Amor Depressivo.

Capítulo sete.

Os dias nessa casa são bem agitados comparados aos dias no hospital. Tenho que confessar que é muito mais legal. Muito mais amor.
Mas como nada é perfeito, tendo duas pessoas esquizofrênicas e depressivas não é fácil.
Quando eu e Johnny estamos tendo ou uma alucinação ou tendo uma crise, os pais de Johnny ajudam, fazem o que podem.
Mas não entendo, se eles ajudam tanto, por que deixaram ele no hospital?
Eu tinha descobrido que o nome deles eram Emma e James.
-Emma. - chamei-a. - Por que vocês colocaram Johnny no hospital?
Ela não sabia se respondia. Mas logo disse:
-Nós estávamos com medo que ele se virasse contra nós ou se afastasse, e queríamos que ele fosse "curado". Mas percebemos que não adiantaria quando soubemos que não deixavam vocês saírem. Como a pessoa vai conseguir conviver com o mundo, quando nem deixam ter contato com ele? - disse Emma.
Ela está certa sim. Concordo com o que ela disse. É claro que faz sentido.
Emma estava planejando para irmos comprar roupas para mim. Porque eu estava com um moletom branco e calças brancas. Que eram as roupas daquele lugar em que fui parar.
-Vamos ao shopping, tem mais variedade de roupas. - disse ela abrindo a porta para sairmos.
Eu pego na mão de Johnny, que me beija. Não estou muito acostumada com isso, porque ele é meu primeiro namorado. E nem tenho que ter o trabalho de contar aos meus pais dele.
Chegamos ao shopping. Tem muitas lojas e lugares para comer também.
-Vamos primeiro ir na Marisa. - disse ela se dirigindo à uma loja.
Todas as roupas dessa loja não me agradam. Tudo muito princesinha, frufruzinho, florzinha. Não. Definitivamente não.
-Não gostei. -digo saindo da loja
Nunca gostei de me vestir como uma " menina normal". Um dia minha avô me falou que eu tinha que me maquiar e me vestir melhor, se não viraria um homem.
-Na Riachuelo tem roupas do seu gosto. Vamos. - disse ela animadamente.
Realmente na Riachuelo tem roupas que eu gosto. Mas é tudo muito caro. Não quero que Emma gaste tanto comigo.
-Emma. Aqui é tudo muito caro, deixa. - digo
Ela faz um sinal negativo com a cabeça, e vai pegar roupas de Harry Potter.
-Essa, ou essa? - diz ela se referindo à uma blusa de lã com "Harry Potter" escrito, ou uma camiseta do mapa do maroto.
-A blusa.
Ficamos um tempo lá dentro. Eu fiquei feliz com as compras, o que é muito raro. Compramos roupas mais escuras, não tão coloridas. Por exemplo:

Ela comprou dois converse's. Um preto e um vermelho.

Inverno. A estação que eu mais gosto. A estação que eu nasci. Frio. Amo.

Emma disse que esse seria para caso eu e Johnny fôssemos sair.

Ela comprou muitas roupas. Ela está se preocupando tanto comigo.
-Você vai querer seu quarto em qual estilo? - diz ela se sentando em uma mesa na praça de alimentação.
Eu não sei ao certo. Quero uma coisa moderna, gótica... Não sei. Mas sei uma foto que defina o quarto que quero.
Pego o celular de Johnny e mostro a seguinte foto:

-Essa seria um lado do quarto... E esse seria o outro.

Depois eu acordei.
Roupas?
Namorado?
Quarto?
Família
Felicidade?
Isso não é para mim.
Eles não estão fazendo isso por mim. Nunca irão fazer nada por mim. E eu sou tão idiota a ponto de falar que tipo de roupas ou quarto eu quero.
Mal educada.
Desprezível.
Idiota.
Insuportável.
Depressiva.
Quem iria querer? Ninguém nunca quer conviver comigo.
Por que eu fico me enganando?
Ninguém nunca me amou.
Ninguém me ama.
Ninguém nunca vai me amar.