capítulo 10

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E lá estávamos nós naquela zona laboral, aquela zona que você vê que todos os prédios são industriais, que em cada andar de cada edifício está repleto de escritórios ao invés de habitações, e nós estávamos, deixa que vós diga, terrivelmente perdidas, esse tipo de coisa só acontece connosco, pegamos um taxista estrangeiro, novato, que não conhecia bem as rotas e deixou a gente no restaurante errado, ele pediu desculpas e disse que não fazia ideia de onde era o tal restaurante e por isso a gente não iria precisar pagar a corrida, e eu podia resolver essa situação ligando para Miguel vir ao nosso encontro mas sejam honestos comigo e me digam, qual de vocês com quase 3 décadas de vida, teria a coragem de admitir que se perdeu mesmo tendo a localização consigo? Pois é, nenhum de vocês, muito menos eu.
A boa notícia era que ele ainda não estava ligando para nos perguntar pelo nosso paradeiro, a má notícia era que já estávamos 09 minutos atrasadas então não faltava muito para a única boa notícia deixar de existir.
Olhei para a rua escolhendo entre as pessoas que estavam na zona qual seria a que eu iria pedir informações, algumas pessoas fumando seus cigarros, queimando seus pulmões e destruindo o planeta, não julgo, eu entendo, talvez noutro momento da minha vida eu tire um tempo para o meu maço de mentol que está guardado para momentos muito especiais e raros, sim eu fumo mas não todos os dias, podemos dizer que talvez 04 vezes ao ano, nada regular, havia também pessoas falando entre si e outras indo e vindo pela calçada, mas eu tive que esquecer isso por uns segundos, porque, vejam bem, há justificativa, acabava de ser estacionado o carro mais rápido pelo menos da marca Dodge, acho que era o "Dodge challenger SRT Demon"

Eu já tinha lido algo sobre esse carro na Internet mas vocês acreditem ou não eu nunca havia estado tão próxima de algum muito menos com ele parado e eu podia continuar a admirar aquela beleza por horas? Podia, mas tive que parar de fitar o carro assim que o dono saiu dele com seus óculos escuros e vestido a rigor, não pude checar bem o homem mas notei logo mesmo sem o ver, desde o momento em que ele estacionou o carro que provavelmente ele se achava dono do mundo, novamente teria que dizer que entendia, e eu entendia o homem, qualquer ser que tenha em sua posse um carro desse tipo tem toda a razão para pensar nisso, o homem abriu outra porta e saiu de lá uma criatura tão adorável provavelmente com três ou quatro anos, enquanto eles se dirigiam para seus destinos fiquei reparando no menino, era tão angelical, era loiro e tinha um corte também muito bem feito e era um total contraste do homem ao seu lado, podia dizer que era seu pai, ou não, tanto faz, o pai tinha o cabelo mais escuro e todo transpirava preto além de estar vestindo tons super escuros, e o menino era tanta luz, pulava de um lado para o outro enquanto o pai permanecia rígido, os segui com o olhar até ver onde entraram, olhei para a placa no topo e vocês não iriam acreditar mas eu acabava de encontrar o bendito restaurante, estranhamente me senti receosa por entrar no restaurante e honestamente era porque não queria estar no mesmo ambiente que aquele homem que mal vi, me pareceu ser aquele tipo de homem com um aviso em neon e cintilante com os dizeres: "mantém a distância", não só por ser homem, podia até ser uma mulher mas é aquele tipo de ser humano que eu absolutamente evito.

Thaís: Ana achei .

Ana: O que?

Olhou para mim, tirando os olhos do GPS e eu coloquei o pé na Estrada com muita cautela com Ana no encalço.

Thaís: O bendito restaurante.

Ana: Onde?

Thaís: Aqui.

Falei assim que chegamos na calçada. Apontei para onde estava o nome do restaurante, Ana pegou na minha mão tentando me arrastar para dentro do estabelecimento, mas eu rapidamente me soltei permanecendo imóvel, estagnada no lugar, petrificada, minha amiga estranhou, se virando para mim, esperando uma justificação da minha parte, dei de ombros e não disse nada, engolindo essa estranha sensação, entrando no restaurante e respirando fundo diversas vezes com minha querida melhor amiga com sua cara de quem não entendeu nada , também não havia nada para entender, lá estavam eles, o homem e o seu filho, de costas para mim e de frente para Miguel, me dava a entender que estavam conversando, e pela maneira séria em que eles falavam, consegui notar que era algo importante mas eles se despediram e a seguir a criança bateu "high five" com Miguel em forma de despedida, o homem pegou o que me pareceu ser uma encomenda da mão de um garçon que parecia sair da capa de uma revista, deixa que vos diga, não olhei para o rosto daquele homem novamente só para de seu filho, tinha olhos azuis, sabe aquele momento constrangedor de sua vida, em que você tenta fugir de uma pessoa indo para o outro lado da calçada? pois é, eu tentei ir para outro lado enquanto ele estava se aproximando alheio ao desconforto que causava e eu não obtive sucesso na minha missão e esbarrei numa garçonete loira que levava uma bandeja repleta de comida, tudo caindo em cima da coitada da menina, perfeitamente arrumada, o homem e seu filho passaram por mim, minha amiga e a empregada de uma maneira que eu consegui sentir o cheiro do seu maravilhoso perfume, ele continuou alheio a tudo que se passava a seu redor, ou seja, à toda a merda que eu tinha feito, mas seu filho não, o menino continuou de mãos dadas com o pai mas não tirando o olhar de mim, para minha boa sorte, que raramente tenho que se diga de passagem, Miguel veio ao meu socorro, pois ao contrario do sujeito anteriormente mencionado, ele e todo o resto do restaurante tinham notado a merda toda que eu tinha feito.

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