14. O tempo não volta

1.4K 130 147
                                    


-Por que você ainda vai se casar, Barry? - indagou cruzando os braços, ele abriu a boca surpreso com a pergunta. - Por que ainda vai se casar com ela se está na cara que ainda me ama?

-Eu amo ela. - ele disse um tanto hesitante.

-Tem certeza? Você se diz apaixonado por ela desde os seus onze anos, acho até que foi verdade por um tempo, mas agora não é mais. É como eu disse, você não sabe a diferença de amor e admiração.

Barry abriu a boca sem saber o que falar, as palavras pareciam lhe fugir. Ela balançou a cabeça passando por ele em direção a saída, a garganta apertava e seus olhos já ardiam. Então sentiu alguém lhe puxar pelo braço, se virou olhando para Barry.

-Isso não é verdade. - ele disse, o tom sério e a postura dura revelavam o quão irritado ele estava com aquela conversa.

-Então me diga o que é o amor, sr. Allen? - questionou. Barry a puxou para um lugar mais calmo, longe da vista de todos, aquela era a conversa que eles haviam adiado por muitos anos.  

-Amor é sobre respeito e carinho, é se doar completamente e se sacrificar quando necessário.

-Não. Amor é dar e receber na mesma proporção, é saber quando é hora de parar pelo bem do outro, é abrir mão quando sabemos que alguém vai se machucar. O amor não pede sacrifícios ou provas gigantescas, o amor é gentil, mas machuca de vez em quando. O amor é como entrar em um barco durante uma tempestade sendo guiado apenas pela luz do farol, é se jogar do penhasco sem precisar olhar para lado, porque sabemos que sempre teremos alguém ali, é gritar o mais alto que conseguimos ou sussurrar o mais baixo possível, pois sempre irão nos ouvir. O amor pra mim é saber que pode se passar um, dois ou sete anos, mas que nada entre nós parece mudar, você ainda gosta da minha cantoria, eu ainda amo seu sorriso, rimos das mesmas piadas e choramos com as mesmas lembranças, você está na minha discagem rápida e eu estou nos seus contatos de emergência, eu ainda uso seu sobrenome em certos lugares e sei que gosta quando eu assino com ele. O amor pra mim é saber que não importa quanto tempo passe ou quantos caras eu namore, ninguém pode substituir o que você é para mim. O amor é guardar dentro de si o que a outra pessoa tem de melhor. - disse. - Sei que ainda me ama, Barry. Sei que senti o mesmo que eu sinto por você. Então, por que continuar com esse casamento? Por que continuar com essa farsa mesmo sabendo que não irá dar certo?

-Porque eu não quero magoá-la. - ele disse como se aquilo fosse uma justificativa plausível.

-Pois acredite, não está funcionando. Iris irá perceber que esse casamento não é o conto de fadas que ela sonhou, e quando perceber isso acabará magoada. Isso também não é nada legal para você, não pode se casar com uma pessoa apenas por medo de magoá-la, não coloque sua felicidade abaixo da dela, isso não é um tipo legal de amor.  

Barry suspirou coçando a nuca e movendo os pés nervoso.

-Eu não posso fazer isso agora. Não no meio da festa.

-Ok. Então espere até depois, tem gente demais aqui, seria uma vergonha para ela e por mais que eu não me dê bem com Iris, não suportaria vê-la passar por isso. - disse dando de ombros, Barry sorriu e ela se segurou para não beijá-lo ali mesmo. - Agora tenho que ir atrás Martin e Clarissa, eles já devem estar preocupados comigo.

-Ah claro. Espera, por que nunca contou que era filha do professor Stein?

-Pensei que já tivesse te contando sobre eles?

-Não, você falou sobre a morte de seus pais, mas nunca havia me dito sobre seus pais adotivos. - ele falou um pouco mais calmo, a conversa anterior ainda ressoava na cabeça dela e dele.

Nodus tollens (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora