1.0 A L I A N Ç A D O U R A D A

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ANALU

Acordei sentindo-me estranha.

Não sabia explicar, mas era a mesma sensação de ter um sonho acordado, me sentia exausta. Olhei para o lado da cama e vi Christopher, ainda dormindo.

Aquela visão me causou um arrepio, mas por quê?

Deveria ser a gravidez, sim, provavelmente eu estava ficando louca.

Levantei-me cuidadosamente para não acordá-lo e fui para o banheiro pé ante pé. Tomei um banho quente... para ir aonde mesmo? Estava com um sério caso de amnésia.

Me sequei e coloquei a roupa que estava em cima da gaveta.

— Já ia te chamar — Christopher coçou o queixo quando saí —, você está praticamente atrasada.

— Praticamente atrasada? — repeti pausadamente.

Chris franziu o cenho e levantou-se da cama, veio até mim vestindo apenas uma calça de moletom e ficou de joelhos, alisando minha barriga proeminente.

Eu sabia que estava com dois meses.

— Sim, meu amor — se ergueu e me beijou —, para o trabalho. Oi, acorde, Analu. Você é médica, lembra? Tirou 9,6 no seu TCC e seu diploma foi entregue ano passado. Está tudo bem?

— Claro — sorri.

Não, não está nada bem. Mas não discuti.

O que estava acontecendo comigo? Por que me sentia estranha e não estava lembrando do que tinha acontecido? Parecia que eu tinha um grande vazio dentro de mim.

Doía quando tentava entender ou lembrar o que quer que fosse.

— Vamos tomar café, a empregada já chegou.

Empregada?

Apenas acenei com a cabeça e descemos a escada para a cozinha.

Bem, pelo menos eu tinha a certeza de estar na minha casa. A empregada era uma idosa gorda e com a pele oleosa, tinha cabelos cinzentos e olhos castanhos.

— Oh, você está atrasada, pequena! Sente-se, sente-se.

Não gostei dela. Amigável demais.

Mas mesmo assim me sentei, o prato de panquecas com chocolate encheu meu estômago de bom grado. Terminei de comer em questão de minutos e fui para cima escovar os dentes.

Fiz uma leve maquiagem também.

Examinei-me atentamente. Estava vestida totalmente de preto. Deus, o que era isso que queimava em meu peito? Por que tudo parecia tão ilícito? Uma calça, blusa larga e um sobretudo.

Estava frio, então provavelmente era inverno.

— Analu? — Christopher me chamou. — Vamos, eu te levo.

***

Passou-se bastante tempo dentro daquele carro até Chris me deixar na frente de um quartel general.

— Certo... eu trabalho aqui, não é? — perguntei para mim mesma.

— O que disse? — ele bocejou.

— Nada não... amor — a palavra deixou minha língua áspera —, tchau — saí do carro.

Fui andando para aquele lugar.

Meu celular estava no bolso, pesando, as gotas de suor se acumulavam em minha testa e deixava minhas mãos escorregadias. Um sargento jovem abriu a porta para mim, sorrindo.

— Se atrasou, não é?

— É — concordei desconfortável e baixei a cabeça, me encaminhando para onde minhas pernas me levavam.

Não lembrava de conhecer aquele lugar.

Eu tinha que procurar um médico urgente.

Certo. Já sabia de três coisas. Estava casada com Christopher, a aliança dourada na mão esquerda não deixava dúvidas, o ficante da escola. Tinha uma empregada e ela era estranha. E era médica do Exército.

Tudo bem.

Entrei na porta que estava escrito "Médico", deveria ser ali.

— Analu? — alguém me chamou, assim que coloquei os pés para dentro.

— An? — indaguei espantada, olhando para todos os lados.

Uma enfermeira baixinha, com os olhos verdes e cabelos louros amarrados em um coque, pegou-me pelo braço.

— Ande, a fila está enorme! Vá para a sua sala!

Levantei as mãos em rendição, nem sabendo quem era ela e me encaminhei para lá, onde estava com uma plaquinha no vidro transparente.

Dra. Analu Spenc.

O sobrenome de Christopher.

E... o meu? Onde estava?

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Eitaaa

Espero que tenham gostado ;3

Bjocas da Gótica Suave.

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