Dormi na casa de Thaís, depois de deixar David no aeroporto as 23h, resolvemos ficar juntas na casa dela numa maratona de filmes, claramente avisei minha mãe, enquanto eu baixava alguns filmes no meu computador portátil usando a Internet do vizinho de Thaís que colocou como password o nome da Internet, o que honestamente me fez rir pelo facto de ser tão previsível, Thaís fazia as pipocas e brigadeiro e a televisão estava ligada num canal de música e o programa que passava era um programa de mix de algumas músicas, eram até boas as mixagens.
Graças a Deus os filmes não demoraram tanto para baixar e então nós vimos os dois filmes que baixaram primeiro, acompanhados com pipocas, brigadeiros, água e refrigerante que era o que tinha de menu para a nossa noite, não sei quem caiu primeiro no sono mas sei que quem acordou primeiro foi a Thaís, quando acordei toda a bagunça que a gente tinha feito na noite anterior simplesmente tinha desaparecido e a casa estava arrumada.Os flashes do dia anterior começaram a passar pela minha cabeça...
Os bombeiros não haviam nos deixado entrar e também não havia lógica por que tudo o que algum dia foi um restaurante já não existia, o incêndio deu Cabo de tudo, foi dito para mim e para Thaís que ainda não sabiam as causas do incêndio e que por ser um restaurante era normal, talvez alguém tivesse esquecido alguma coisa ligada ou um curto circuito mas que de certeza havia explicação lógica, tempos depois o proprietário chegou e passaram para ele exactamente a mesma informação e disseram que caso o restaurante tivesse seguro as coisas se resolveriam, felizmente havia seguro, infelizmente até as coisas se resolverem a gente estaria desempregada, eu e Thaís tinhamos sempre azar com os empregos o último foi num hotel, houve corte de pessoal, e o que aconteceu? Eu e ela fazíamos parte desse pessoal! Esse nosso emprego no restaurante iria fazer 10 meses em 11 dias e bem é mais um para o curriculum...
Saí de meus devaneios assim que a porta da sala se abriu e entrou uma Thaís suada com alguns jornais em mão.Ana: bom dia flor do dia
Thaís: bom dia só se for para ti e até isso eu duvido.
Resmungou, fechando a porta, me levantei dobrei a manta que estava comigo quando acordei e peguei meu telemóvel do chão olhando para a tela tendo a certeza de que ela não estava partida e que ainda era de manhã, eram 08:43 am, ela ligou a máquina de café, posso dizer porque ouvi o barulho da sala e conhecia bem o ritual da minha amiga pela manhã e eu fui tomar um banho merecido mas não demorado, saí enrolada numa toalha encontrada no banheiro, de seguida já no quarto dela procurei por uma cueca minha que eu de certeza num dia qualquer havia deixado por lá, coisas de melhores amigas, vesti uma roupa dela, basicamente o único short que ela tinha lá que era mais meu que dela porque ela nunca usava ao contrário de mim e uma das blusas dela, procurei a mais colada visto que eu sou mais magra que ela, em mim a blusa ficou menos justa mas não ficou mal. Fui ter com ela na cozinha que era separada da sala por uma porta e encontrei ela com a sua típica chávena de café numa mão e na outra um marcador de cor verde fluorescente sentada numa cadeira apoiando os cotovelos na mesa com a atenção direcionada para a mesa onde estava um dos jornais que eu havia visto mais cedo, no outro lado da mesa como se fosse um prato de comida convidativo estava um outro jornal acompanhado de um marcador de cor Rosa também fluorescente, certamente como um convite para que eu me juntasse ao seja o que for que ela estava fazendo.
Thaís: podes fazer um café para ti também se quiseres mas tem água fervida se preferires chá.
Ela falou para mim sem tirar os olhos do jornal, claramente eu iria preferir chá, prefiro sempre chá ao café ao contrário dela, então fiz o meu chá Verde e de quebra uma sandes porque estava cheia de fome e sentei de frente para o jornal e o marcador Rosa, entre uma dentada e um gole de chá quente sabia exactamente as páginas que devia abrir,por sinal quantas e quantas vezes eu e Thaís já havíamos feito isso juntas?
Enquanto eu circundava algumas sugestões de emprego que nem de longe eram uma opção, surgiu na minha mente uma música e eu estava me esforçando para não cantarolar, me segurei, e mais um pouco... E não deu.
Ana:
" I'm only human after all
I'm only human after all
Don't put the blame on me
Don't put the blame on me"Logo de seguida calei minha boca, Thaís não reclamou estava demasiado compenetrada na tarefa de arranjar um outro emprego, não é como se ela não gostasse de música mas é que isso podia facilmente tirar sua atenção de suas prioridades, isso sim é uma coisa que ela não gostaria e tudo que eu menos queria era ver minha amiga estressada.
Eu nem sei por quanto tempo fiquei com os olhos naquele jornal, sei que não foi tempo suficiente, gostaria de dizer que fiquei horas mas estaria mentido para o mundo, o que eu sei dizer é que meu olhos já não aguentavam mais, as letras já não focavam e minha cabeça não captava as frases completas, desejei tanto ter algo mais importante para fazer que ler o bendito jornal mas não tinha, disfarçadamente abri exactamente na página de entretenimento, fazendo grande esforço para que Thaís não se apercebesse que eu estava simplesmente largando minha busca por momentos e fui nas sopas de palavras procurar as palavras: importante, comunicação, velocidade, matagal, fornalha, canalizador, cozinha e dentadura, encontrando ao invés de qualquer uma destas, a palavra trabalho, só podia ser o destino rindo da minha cara, porque era uma coisa que eu não tinha e por ironia devia estar procurando...No topo temos a música que Ana estava cantarolando...
Nota: amo essa música❤

VOCÊ ESTÁ LENDO
Desempregadas
RomanceAs duas jovens apaixonantes Thaís e Ana vão fazer vocês rirem, chorarem e se apaixonarem. As desempregadas são elas! O que fazer quando você se encontra na posição de desempregado, sabendo que a causa do teu desemprego foi um incêndio que talvez não...