Lunar

Capítulo 4 - Encarando a fera

Quando seu olhar encontrou-se com o meu prendi a respiração. Tive a mesma sensação de quando vi sua foto. Seus olhos eram selvagens e me senti como uma presa indefesa a seu dispor. Aleksander me analisou atentamente da cabeça aos pés e como não disse nada por um longo tempo, decidi me apresentar.

- Me chamo Daniela Costa... Senhor Papa... Dopoulos... – embora tenha gaguejado um pouco devido ao nervosismo, consegui dizer o nome dele corretamente.

- Por favor, me chame de Aleksander. Caso a senhorita não tenha notado tem dois Papadopoulos nessa empresa e nós não queremos nos confundir, não é mesmo? – assenti – além do mais, ficou claro que você não consegue falar o meu nome direito. Uma ótima secretária sem dúvida! – observou em tom irônico.

O sangue subiu a minha cabeça devido à forma com que ele se dirigiu a mim. Parecia irritado com algo e estava descontando em mim. E daí que eu não sabia dizer o nome dele direito? Se o nome fosse simples ele até poderia achar ruim, mas definitivamente não era esse o caso.

- Entendi senhor Aleksander – fiz questão de dar ênfase para que ele percebesse que o nome dele eu sabia falar perfeitamente.

- Ótimo! Sente-se, quero conversar com você, esclarecer algumas coisas que eu tenho certeza que a incompetente da Patrícia não se deu ao trabalho de fazer – nisso eu tinha que concordar com ele. Sentei-me timidamente e aguardei que ele prosseguisse a conversa – Ela deve ter lhe dito que eu procuro uma secretária que possa também me assessorar quando necessário certo? – confirmei – Antes que você se empolgue com o emprego quero ter certeza que está disposta a cumprir isso, porque muitas vezes a sua ajuda será solicitada fora do horário de trabalho, como por exemplo, em fins de semana e feriados, logo quero dedicação total de sua parte.

- Sim senhor Aleksander, estou ciente de todas as minhas obrigações e posso garantir que as desempenharei da melhor maneira possível.

- A senhorita fala de uma maneira muito confiante, gosto disso, só espero que cumpra o que está dizendo – engoli em seco – A senhorita mora sozinha? – "mas o que diabos ele quer saber com isso?".

- No momento estou morando com meus pais, mas tenho planos para alugar um apartamento assim que for possível...

- Mas isso é um absurdo! Vou tratar de providenciar isso agora. Quantos anos você tem?

- Tenho vinte e quatro anos senhor, mas...

- Vinte e quatro? E a senhorita não tem vergonha de morar com os pais? Vou pedir para cederem um apartamento da empresa para a senhorita amanhã mesmo, isso é inadmissível! – ele ficou tão irritado que até levantou da cadeira, coisa que eu quase estava fazendo. Como ele ousava meter-se na minha vida daquela maneira? Quem era ele para decidir onde eu devo morar? – A senhorita tem namorado? – ele me pegou de surpresa novamente, afinal o que ele queria saber com aquilo?

- Sim senhor! – respondi de maneira firme para mostrar que eu não estava gostando nada das suas perguntas invasivas.

- E ele concorda com o fato de que a senhorita provavelmente passará mais tempo com o seu chefe do que com ele?

- Não tivemos tempo de discutir sobre isso ainda, visto que fui contratada inesperadamente, mas acredito que ele apoiará as minhas decisões.

- É bom que seja assim mesmo, não quero saber de namorados ciumentos atrapalhando meu trabalho – dito isso se sentou novamente e voltou a me encarar com o cenho fechado e eu não sabia o que fazer. Não conseguia desviar o olhar. Tinha medo de me mexer um milímetro que fosse e que ele avançasse em mim. Por fim ele disse – Por favor, deixe seu número de celular e vá para casa. Assim que os detalhes de seu apartamento estiverem prontos mandarei que liguem para a senhorita. Concedo-lhe a manhã livre para que você cuide dos assuntos da mudança e quero a senhorita aqui a uma hora da tarde, sem desculpas! Isso é tudo!