Capítulo 16

630 50 6
                                    

— Que é que fazes aqui?
— Olha outro. O que é que achas que estou aqui a fazer? Não me respondes às mensagens, nem às chamadas... Nós precisamos de falar. Não quero que estejas chateado comigo.
— Não me apetece falar, ok? Eu preciso de um tempo para pensar no que fazer. Não estou chateado contigo, só quero estar sozinho.
— Tudo bem, mas podias ter dito logo isso em vez de me evitares.
— Tens razão. - ele passa a sua mão pelo meu rosto - Eu irei ligar-te, só não sei quando.
— Está bem. Promete-me apenas que não vais demorar muito.
— Não te preocupes.

Deposito um beijo no seu rosto e saio daquela casa, voltando para junto da minha mãe, que me encheu logo de perguntas assim que cheguei a casa.

— Agora compreendo o porquê de teres demorado quase uma hora a voltar para casa.
— Desculpa mãe, mas era suposto ser rápido.
— Eu sei querida, mas vamos lanchar na mesma. Anda.
— Devias de ter lanchado sem mim, mãe.
— Claro que não, aliás, nem tinha fome e agora sim, já tenho.
— Está bem, vamos comer então que eu também estou cheia de fome.

Continuámos a conversa sobre o André, o Afonso e acabamos por falar também da Dya, pois a minha mãe gostava muito dela.

— Já pensaste em falar com ela? Pelo que me disseste, penso que ela pode ainda gostar do Afonso.
— Será por isso que ela ficou tão chateada?
— Eu não sei, mas o Afonso gosta de mim e não dela.
— Como tu gostas do André e não dele.
— Só falta o André gostar dela e não de mim.
— Não penses nisso. Acho que devias de te afastar dessa família, eles podem virar-se contra ti e depois como é? Eu não quero que andes triste.
— Eu não ando triste, mãe.
— Espero que continues assim.
— Sim, vou continuar. Sabes como sou, não me deixo ir a baixo com coisas destas. Posso pensar bem no assunto, mas não fico na depressiva.
— Nem sempre é assim, quando acumulas deixaste ir a baixo, e não quero isso. Quero que resolvas os teus problemas, para não teres que pensar neles.
— Tens razão. Obrigada mãe.

Recebo um abraço por parte dela, que me enche o coração. Estes mimos dão cabo de mim.
Vamos para a sala ver um pouco de televisão e depois começamos a preparar o jantar. A minha mãe decide fazer um rolo de carne com queijo e fiambre no forno, tal como as batatas e um pouco de arroz branco. Ajudo-a a preparar tudo. Preparamos a mesa, e ficamos à espera do meu pai, só que ele nunca mais aparece. São dez da noite e o meu estômago começa a roncar.

— Mãe, vamos comer.
— Espera um pouco, ele deve de estar a chegar.
— Já é talvez a décima vez que te ouço dizer isso. Sabes que horas são? Ele não vai chegar. E quando chegar, vai jantar sozinho, porque nós não vamos ficar à espera que ele decida vir para casa.
— Zara, não sejas assim.
— Estou a ser realista mãe. Eu já não vejo aquele homem à meses e ele não faz o mínimo esforço de me ver. Estou farta disto!
— Oh filha...
— Podemos ir comer? Por favor?
— Sim, vamos.

Não me consegui conter, deixando cair ainda algumas lágrimas pelo rosto. O que disse não é mentira nenhuma, é o que eu sinto neste momento, só um milagre poderá mudar isto. Entender? Ter paciência? Tenho até demais, entendo até demais, mas acabou. A partir de agora, se ele quiser aparecer a horas muito bem, se não quiser, também não vou ficar horas à espera que ele resolva aparecer. Achava que estávamos no topo da lista das suas prioridades, mas enganei-me. Ele só quer saber do trabalho e mais nada.
Terminamos de comer e ainda ajudo a minha mãe a arrumar a cozinha. Quando pego nas minhas coisas para sair, ele entra em casa como se nada tivesse acontecido.

— Então filha. Como é que estás?

Vejo-o dirijir-se a mim, numa tentativa de me cumprimentar e de me abraçar, mas não quero, agora é tarde.

— Estava melhor se te dedicasses à nossa família, mas parece que já não fazes parte dela.
— Zara!

Saio daquela casa tencionando não voltar, prefiro que a minha mãe me visite em minha casa onde estou à vontade para pôr na rua seja quem for. Aliás, acredito que ele nem saiba onde moro, visto que nunca me soube visitar. Nem com as mudanças ele me ajudou, tive que pedir ajuda a amigos e vizinhos.
Abro a torneira para o lado da água quente e passo o chuveiro pelo corpo, acabando por molhar o cabelo. Coloco o chuveiro no encaixe, ficando assim por um longo minuto. Acabo de tomar banho, visto o roupão e enrolo uma toalha ao cabelo.
Sento-me na cama, por cima dos lençóis, agarrada ao telemóvel a pesquisar pelo André nas redes sociais. Percorro todo o seu Instagram, para ver todas as suas fotos que me deixam com saudades dos seus lábios. Podia ter ficado a beijá-lo, mas eu sabia bem que ele tinha estado com várias raparigas, para além daquela que comeu enquanto eu estava lá em casa, eu sei as coisas. Aliás, ainda bem que não o fiz, porque se não, o Afonso tinha visto aquela cena e eu não sei o que podia ter acontecido, nem quero saber. Decido segui-lo nas redes sociais visto que só seguia o Afonso, também não sei porquê, podia ter descoberto mais cedo que ele é jogador, mas pronto.
O barulho da minha campainha ecoa pelo apartamento e vou ver quem é. Está escuro na rua, por isso não consigo ver a pessoa na perfeição, mas sei que é um dos irmãos. O André não sabe onde vivo, mas acho muito cedo para o Afonso aparecer aqui, quando ainda hoje me disse que precisa de tempo para pensar. Abro ambas as portas e vou para o quarto vestir roupa interior, uma t-shirt e uns calções.
Ouço a porta fechar, sabendo assim que já entraram em casa, e dirijo-me à sala para saber quem é.

— O que é que fazes aqui?

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora