Desempregadas

capítulo 8

Eu não sei quem inventou a cama mas olha que essa pessoa estava de parabéns, era 06horas da manhã, eu tinha levantado da cama para poder satisfazer as minhas necessidades fisiológicas e segundos depois voltei mesmo sem lavar as mãos, estava meio que dormindo, aproveitando a minha cama, esse mês sim as coisas estariam feias pro meu lado, eu estava tentando levar um dia de cada vez e estava fazendo um excelente trabalho, mas depois de três meses teria que continuar a pagar a conta do aluguel da casa, realmente o três era o meu número da sorte,explicando melhor: a última vez que paguei o aluguel eu havia pago três meses adiantados e havia apertado o cinto com o resto durante um mês e eu pensava eu pagar mas três meses antes do prazo e ir fazendo assim para que no fim do ano eu tivesse algum dinheiro que pudesse usar para essas festas de fim de ano, coisa que a Ana sempre implorava e eu nunca havia experimentado, mas agora aqui estou eu, lisa, tesa, quebrada, pobre, basicamente desempregada.
Hoje eu iria passar a noite na casa de Ana só não passei ontem porque Ana recebeu umas visitas que eu particularmente não queria respirar o mesmo ar que as mesmas, mas isso realmente não vinha ao caso,depois dessa divagação vou dormir( basta eu querer dormir que eu vou dormir não tenho aqueles problemas que muitas pessoas têm de ficar horas tentando dormir sem sucesso).
Meu telemóvel vibrou de uma maneira horrível que fez com que a cama tremesse e a vibração atingiu o meu corpo o que me deixou deveras irritada pois eu estava quase adormecendo, amaldiçoando o facto de ter deixado o telemóvel na cama, coisa que eu nunca faço por questões de segurança, meu telemóvel carrega bem na banca ao pé de mim enquanto eu durmo, peguei o telemóvel seguindo o caminho por onde havia surgido a vibração e eu abrindo minimamente o olho esquerdo fui ver o que era.

*conversa, grupo no whatsapp*

Thaís: "Eu vou dormir antes que peque" 22:09h

Ana: "Tenham bons sonhos meninos, Thaís deixa de ser ciumenta, minhas visitas vão embora depois do almoço" 22:10h

Miguel: "Bom dia para as desempregadas mais belas da terra, enquanto vocês dormem eu vou trabalhar, mas pode deixar que eu resolvo isso hoje mesmo." 06:12h.

Eram essas as últimas mensagens do grupo do whatsapp com o nome "procurando emprego", um grupo de 3 pessoas,eu inclusive, com um nome patético, atribuído pelo mais recente amigo, Miguel, que supostamente iria arranjar um emprego para nós, eu e Ana no caso, revirei meus olhos, essa promessa de que ele arranjaria emprego para nós já tinha 3 dias e ele estava perdendo a credibilidade, esses dias serviram para conversar sobre nossos gostos, costumes e habilidades e também para eu ter a certeza do climão pintado de todas as cores do arco-íris entre os meus amigos, se posso chamar Miguel de amigo.

Thaís: "vai na paz e me deixa dormir"

Ele enviou alguns emojis com lágrimas nos olhos de tanto rir e eu revirei os olhos depois de colocar o telemóvel no sítio.

A verdade é que eu e Ana iríamos hoje ao sítio onde era o nosso antigo trabalho, no dia em que eu soube do incêndio tinha muita gente naquele sítio querendo saber o que se passava e os bombeiros estavam mais preocupados em arrumar as mangueiras e eu havia tido um vislumbre da moça que tinha dito para a gente ter cuidado no dia do pequeno inconveniente com os amigos do ex da minha amiga e eu mesmo distante posso jurar ter lido dos seus lábios as palavras "eu avisei", e depois perdi ela de vista, eu estava inconformada e algo me dizia que aqueles seres humanos tinham algo, só para não dizer tudo, a ver com isso e como que por puro e natural instinto resolvi olhar bem o local do crime e vi algo brilhando pela luz do Sol da manhã e fui até lá discretamente, era um isqueiro, estava todo escuro mas havia uma parte que provavelmente pela água de bombeiros tinha sido limpa e agora reluzia a luz do sol, apanhei ele e rápida e discretamente o guardei.