Carol
- Mãe, é a senhora mesmo? Onde eu estou? Mãe, porque a senhora foi embora?
- Oi filha, vim pra te falar que tudo tem um motivo, nada é por acaso.
- Como assim mãe?
- Você vai ser muito feliz, não tenha medo nunca, você é mais forte do que pensa. - E assim ela foi sumindo.
Ver minha mãe parada em minha frente foi um baque, pior foi não poder abraça-la, escutar sua voz me dando bronca, já faz tantos anos e mesmo assim parece que foi ontem.
- Carol, acorda estamos atrasadas pro voo, levanta rápido! - E ai eu percebo que tudo foi um sonho, mais um sonho.
Segundo sonho dela essa semana, não sei o motivo, talvez o nervosismo de voltar para aquele lugar, o lugar que me tirou ela mas apesar de tudo é o nosso lar, aqui por mais que meus avós tenham me dado abrigo e carinho nunca me senti em casa, e sei que é o mesmo com a Júlia, afinal, na primeira oportunidade dela estamos voltando para São Paulo.
- Anda Carol, está deitada ainda, se a gente se atrasar a culpa é sua!
Minha irmã grita passando em frente o quarto e me vendo deitada ainda. Me espreguiço um pouco, tentando esquecer que iremos voltar pra nossa cidade, a cidade que tudo aconteceu.
Me levanto indo até a roupa que eu tinha deixado separada no dia anterior, entro dentro do banheiro para fazer minhas higienes, talvez um bom banho ajude.
Flashback on
- Júlia, a nossa mãe vai sair dessa né?
- Eu não sei irmã, espero que sim. Mas o estado é grave.
Ela diz me dando um longo abraço afagando meus cabelos enquanto vejo meus avós conversando com o médico.
- Meninas, eu sinto muito, mas a mãe de vocês não resistiu.
Minha avó diz em um tom triste se abaixando em nossa frente e nos dando um longo abraço, Julia estava imóvel já eu estou em prantos.
FlashBack Off
Depois de algum tempo percebi que não era só eu e minha irmã que tinha perdido uma pessoa, mas nossos avós perderam a filha cedo e tiveram que ser fortes pela gente, minha irmã também foi forte, desde aquele dia percebi que ela não tinha deixado cair sequer uma lágrima e sei que foi por mim, sempre fui mais de expor o que sentia obrigando ela a amadurecer mais rápido.
Saio do banheiro, coloco minha roupa. Faço uma maquiagem básica, passo desodorante, perfume. Me olho no espelho, e saio do quarto.
- Carolina Diniz, desça agora ou vou te deixar para trás e sei que você não quer isso né minha irmãzinha, então RÁPIDO!
- Ai estresse, já estou aqui, agora ajuda o táxi e vamos se despedir dos nossos avôs.
- Já me despedi deles, vou levar as coisas para o táxi, vai rápido.
- Antes, tira uma foto minha com eles?
- Tá, mas logo - Entrego meu celular.
Nos abraçamos e sorrimos pra foto.
- Pronto. - Me devolve o celular. - Agora vamos!
Dou minhas duas malas para Júlia levar enquanto me despeço. Meu avô mais calado como a Júlia e a vovó contendo as lágrimas.
- Minha filha vê se me manda notícias sempre, não esqueça desses dois velhinhos aqui não, se não eu mando seu avô arrastarem vocês para cá de novo.
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O Tempo nos Reencontrou
Ficção AdolescenteCarol e Bruno eram melhores amigos na infância, até que uma infelicidade obrigou a se separarem sem nenhuma explicação. O motivo? O falecimento da mãe de Carol fez ela e a irmã irem morar em Rio Grande do Sul na casa dos avós. Lá as coisas não eram...