16 .0 R E S O L V E U A C R E D I T A R L O G O E M L Ú C I F E R

268 31 0
                                    

URIEL

Eu quase quebrei as algemas de tanta raiva. O sorrisinho de Azazel me deu ainda mais forças para formar intensos machucados e hematomas ao tentar me levantar.

Como pude ao menos tentar confiar em um demônio? Idiota.

— Você o quê? — Praticamente pude sentir meus olhos saltando das órbitas.

Eu queria matar Azazel. Sério.

Ele riu convencido e deu um passo atrás. Onde as minhas correntes não podiam lhe alcançar. O maldito podia ser um duque do Inferno, mas nunca, nunca, chegaria aos pés de um Arcanjo caído.

Mesmo que, infelizmente, esse Arcanjo estivesse preso.

— Você precisa pensar com a cabeça, não com o coração, Uriel. É melhor que Miguel venha. — Respondeu.

Sentei-me sobre os calcanhares, tentando ao máximo controlar minha frequência cardíaca. Pensar com a cabeça. Querer quê seu irmão e sua amada não viesse ao Inferno por inúmeras razões — dentre elas, para começo de conversa, estarem vivos —, agora era pensar com o coração?

Rangi os dentes.

— Sim, claro. — Respondi sarcástico, tentando deixar a decepção fora da voz. — Como não pensei nisso antes, não é? Talvez seja por quê Danielle o matará quando chegar aqui. E Analu? Hein?

Eu realmente entendia a falta de sentimentos em Azazel, mas isso não significava que podia ir contra minhas ordens. Trazer Analu e Miguel ao Inferno... era a ideia mais tola que eu já tinha ouvido até hoje.

— Você precisa entender, idiota. — Aumentou o tom, mas olhou para trás e sussurrou. — Quê se Miguel vier, você estará livre. Dane-se a humana. Eu disse para os dois que os ajudaria. Por exemplo, nesse exato momento a sua espada está sendo entregue a Analu.

Minha cabeça se apoiou na parede de barro. Ótimo. Tinha apanhado para nada. Meus dentes tinham sido quebrados para nada. Pelo menos meus ferimentos se curariam.

Mas isso era o de menos.

— Você tinha somente uma tarefa, Azazel. — Mordi os lábios.

Ela parecia estar se controlando para não pular em meu pescoço. Desejei que pulasse. Assim, pelo menos, eu daria uma lição naquele maldito demônio.

— Sim, proteger-nos. — Sibilou. — Lúcifer nos abandonará se conseguir voltar ao Céu. Mesmo não amando isso aqui, ainda posso dar uma voltinha lá em cima com os humanos quando eu quiser. Mas se ele for, o Inferno caíra no esquecimento. Sinto muito, Uriel, mas estou do meu lado, não do seu nem de Lúcifer.

Me engasguei com o sangue quando ele voltou a fluir de meus lábios e dentes para dentro da garganta.

— Você é egoísta. — Eu disse. — E você, Abaddon — minha cabeça chicoteou em sua direção —, o plano brilhante foi seu, não vai falar nada?

Ele nem levantou a cabeça. Só murchou as asas negras e quebradas, como se pedisse desculpas. Azazel suspirou de desdém.

— Você que é egoísta, Uriel, sempre foi e continuará sendo. Sempre os seus ideais na frente. Você não enxerga as pessoas ao seu redor. "Ah, Analu é isso." "Meu filho é aquilo." Poupe-me, inseto, olhe onde chegou.

O silêncio foi pesado.

Eu não queria me sentir daquele jeito, mas talvez Azazel estivesse certo. Somente no que pensava era em minha família humana, em como sairia daquela cela, mas nunca pensei em como os demônios ficariam.

Considerava-os páreas. Embora fosse um agora.

Mas forcei-me a reconhecer que eles antes de tudo foram anjos. Moraram no Céu comigo e com os meus soldados. Liderados por meu irmão. Não tiveram culpa, Lúcifer os fizera cair no buraco e por sorte, não fui junto.

Reconheci o fato, mas Azazel não parecia ter se dado conta.

— Sabe por quê está aqui? Não é pela humana. É pela sua teimosia. Você caiu por que não se deu conta de quê estava errado. Resolveu acreditar logo em Lúcifer... a nossa situação já não bastava? Olhe. A. Merda. Em. Quê. Nos. Metemos!

Por incrível que pareça, consegui manter a boca fechada. Meus músculos precisaram fazer bastante esforço. Tudo bem, odiava saber que ele estava certo e que eu tinha sido realmente idiota para ter caído por tentar trazer Lúcifer de volta.

Mas Azazel falando daquele jeito já era ridículo. Antes que pudesse saber o que estava fazendo, uma áurea me cobriu. Era dourada e brilhante. Estranho. Minha Ira se manifestando daquele jeito, ainda mais no Inferno.

Todos os Arcanjos tinham sua Ira. O último resquício de força — para nós era nada além de uma parca reserva —, mas se acionado, poderia matar todo o planeta.

Vi o quão assustado Azazel ficou, quase se escondendo atrás de Abaddon.

Forcei-me a me acalmar, respirando fundo algumas vezes. Lúcifer não podia nem sonhar o que estava acontecendo comigo naquele momento.

— Não morro de amores por você, Azazel, mas peço que proteja Analu.

— Não se preocupe. — Olhou para cima, como se realmente pudesse ver o que estava acontecendo na Terra. — Seu irmão está fazendo isso por mim.

---------------

Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

Guiada ao Inferno | Vol. II [DISPONÍVEL NA AMAZON]Onde histórias criam vida. Descubra agora