P R Ó L O G O

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REN

Pelas minhas contagens, fazia, mais ou menos, três meses que estávamos no Inferno.

Analu também estava lá, a mercê dos demônios asquerosos de Lúcifer. Lembrar disso me deixava com raiva. Eu tinha prometido — muitas coisas e uma delas era protegê-la, mas só o que tinha conseguido fazer era encomendar sua alma ao Diabo.

— Lembrar disso, não vai levar a nada, Uriel — Abaddon remexeu nas suas algemas.

Ele estava um caos, algemado perto de mim e com sangue por todo seu corpo.

— Pare de me chamar de Uriel — rangi os dentes —, meu nome é Ren, idiota.

— Claro — resmungou e rolou os olhos.

Me acomodei, tentando não machucar ainda mais minhas asas.

— Se você não é Uriel — lá vinha aquela conversa novamente. Nós já tínhamos tido-a bastante vezes. — Por quê consegue se manter com esse receptáculo?

Para os demônios e anjos ficarem com os humanos, precisavam de receptáculos, que no caso, eram humanos. Mas quando voltavam ao seu local de origem, o seu receptáculo se desintegrava se não os abandonasse na Terra.

Somente Lúcifer conseguia mantê-lo... e eu.

— Não sei — desviei os olhos quando Lúcifer, Azazel e Samael entraram na nossa cela.

Ele estava vestindo o mesmo terno negro de quando nos encontramos pela primeira vez. Os outros dois, vestiam somente uma tanga branca.

— Tragam-no — disse.

Fui pego com violência, as correntes machucando meu corpo praticamente nu — segurei um grito de dor para não parecer fraco. Me arrastaram até a Sala do Trono e vi Analu deitada ali, com seu vestido branco e parei bruscamente.

Ela estava dormindo, sua barriga já era saliente.

Nosso filho.

Engoli em seco vendo as listras vermelhas em seus braços, o que era aquilo? Em um momento de hesitação, fui posto de joelhos, na frente de Lúcifer.

— É simples — ele examinou as unhas. — Tenho somente uma proposta a você. Me ajude a voltar ao Céu e liberto sua humana e prole.

Fechei os olhos fortemente, tentando escapar daquilo.

Eu não podia trair o Senhor... mas também não podia deixar Analu e meu filho no Inferno. Era insano somente a ideia daqueles demônios mexendo nela.

Droga, anjos caídos não podiam ter sentimentos, mas os tinha criado pela humana.

— Hm — mordi os lábios, sabendo que aquilo era uma péssima ideia e que com certeza faria tudo errado, com sempre. — Eu aceito.

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave.

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