam e nem a deixaste explicar o que se passou.
— Não quero falar sobre a Andreia.
— Quero eu. Porque é que não lhe dás uma oportunidade? Nota-se bem que ela gosta de ti. Se queres que alguém se sacrifique por ti, porque é que não te sacrificas tu pela Andreia?
— Eu não gosto dela.
— Tal como a Zara não gosta de ti. Só que eu não acredito que tenhas esquecido totalmente a Andreia. Vocês ainda nem falaram depois do que se passou.
— Nem quero falar com ela. Por mim, nem a tinha voltado a ver.
— Sentes-te obrigado a falar com alguém por teres um amigo em comum, não é? Como eu e a Zara.
— Ainda bem que me lembraste disso. Porque é que vocês se dão tão mal? Nunca entendi.
— Eu não vou com a cara dela e ela igual. Estamos sempre a discutir. Se eu a tentar elogiar, ela vai arranjar forma de tornar o elogio num insulto por exemplo.
— Não vos entendo.
— Eu também não, nem te entendo a ti.
— Tamos juntos.

O meu irmão sai do quarto e eu pego no telemóvel, marcando o número da Andreia, que ainda demora a atender.

— Boas! Não estava nada à espera que me ligasses, então conta lá aqui à mana o que é que se passa.
— Hey... Só te queria pedir a morada da Zara.
— Já te mando por mensagem. Mas porquê?
— Eu quero ir vê-la, quero poder olhar para ela, quero poder beijá-la...
— Ok, não estava à espera que admitisses que gostas dela.
— Eu não disse isso, só quero estar com ela. Deve ser o que chamam de atração física.
— Ou o que chamam de amor.
— Nem penses. Isso até dá comichão. Sabes bem que não estou pronto para uma relação agora.
— Sim, eu sei, queres focar-te na tua carreira, mas o amor vence tudo.
— Já estás a começar com as lamechices do costume. E se o amor vence tudo, porque é que o Afonso anda atrás da Zara e vocês não estão juntos.
— Sabes bem que a culpa é dele.
— Sim, eu sei. Eu bem tento ajudar-te e fazer com que ele caia na realidade, mas não vale a pena.
— Deixa-o andar. Pode ser que abra o olho quando descobri que a Zara não goste dele mas sim de... - ouço-a tossir - de outra pessoa.
— De quem?
— Para que é que te interessa? Tu não gostas dela e não, por isso. Vá já te mando a morada por mensagem. Até loooogo!

Não tenho tempo de responder porque ela desliga logo a chamada. Pouco depois recebo a sua mensagem com a morada dela e arranjo-me para ir ter com ela.
Odeio-a por me fazer querer estar com ela. Odeio-a por me fazer querer beijá-la. Pior que isso, odeio pelo que ela me faz sentir quando os nossos lábios estão colados um ao outro. É como se não existisse mais nada, como se fosse só eu e ela. O meu corpo deseja-a, a minha mente deseja-a e eu sei que ela me deseja, sei que isso é mútuo. Os nossos beijos são seriam tão fogosos se não fosse mútuo.
O seu toque desperta algo que nunca soube o que era, que só senti com ela. Ao seu lado, o tempo passa a voar e só desejava poder aproveitar melhor. Espero mesmo não me estar a apaixonar, não posso.
Abro o meu Instagram e procuro pela Zara, quero ver as suas fotos já que não posso vê-la. Sigo-a e ainda dou like em algumas fotos. Preciso de a ver, preciso de lhe tocar, preciso de a beijar.

Volto para Itália para me concentrar nos jogos e esquecer a morena de vez. Isto não pode continuar assim. Quero muito estar com ela, mas não dá, é impossível. O meu irmão não desiste, mesmo sabendo que ela não gosta dele e ela também não tem coragem de lhe dar para trás.
Os treinos continuam a correr mal, não há maneira de esquecer o que se passa em Portugal. Preciso de deixar esses assuntos fora do futebol e em casa, não os posso trazer para aqui.

— Estás a gozar comigo?? Porque raio é que me andas aos pontapés às pernas?? Isto é só um treino! - digo irritado.
— Desculpa, não é propositadamente, acho que não estou com pontaria hoje, e isso também me estás a deixar stressado.
— Estás com pontaria sim, nas minhas pernas! Voltas a fazê-lo e levas no focinho ouviste??
— André, o que é que se passa contigo? Vai já para o banco, o teu treino acabou. - o treinador cospe assim que chega ao pé de nós.
— Sendo assim vou mas é para casa que não fico aqui a fazer nada.

Saio do campo e entro no balneário, pego nas minhas coisas e saio do estádio. Vejo algumas pessoas à volta do meu carro, o que me deixa ainda mais irritado.
Ignoro os comentários deles e os pedidos para o que for. Consigo entrar no carro um pouco a custo.
Chego a casa e tomo um duche quente, para me ajudar a relaxar. Não sei o que se passa comigo ultimamente, mas ando sempre assim. Ando violento e tenho noção disso, mas não consigo não o fazer.
Deito-me na cama e agarro o telemóvel, para ver o que tenho nas redes sociais. O meu irmão publicou uma nova foto, com ela. Parece que estão juntos de novo. Vou ver as minhas notificações, fico a olhar para uma que me deixa confuso e pensativo.

sararodriguesss começou a seguir-te.

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora