Acordo deitada em uma cama branca... Com instrumentos médicos ao meu lado. Meu braço enfaixado.
-PORRA!- Grito.
Eu só queria morrer.
Só queria morrer e nunca mais ter de me preocupar com o que estava acontecendo aqui.
Sem ter que saber do meu ex... E da sua nova namorada. Pois mesmo que ele seja meu ex, eu ainda me importo, mesmo não querendo me importar.
Sinto uma forte dor de cabeça.
- Eu odeio todos vocês! Todos vocês...! - escuto uma voz familiar vindo do corredor.
Não quero pensar que tudo aquilo irá continuar... Jhonny? Ele só foi mais um corte. Mas um corte que a cada dia abre mais.
Um corte que todos os dias arde. Que nunca sara.
- Wendy?
Olho para o lado e vejo Chloe. E não queria tê-la visto.
Tudo minha culpa... Tudo minha culpa...
Assassina... Assassina...
A cena já me vem a mente... Alicia deitada no chão com seu braço cheio de sangue...
Tudo minha culpa...
Desde o primeiro momento de minha vida... Até agora... Eu só fiz as pessoas sofrerem.
Eu fiz eu mesma sofrer.
Meus pais.
Conhecidos
Pra quê viver se eu sei que vou pro inferno?
Não consigo. Não consigo
Devo morrer. Devo morrer.
-Wendy? Tá tudo bem. Ok? - escuto ela dizendo...
Não está tudo bem.
Eu quero o suicídio mais do que nunca.
Eu deveria querê-lo mais do que nunca...
Eu sinto arrepios pelo corpo...
E a dor...
A dor é o que piora tudo.
Quero acabar comigo mesma.
Como você deveria querer.
Como todos deveriam.
Merda de vida que não me deixa ir.
Não consigo me focar no que as pessoas a minha volta dizem.
O único pensamento que está na minha cabeça é o suicídio.
Aqueles cortes não ardem mais.
Tudo não dói mais.
Só faz eu querer mais e mais a morte.
Olho em volta e não vejo mais ninguém.
Estou suando com o pensamento de viver.
Estou surtando e ninguém está aqui para me matar.
Eu quero a morte... Mas ela não vem.
O que devo fazer?
Devo... Eu devo ir
Tento me levantar e vejo uma mulher correndo em minha direção.
- Você não pode levantar por enquanto. Depois que puder, nós teremos uma conversinha ok? - ela diz com um sorriso.
Queria xingá-la, mas não tinha forças bem para respirar.Passo o dia olhando pessoas transitando pelo quarto.
Me pergunto, até onde irei resistir?
Tudo até agora parece confuso.
Não sei como não morri.
Eu senti que aquele momento era o certo.
Que era ali que eu teria paz.
Que era aquela hora que eu deixaria tudo para trás.
Eu senti minha alma indo.
Então, por que não foi?
Pessoas me encarando.
Algumas assustadas, sabendo o que havia ocorrido.
Algumas vezes, parece que não aceitam.
Não aceitam que isso existe, como eu já disse.
Sei que não deveria existir.
Mas existe queridinha.
Existe, e eu sou a prova viva disso...
Bem, meio viva.
O corpo vivo, mas a alma não.
No fim da tarde, aquela mesma mulher vem falar comigo.
-Tudo bem. Agora, vou te tirar daqui, mas você não pode sair do hospital ainda ok?
Concordo com a cabeça baixa.
Ela me leva até uma sala. Se senta e começa a falar.
- Bem... Wendy. O que aconteceu?
Olho com um olhar sereno para ela.
-Eu aconteci. - digo.
- Mas o que você fez de tão ruim para tentar suicídio?
- Bem... Querida. Eu nasci. Atrapalhei a vida de todos, só machuquei pessoas, no momento estou te atrapalhando, e eu me odeio. Então, eu mereço. Vou te poupar da história, pois você não iria querer escutar. - digo.
Ela concorda.
A mulher continua em silêncio.
Depois de uns cinco minutos, ela se levanta. Vem em minha direção e me abraça.
- Veja. Eu estou aqui para ajudar. Sei que não quer me contar tudo o que aconteceu, a maioria quer, mas você... Você é diferente. Olha, você não merece o que você faz consigo mesma. Eu tenho certeza. Só pelo pouco que te conheci, já sei que você merece muito. - Ela diz.
Quando ela se afasta. Anota algo em uma folha e me entrega.
- Quando estiver para desistir. Me liga.
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Amor Depressivo.
Teen FictionEm um hospital psiquiatra, duas pessoas "loucas" se conhecem. Mas dizem que só um louco reconhece o outro. Wendy é uma garota depressiva, que em sua infância sofria bullyng na escola, e seu pai, Geoffrey, abusava e agredia ela. Com sua depressão vei...