Capítulo 36

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Solto-me do aperto do Afonso que me olha confuso e volto para a mesa, onde apenas está a Catarina.

— O André?
— Ele saiu sem dizer nada e a Dya foi atrás dele. Não entendi o que se passou.
— E o Gabriel?
— Esse foi dançar com um rapaz que estava aqui a olhar para ele já há bastante tempo.
— Como assim? Ele foi dançar com um rapaz?
— Sim. Não sabias que ele é gay?
— Não, de todo. Bem, eu vou lá fora, já volto.
— Eu vou contigo. - diz Afonso.
— Não, eu quero estar sozinha.
— Mas está tudo bem?
— Sim.

Visto o casaco, pego na carteira e saio do bar. Avisto a Dya e o André longe da entrada do bar, por isso corro até eles.
Ao chegar, ambos olham para mim, mas o olhar do André é totalmente diferente do que tinha visto até agora. Ele olha para mim como se eu lhe fosse indiferente.

— André, eu...
— Chega Zara! Eu pensei que tinhas percebido o que eu te disse, mas pelos vistos preferes continuar com os teus joguinhos.
— Não é nada disso, eu não...
— Não quero saber de nada. Espero que sejas feliz.
— Não, André!

Ele entra dentro do carro e tento correr na sua direção para o impedir de ir embora, mas a Dya agarra-me e assim ele consegue ir. Desta vez não tento impedir as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. Não me interessa a maquilhagem, não me interessa nada.

— Porque raio é que me seguraste?! Eu tinha o direito de falar com ele! Porque é que não me deixaste?! Pensei que eras minha amiga!
— Pára Zara! Eu sou tua amiga, mas também sou amiga do André. Ele disse que não queria voltar a ver-te, por isso tenho que o ajudar. Eu avisei-te tantas vezes, mas continuaste a fazer a mesma merda.
— Pelos vistos ele é mais importante que eu!
— Ele gosta de ti porra! Tu estavas aos beijos com o Afonso mesmo à nossa frente! Nesta merda não tenho como te apoiar. Não dá. Estou farta disto. Andas cega, já não te conheço. Não vês nada à frente para além do bem estar do Afonso. Sinceramente estão bem um para o outro, pois sois ambos um monte de merda!

Quero responder, mas nada sai da minha boca por não saber o que responder. Ela afasta-se e eu fico ali, à beira da estrada sozinha, sem querer saber de nada. Ele gosta de mim, ela disse que ele gosta de mim. Ela tem razão, eu sou um monte de merda e ninguém me merece.
Volto para dentro do bar e ando em direção ao balcão, para poder beber alguns shots. Quando vejo que estou melhor, procuro o Afonso e assim que o encontro beijo-o de novo.

— Ei! O que é que se passa?
— Tu ainda gostas de mim, não gostas?
— Claro que sim. Porque é que perguntas isso?
— Ainda me amas?
— Zara, o que é que tu tens? Estás bêbeda? Tu não estás bem.
— Eu preciso de saber que não sou um monte de merda!
— E não és. O que é que te está a dar?

Colo os meus lábios nos seus de novo e ele aperta-me contra si, retribuindo o beijo caloroso.

— Mostra-me o quanto me amas.
— Como é que queres que o faça? Eu penso que te tenho mostrado.
— Ama-me.

Beijo-o novamente, enquanto puxo os seus cabelos sem o magoar.

— Zara, tu não estás bem. Deixa-me levar-te a casa.
— Estou sim, mas podemos ir para minha casa desfazer a minha cama.
— Oh meu deus, outra vez não. Zara, eu já te disse que não o vou fazer nestas condições.
— Vem comigo para casa.
— Eu vou, mas é para dormires.
— Claro. - respondo apenas para não ter que o ouvir.

Ele pega no seu casaco e vamos para o meu carro, pois o André levou o dele.

— O que é que se passou com o meu irmão e com a Andreia?
— Não sei, nem me interessa. Vá, vamos embora.

Chegamos a minha casa rapidamente, o que me ajudou a conseguir manter-me acordada durante o caminho.
Entro no quarto e o Afonso vem atrás de mim. Vou até à casa de banho primeiro e pouco depois, volto para o quarto, onde o encontro a deixar as suas coisas em cima do móvel.
Aproximo-me dele e começo a beijar os seus lábios desesperadamente. Ele ainda me tenta afastar, mas sei que ele o quer tanto como eu quero neste momento.

— Zara...
— Shh.

Uma das minhas mãos percorre a parte superior do seu corpo até chegar ao alto nas suas calças e aperto-o. Os seus lábios saltam para o meu pescoço, mostrando o quanto ele me deseja.
Deito-me em cima dele, na cama, dando inicio a um novo beijo quente enquanto me mexo em cima dele. As suas mãos agarram o meu rabo ajudando nos movimentos.

Acordo com uma dor de cabeça que nunca antes tinha tido e noto que estou sozinha na cama. Flashes invadem a minha mente, recordando tudo o que se passou na noite anterior.

— Hoje, já aceitas namorar comigo?
— Afonso, sim! - digo num gemido por ele ter parado o ato para me fazer a pergunta.

A minha pele encontra-se escondida apenas pelos lençóis da cama e a minha roupa ainda está no chão do quarto. Levanto-me e vou até à casa de banho. Passo àgua na cara e olho-me ao espelho, onde encontro várias marcas da noite de ontem no meu pescoço.
Ligo a torneira da água quente e tomo um banho relaxante, tentando esquecer a pior noite da minha vida.
Visto umas leggings e uma t-shirt, porque hoje não tenciono sair de casa. Quero ficar no meu canto sozinha, pensei em tudo o que se passou e na merda toda que eu fiz. Porque para além do que já tinha feito, ainda me fui meter na cama com o Afonso.
Saio do quarto e caminho em direção à cozinha por estar com fome, mas encontro o Afonso na sala a ver televisão. Achava que ele se tinha ido embora.
Assim que me vê, lança um sorriso que me deixa confusa e vem ter comigo, depositando um pequeno beijo nos meus lábios.

— Bom dia amor.

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora