Capítulo vinte e três.

19 2 0
                                    

Hoje é domingo.
Acordo e olho pela janela,
É um belo dia para morrer.
Um pouco de felicidade aparece em meu corpo,
Vou me matar hoje.
E não irei mais ver as pessoas,
Que já me fizeram mal,
Ou que ainda fazem.
Mas... Como?
Como irei me matar?
Tiro...
Lâminas...
Prédio...
Corda...
Remédios...
Afogamento...
Tantas formas...
Qual a mais dolorosa?...
Qual a pior...?
A minha morte, tem que ser dolorosa.
Já que eu mereço a dor.
Nunca fui o orgulho de ninguém.
Nunca fui boa para ninguém.
A felicidade desaparece.
É isso que a depressão faz...
Te dá um pouco de esperança...
E esmaga ela, como se não significasse nada.
-Oi... Tudo bem? - ouço uma voz atrás de mim.
Me viro, Henrique está à minha frente.
Ele tinha ido embora....
Ele voltou para a casa de seus pais...
-Queria dizer obrigado... - ele disse. - ...Por não deixar eu me cortar... Me deixar melhor... - ele dá um sorriso de lado e me abraça.
-É o mínimo que eu pude fazer. Não consigo ver ninguém sofrer. - digo.
-Como vai...? Tudo... Seu trabalho... Sua vida...? - ele pergunta
-Não sei... Já recebi uma pequena quantia de dinheiro. Mas logo tudo melhora. - Me sento em minha cama. - Você não me contou do que você gosta... Sabe... Música ou sei lá.
Vejo que ele abaixa a cabeça.
-Ah... Eu perguntei algo errado? - pergunto.
-Sabe... Meu pai achou que eu fosse gay... Pelo meu estilo musical.
O que ....? O que essa pessoa tem na cabeça?
Abraço ele.
Nessas situações... Você não precisa ouvir um... "Vai ficar tudo bem..." e sim um:
-Quando tudo der errado, eu vou estar aqui. - digo sentindo a lágrima cair do meu rosto.
-Você é bem especial. - ele diz. - Sabe... Ninguém nunca se importou, ninguém me abraçou e me fez sentir bem. E você... - ele diz.
Ele simplesmente voltou para sua casa, sem mais nem menos.

Coloque um sorriso no rosto.
E faça acreditarem,
Que está tudo bem.
Faça acreditarem,
Que você está feliz.
Faça acreditarem,
Que você não quer se matar.
Você tem que ser forte.
Ou o seu "drama" estará aqui.
Você acredita na felicidade?
Eu não.
Sempre que a felicidade aparece...
Foi uma ilusão.
Sempre...
Todas as vezes.
Eu cansei de estar aqui,
Sofrendo, chorando...
Eu quero me matar,
E eu vou.
Descobri, que não tem como...
A sociedade me aceitar...
Mas eu não quero que ela me aceite mais...
Eu só quero que ela se foda.

-Acho que poderíamos pegar a casa antiga da minha mãe. - sou interrompida dos meus pensamentos pelo Johnny. - Morar lá. Até comprarmos outra casa.
A ideia não é ruim.
Não é.
Eu quero sair dessa casa.
Quero sair e ver o que o mundo tem de bom...
Que eu acho que é nada.
-Vamos. Agora mesmo. - digo.
-A casa tem um quarto só. Mas já que namoramos... Poderíamos dormir na mesma cama... Certo? - ele pergunta.
-Claro que sim.- digo me levantando de minha cama.
Emma nos levou para a casa.
Só tinha um sofá.
E a cozinha estava completa. E limpa.
-Eu vou encomendar móveis com meu dinheiro. - ele disse.
-Você por acaso tem o suficiente para isso? - digo
-Não. - ele diz. - Mas tenho para completar o quarto, e bem decorado.
-Então junte com o pouco que eu tenho. - digo.
-E com o nosso. - ouço a voz de Emma.
-Emma, não precisa gastar com isso.- digo me virando para encará-la.
-Eu gasto o quanto precisar para a felicidade dos dois.

Amor Depressivo.Onde histórias criam vida. Descubra agora