9 .0 V I C I A D O E M H E R O Í N A

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ANALU

Eu preciso que vá ao Inferno comigo... Eu preciso que vá ao Inferno comigo... Eu preciso que vá ao Inferno comigo... Eu preciso que vá ao Inferno comigo.

Essa frase quebrou minha cabeça ao meio.

Como assim?

— Por quê você fica com essa cara toda vez que eu falo uma frase? — Miguel estreitou os olhos.

— Você parece mais habituado aos humanos — brinquei, tentando arranjar tempo para pensar. — Ren não sabia nada quando caiu.

Ren... Uriel.

Ele deu de ombros descontraidamente, recolheu as asas para dentro do corpo e tirou a espada, jogando-a na areia sem nenhum cuidado.

— Talvez eu seja — disse.

Antes que eu pudesse pensar em alguma resposta, ouvi um pigarreio vindo de trás de mim. Virei-me com a testa franzida, só para ter a sensação picante da minha pele ficando ruborizada de raiva.

Cullan estava ali.

O desgraçado do meu tio sorria para mim com doçura, como se não tivesse matado meus cachorros quando meus pais partiram e como se não tivesse roubado todo o meu dinheiro.

Porco.

— O que você está fazendo aqui, querida sobrinha?

Cruzei os braços e me aproximei de Miguel, murmurando perto de seu corpo.

— O que aconteceu?

— Como assim? — Falou baixo e encarou meu tio.

— Por quê já sou médica? Se antes faltava eu fazer ainda o TCC. Por quê Christopher é meu namorado de novo? Por quê Cullan está aqui?

— Livre-se desse humano e conto a você o que aconteceu. — Baixou os olhos verdes.

A sorte era que Miguel estava com uma calça jeans e blusa preta, não com armadura, como quando Ren caíra.

Mordi os lábios e me forcei a acabar com aquele problema em especial chamado Cullan.

Ele era meu tio, irmão de minha mãe. Os olhos eram os mesmos que os meus, verdes, mas ao invés de os cabelos serem ruivos, eram pretos. Cullan tinha quarenta e dois anos, mas era bem bonito.

A cada semana, uma namorada diferente.

Gastava a merda do dinheiro que deveria ser meu.

Maldita hora em que ele resolvera se tornar juiz. E corrupto ainda por cima.

— Quero você longe daqui. — Falei, olhando-o diretamente nos olhos.

— Nós temos que conversar, Analu. Sobre a guarda do bebê.

Meu estômago praticamente virou pó.

— Como assim? — Gaguejei.

— Você e Christopher não tem condições de criar essa criança. Ele é um viciado em heroína e você, tem esquizofrenia. Imagine os exemplos que essa criança terá.

Primeiro... eu não ficarei com Christopher. Segundo, ele é viciado e eu nunca soube? Terceiro, espero que nem Lúcifer queira sua alma, pensei.

Rangi os dentes e fui até a espada de Miguel, peguei-a sem nenhum esforço. Miguel engasgou, aparentando estar surpreso... mas com ele eu lidava depois.

Apontei a lâmina afiadíssima para Cullan, que estava paralisado de medo.

— Eu quero que desapareça daqui. O filho vai ser meu e vou cuidar dele sem nenhum problema, entendeu? Ou eu mato você, juro que mato. — Naquele momento, não duvidava de mais nada.

Cullan correu dali sem nem olhar para trás. Idiota. Me acalmei um pouco e sem jeito, entreguei a espada para Miguel.

— Desculpe.

— Isso é inacreditável — mordeu os lábios —, então funciona realmente.

— O que funciona realmente?

— Você possuí o sangue de Uriel, pelo filho dele. E de Abaddon, o anjo da destruição. O Anticristo só está conseguindo sobreviver por causa do sangue deles. E sem contar... que só alguém com sangue celestial pode carregar a espada de um Arcanjo.

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Espero que tenham gostado :3

Bjocas da Gótica Suave :)

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