13 .0 O B S E R V A N D O

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ANALU

Aquela frase — não deu para negar —, assim como quase todas que saíram da boca de Miguel, arrepiou os pelos dos meus braços de uma maneira nada satisfatória.

Quase engoli a xícara junto, de tão nervosa que fiquei.

— Prossiga.

— Uriel foi o último Arcanjo a nascer. Nós... — Desviou os olhos verdes. — Nunca nos importamos com ele. Mas Lúcifer sempre o amou como um pai. Eu, Gabriel e Rafael nem desconfiamos que na verdade, Lúcifer estava fazendo um discípulo.

Continuei em silêncio. Guardando aquela informação.

— Ele seguia todos os passos do Diabo, Lúcifer o ensinou a ser um guerreiro. Se for colocar na balança, humana, talvez Uriel até seja um dos mais poderoso Arcanjos. Sua força era movida por raiva... de nós. — E ele realmente parecia arrependido.

A injustiça pela qual Ren passou não conseguia nem ser processada em minha mente. Os séculos que devia ter passado com ressentimento dos irmãos celestiais por não acharem que ele merecia ser um deles.

Cruzei os braços e resolvi ser petulante. Na verdade, minha língua resolveu.

— Escutei e li histórias de que você era mal. Parece que é verdade.

O olhar que ele me lançou, fez minha espinha virar gelatina. Todo o sangue se esvaiu do meu rosto e senti meu estômago afundar.

— Ou — tentei emendar —, que também era bom. Não é? Você... é bom.

Mordi os lábios e olhei para o outro lado da rua, tentando não provocar mais Miguel. Ele parecia fazer o tipo que poderia puxar a espada, agora nas costas, escondida pelo moletom e me matar ali mesmo.

Um homem bonito parecia olhar diretamente para mim.

Mas ignorei, somente podia ser as paranóias se instalando no meu cérebro.

— Você tem sorte de ser a humana do meu irmão.

— Esse termo... parece que sou prostituta. — Arrisquei mais uma olhada para aquele cara sentado num banco. Deus, ele está sim me olhando. — Não sou do seu irmão. Eu o amo. — Praticamente engasguei com essas palavras, mas decidi que era verdade.

Miguel deu de ombros, nada emocionado.

Pouco me importa. Já fiz muito errado em só te pedir ajuda, já estou me arrependendo. Você não fecha a boca. — Miguel comeu o último pedaço de pizza.

Mas ignorei o seu tom e me aproximei da mesa. Alguma coisa estava extremamente errada, meu instinto gritava para ser protegida.

Droga.

— Miguel?

Ele passou um dedo no prato, limpando o resquício de chocolate e lambendo-o em seguida.

— É, acho que você até pode me chamar assim. Arcanjo na frente dos humanos geraria escárnio.

— Olhe para o outro lado da rua. — Sussurrei sorrindo, como se estivesse contando uma piada íntima. — Tem alguém nos observando, não é?

Mas ele não o fez.

Simplesmente olhou para trás de mim e rosnou, levantando-se logo em seguida. O cara correu assustado e Miguel foi atrás, tentando não ser atropelado pelos carros que passavam e buzinavam.

O sangue pulsava em meus ouvidos. O nervosismo deixava minhas pernas bambas e antes de me dar conta, já estava correndo atrás do corpo atlético do Arcanjo.

Felizmente não fui atropelada por dois carros, mas foi por pouco.

Quando cheguei num beco que vira Miguel entrar, parei subitamente. Ele estava segurando o cara pelo pescoço e com a espada a centímetros do seu coração.

— Olá, Analu. — O estranho sorriu.

— Acho que você já o conheceu. — Miguel continuou olhando para o homem cheio de tatuagens e careca. — Esse ser desprezível a sua frente, querida humana, é Azazel.

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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