Capítulo vinte e um.

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Acordo e olho pela janela, chovendo de novo.
Hoje é sábado, mas mesmo assim tenho que trabalhar.
Sinto alguém abraçado em mim, olho para ver quem é, Johnny.
-Johnny...? - digo tentando me retirar de seus braços.
Ele me aperta mais sem dar esperanças de sair.
-Você é só minha. - ele diz me fazendo virar para encará-lo.
-Você só está fazendo isso porque está carente. Não quer realmente voltar comigo. - digo saindo de seu abraço.
Mas eu realmente não estou com vontade de sair de casa.
Será que eu ligo?
Não. Vou programar a merda do jogo em casa.
Fecho os olhos, peço que minha merda de vida acabe.
-Você quer ficar sozinha... - ele diz
-Não. Eu nunca quis. Mas as pessoas me deixam sozinha, e se afastam. Porque eu sou "diferente" ou não me "esforço". - digo me sentando no chão mesmo.
Ele ficou em silêncio. Eu posso não ser uma boa companhia, mas quando eu falo que eu amo alguém, é porque eu amo!
-O que vai fazer hoje? - ele pergunta, tentando disfarçar a situação.
-Vou programar um jogo... Para o meu trabalho. - digo pegando meu computador pra começar.
Vejo as notificações de emails de Anthony.
Assunto: Teste.
Sabe, acho que você poderia pesquisar um pouco sobre isso também.

Assunto: Atenção.
Por que você não me responde quando eu mando email?

Assunto: Inútil.
É por isso que mulher tem que ficar em casa, arrumando e cuidando da própria casa, em vez de trabalhar, nem fazem o trabalho direito.

Chega. Um cara machista?
Ah eu não mereço.

Assunto: Trabalho
Eu vou te dar as informações quando estiver pronta para fazer seu trabalho direito. Idiota.

Começo a escrever uma resposta para ele.
O mais profissional possível.
Mas para responder um babaca não dá para ser profissional.

Assunto: Compreensão.
Sabe Senhor Anthony, eu estou aqui fazendo o seu trabalho.
Se você ficar reclamando dele, eu não vou fazê-lo.
Eu trabalho das sete da manhã até às sete da noite.
Eu não atendo clientes fora desse horário.
Espero que compreenda.

Como eu consegui não sair xingando? Não sei.
-Na verdade, não vou mais. - digo colocando o computador no lugar.
Ele não mostra expressão alguma.
Me sento em minha cama.
Ele se levanta sem dizer absolutamente nada.
Mas logo ele se joga em cima de mim.
-Jo...Johnny? O que...? - pergunto sem jeito.
-Sabe. Eu te amo. Mas fico irritado quando você não fica feliz assim como eu, você tem que ser castigada por isso. - Fala dando um sorriso.
Ele me beija e sai de cima de mim.
-Você quer fazer algo? Assistir alguma coisa?- ele me pergunta.
-Sinceramente? Sim. Eu comecei a assistir uma série. Chama... Stranger... Things. - digo tentando me lembrar do nome.
-Bom. Vamos assistir desde o começo então?  - ele pergunta pegando o computador.
Passar um tempo com Johnny sempre me faz bem. Mas ele está sempre cansado. E eu não posso ajudar ele em nada, em coisas de estudo.
Nós acabamos ficando o dia inteiro assistindo filmes e séries.
Já à noite, Johnny adormeceu em minha cama.
Vou para o exterior da casa.
Sento no quintal e olho as estrelas.
Eu penso que as estrelas são as pessoas suicidas.
Vivas ou não.

Amor Depressivo.Onde histórias criam vida. Descubra agora