Capítulo 2 - Ressaca

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O resultado da manhã seguinte não poderia ser outro: uma tremenda ressaca! Minhas pernas estavam pesando quilos, minhas costas doíam e minha cabeça tinha sido invadida por um pica-pau enquanto eu dormia. Isso sem contar meus pés que estavam num estado lamentável, cheio de bolhas e calos.

Só consegui sair da cama depois do meio dia, tive que usar toda minha força de vontade para realizar tal tarefa, e só pensava em voltar rapidamente para o aconchego de meu edredom. Todos os meus planos para a manhã de sábado foram automaticamente adiados para domingo. Não que eu tivesse grandes planos, mas a ideia era fazer uma faxina no meu quarto e me livrar de coisas que já não eram mais úteis, além de começar a organizar minhas coisas para uma possível mudança. Já estava mais do que na hora de abandonar o ninho e seguir com a minha vida.

Fui divagando até o banheiro e nem me dei conta que minha mãe estava me observando desde o momento em que abri a porta do quarto.

- Ah mãe você está aí... – disse ainda muito sonolenta e com os olhos parcialmente fechados.

- Pelo jeito a noitada foi boa ontem! – por incrível que pareça ela estava feliz com a minha cara te tacho e ressaca evidente. Será que era tão óbvio assim que a única coisa que eu fizera da minha vida era estudar?

- Nem tanto... – lembrei do fato de ter saído sem ao menos ter recebido uma cantada decente – vou tomar um banho depois te conto o que fizemos ontem... – omitindo os piores detalhes, é claro, pois minha mãe é daquelas que acha que eu sou a moça mais linda e interessante da cidade. Acredito que isso seja um reflexo de sua experiência, pois quando tinha minha idade minha mãe era a garota mais cobiçada da cidade, mas por ironia acabou sendo "fisgada" por um italiano sedutor, no caso meu pai.

Fiquei no chuveiro por muito tempo na esperança que a água quente aliviasse pelo menos minhas dores no corpo, porque a dor de cabeça eu sabia que ia durar o dia inteiro. É eu já tive ressaca outras vezes, quando eu ainda me divertia, por assim dizer, e bebia escondida com Luís e Ana. Bons tempos!

Assim que saí do banheiro fui para cozinha encontrar minha mãe que estava terminando de fazer o almoço: um maravilhoso macarrão ao molho sugo à moda italiana.

- Finalmente saiu, já estava pensando que ia ter de derrubar a porta! – não havia notado que meu pai estava sentado na mesa admirando minha mãe. Era incrível como depois de tantos anos eles ainda fossem um casal muito apaixonado e unido. Quem sabe um dia eu teria essa sorte também... – Planeta Terra chamando Daniela! – meu pai estava acenando para me tirar de meu pequeno transe.

- Ah desculpe... Hoje estou um pouco lenta, vai demorar para voltar ao normal...

- Isso eu já percebi! Quer tomar um café bem forte antes do almoço para ver se passa? Sua mãe acabou de fazer.

- O café eu aceito, mas não sei se vou conseguir almoçar. Estou com uma sensação de ânsia nem um pouco agradável.

- Bobagem! É seu prato preferido! Vai comer sim, nem que seja um pouco... – é claro que minha mãe não iria me deixar sossegada enquanto eu não comesse pelo menos um prato de comida.

- Vou tentar...

- Assim está bem melhor! Agora nos conte o que andou aprontando ontem mocinha – devo admitir que meu pai é uma das pessoas mais bem humoradas que eu conheço, sempre nos demos super bem e sempre tive liberdade para conversar abertamente com ele. Era um excelente conselheiro, e lógico que ele também estava no time para me fazer sair mais de casa, logo ele também estava feliz com a minha ressaca.

- Ah nada de mais... Fomos a um barzinho encontrar uns amigos do Carlos e o novo "namorado" dele e depois fomos dançar numa balada no centro. Foi só isso!

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