06. Corda-bamba

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Ela não ouviu nada, quer dizer, não totalmente, os sons pareciam distantes e abafados. Caitlin abriu os olhos e encarou o teto escuro, o bip da máquina ao seu lado e o barulho de uma conversa nem um pouco agradável, olhou pelo canto do olho sentindo que qualquer movimento brusco acabaria em um dor maior, a porta estava aberta e havia pelo menos umas quatro pessoas no corredor.

-Não sei se ela vai aguentar. - uma voz que ela não conhecia disse. - Esse tipo de explosão deveria ter matado-a na hora.

-Ela vai viver. - Barry afirmou com convicção. - Ela tem que viver.

-Barry, não sei se vamos conseguir salva-la, pedimos reforços, mas eles só chegaram em três horas, até lá eu não sei se ela aguenta. Você conseguiu tira-la a tempo, Barry, mas mesmo assim, as queimaduras nas mãos, nos braços e no rosto ainda são de terceiro grau. - Jennifer falou, havia um pesar em sua voz.

-Caitlin não pode morrer. - Cisco disse com a voz embargada.

Caitlin voltou seu olhar para o teto. Aquilo era o clichê de filme de ação que ela mais odiava, havia uma bomba na caixa, porque alguém colocaria uma bomba em uma caixa?

Sentiu a lágrima escorrer pelo seu rosto, não podia morrer e deixar Lucas sozinho, não podia morrer sem contar a Barry que ele é o pai de um lindo garotinho, não podia deixa-lo viúvo.

Vamos para o frio, ele irá te curar. Ela disse, seu tom não era sarcástico ou raivoso. Caitlin engoliu a saliva com um certa dificuldade, pensando se ela realmente estivesse certa, lembrou de todas às vezes que se machucou e apenas precisou resfriar um pouco para poder se curar. Ele sempre te cura.

Umedeceu os lábios antes de tentar de falar.

-Barry. - sua voz saiu rouca e o esforço fez seus pulmões doerem. O CSI ouviu seu chamado, pois rapidamente se aproximou. - Barry.

-Caitlin não se esforce. - ele falou com o tom cansado.

-Me leva lá fora. - pediu. Barry a olhou surpreso. - Me leva.

-Não posso, você pode morrer se eu fizer isso.

-Barry me leva. - insistiu. Ela se remexeu inquieta dentro de si, sabendo que logo poderia sair. - Eu preciso.

-Caitlin, qualquer movimento e esforço pode piorar o seu estado. - Jennifer disse se colocando ao lado de Barry.

-Eu preciso ir, me leva por favor. Considere isso como meu último pedido. - falou de maneira dramática. Então voltou seu olhar para Cisco que ainda estava na porta. - Cis. Por favor.

-Não quero que você morra, Cait.

-Eu não vou, apenas me leve. - insistiu novamente, Barry se afastou puxando Jennifer para uma nova conversa no corredor, Caitlin olhou para sua própria mão, a névoa lentamente saía entre seu dedos. Demorou mais do que ela gostaria até finalmente Barry voltar e tira-la da cama onde estava, ela podia ver as lágrimas nos olhos dele enquanto a carregava até o elevador sob os olhares de todos os agentes presentes, era como uma cena final de um filme, todos ali pareciam querer se despedir. Quando as portas do elevador finalmente se fecharam ela pode ver seu reflexo, em seu rosto haviam várias queimaduras graves, assim como suas mãos e seus braços, porém estes estavam cobertos por um casaco.

Barry a levou até a porta e a abriu, o vento frio bateu contra o seu rosto, estava nevando. Fechou os olhos sentindo os músculos tensos.

-Olhe. - Barry sussurrou em seu ouvido, ela abriu os olhos o encarando.

-Eu não vou morrer. - assegurou. - Me ponha no chão.

-Você não tem…

-Me ponha. - o interrompeu já se irritando, Barry não a contrariou e a deixou no chão. Caitlin sentiu os pés descalços tocarem a madeira fria da entrada, então caminhou até o cascalho coberto pela neve enquanto com cuidado retirava o casaco e a blusa que usava, havia queimaduras na região torácica, em seus braços e pescoço. Respirou fundo sentindo o vento castigar o seu corpo como se fossem milhares de agulhas contra sua pele, fechou os olhos sentindo o frio tomar conta de si, podia sentir as feridas se fecharem, a neve que tocava as queimaduras era refrescante.

Nodus tollens (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora