Amor Depressivo.

Capítulo vinte e quatro.

Acabou que nossa casa ficou completamente mobiliada.
Eu nem acredito, porque ficou muito bonita.
Bem decorada, arrumada.
Realmente uma boa casa.
Mas... Os vizinhos são uma merda.
Um deles é homofóbico.
Outra é uma... Psicóloga.
Eu odeio psicólogos.
Porque eles sempre acham que sabem de tudo sobre mim ou meus sentimentos, e acham que se falarem pra eu fazer algo, eu vou realmente fazer. E o mais idiota?
Eles não sabem.
Ninguém que não sofreu na pele sabe.
Uma outra é psicopata.
De verdade.
Ela já matou dezesseis pessoas.
O que ela faz fora da cadeia? Não sei.
Tem muitas outras pessoas...
Mas não conheço todas.
Só tem uma casa, e uma pessoa que mora nesse bairro que é legal...
Claire.
Uma mulher normal, com problemas normais de pessoas normais.
É claro que ela não é totalmente normal.
Claire não tem suas duas pernas.
Pelo o que eu sei, ela já nasceu assim... Um erro genético talvez?
Mas ela me disse que houve uma época de sua vida que ela sofria muito bullyng.
"Sabe, quando eu tinha uns treze ou quatorze anos, sofria muito bullyng. E eu achava que eu não sou bonita, é claro que eu estava enganada, já que cada um é bonito do seu jeito, mesmo os outros achando isso ou não.
Mas eu não saía mais de casa, ficava o dia inteiro dentro da mesma, sem nunca sair. Teve um dia que meu paquerinha veio à minha casa..."
Paquerinha...?
"Ele começou a me elogiar. Falar o quanto eu era inteligente e legal. E isso me fez voltar à escola. As pessoas podiam me chamar de qualquer coisa, mas eu não ligava. Esse garoto atualmente é meu marido. David. Um amor de pessoa."
Eu via em seus olhos o brilho... A felicidade tão profunda por estar com a pessoa certa. Esse tipo de felicidade destrói qualquer sentimento ruim.

Hoje é segunda novamente.
E tenho que ir trabalhar.
Arrumo minha bolsa, coloco tudo que preciso para caso eu não esteja ... Normal o suficiente.
Ah... Johnny tirou carteira de motorista.
E ele pegou emprestado o carro de Emma para me levar.
-Você não precisava fazer isso. - digo quando entro no carro.
-Ah, queria fazer algo antes de ir ao meu inglês. - ele diz começando a dirigir.
No caminho não tem nenhuma conversa, só o silêncio constrangedor no ar.
Quando chegamos até o prédio, ele se despede de mim e entro para trabalhar.
Me sento no meu lugar, olho à minha volta e percebo... Willian não está aqui.
Vou até uma mulher que também trabalha nesse lugar, eu nem sei seu nome, mas a chamo.
-Vo...Você sabe por quê Willian não veio?- pergunto nervosa.
-Ele está... Tendo problemas sentimentais...
-Que tipo? - pergunto.
-Ele... Está se transformando. Sabe aquela fase de transformações, né? - ela diz.
Estou muito confusa...
O William...
O que isso quer dizer?