Você tem a mim

O quê?

Me contar o que? Já tô até vendo o problema se formando. 

- Hã? 

Ela olha para o Lucas. 

- Agora não. Depois. - ela sussurra. 

Assim que chegamos no hospital esperamos uns cinco minutos até alguém vir nos atender. 

- Entra comigo Duda? 

Que?????? 

- Tem certeza filha? Digo que quer entrar? - meu pai pergunta desconfiado. 

- Tenho sim, tudo bem... 

Enquanto a enfermeira a examina eu me sento. Então Giovanna fala:

- Estou meio tonta... Pode pegar um copa d'água pra mim por favor? - ela pergunta meiga pra enfermeira. 

A enfermeira sai resmungando e Giovanna olha pra mim. Ela não é nada feia. Cabelos lisos. Olhos castanhos. Corpo magro. Nada mau. Vai ver que é por isso que o Luc... 

- Duda? 

- Hã? Que foi? - pergunto fria, porque depois de tudo ela não merece um pingo da minha gentileza. 

- Tem alguém nos ouvindo? Os meninos ou não sei, mais alguém... 

Eu abro a porta e vejo Ethan sentado com meu pai e o Lucas. 

- Não... Pode falar. 

- Olha Duda... Você não tem motivo nenhum pra acreditar no que eu vou te dizer agora. Só quero que você entenda e saiba o meu lado da história também. Na realidade eu estou bem. Só queria um tempo sozinha com você. Quero esclarecer algumas coisas. 

Eu me surpreendo. Eu não quero ser injusta. Só quero que ela me fale logo antes que a enfermeira chegue. Ou os meninos. 

- Fala logo. - a apresso. 

- Olha... - ela começa - Eu estava sim na orgia. Nós fumamos maconha e bebemos. Na realidade eu nem lembro de muita coisa. Eu só sei que eu dormi com o Lucas. Mas... Eu dormi só com ele. É verdade sim que os outros dois queriam transar comigo. Mais eu não queria eles. Só queria o Lucas porque eu... Amo ele... Como nunca amei ninguém. 

Eu respiro fundo. O quê ela acabou de falar? Ela ama o mesmo cara que eu? Porque sim, já a tempo eu admiti que o amo. Mas agora... Tudo está diferente. Porque tudo tem que ser tão complicado? Porque isso tem que acontecer só comigo? 

- O quê? 

- Duda sei que pode parecer mentira, mais não é. É verdade, eu o amo. 

E eu também, tenho vontade de dizer. Mas não o faço. 

- Ele não queria te contar porque te ama e não quer te perder... Por isso disse que eu dormi com todo mundo. Eu não dormi. Foi só com ele. Foi a minha primeira vez. 

Meu coração dói ao ouvir essas palavras. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu penso, eu não posso ficar com ele, primero: ela engravidou outra menina, segundo: ela ama ele, terceiro: ahhh nem sei, não tenho cabeça pra isso. Sei que não deveria me importar mas eu sou assim. E eu as vezes me odeio por colocar a felicidade dos outros a frente da minha. Mas nesse caso tem que ser assim. Eu respiro fundo. 

- Olha... Pode ficar com ele. Se o que você está dizendo é verdade... Só sejam felizes. Não o magoe. Seja boa pra ele, como eu seria... - digo chorando. Nunca poderei ser isso pra ele.

- Duda eu sint... 

- Não minta! Você não sente porra nenhuma. Voce não liga pra mim, não liga pra ninguém! Só pra si mesma. Espero que com a chegada desse bebê você melhore. Espero que se torne uma pessoa melhor. - digo chorando mais ainda. Eu não consigo ficar aqui. Quero sair. Quero ir embora dessa droga de hospital. Eu me viro pra abrir a porta quando vejo Ethan com a enfermeira ao seu lado. Ela está praticamente o comendo com os olhos. O abraço. 

- Me tira daqui por favor. - sussurro desesperada. 

Ele segura em minha cintura enquanto me puxa pra fora dando passagem pra enfermeira. Escuto Giovanna dizer que está melhor e que foi só um susto. Enquanto eu choro ela sai com a cara fechada. 

- O que você fez? - pergunta Ethan e eu sinto o ódio na sua voz. 

- Nada, só falei umas coisas pra ela. Nada de mais. 

- Eu quero ir embora. - digo, enquanto abraço Ethan de volta. 

Eu vou abraçada a Ethan e então escuto Lucas. 

- O que você falou pra ela? - ele pergunta com raiva. 

- Já chega Lucas. Eu já sei de tudo. Já sei que o bebê é seu. Já sei que ela não dormiu com mais ninguém... Sei de tudo. Pode parar olha... - digo enquanto choro - Acabou. Não tem mais tempo. Não tem mais "nós",  não tem mais nada. 

- Duda não faz isso. Por favor. Eu amo você. Eu amo você e você sabe. 

Deus como dói. Só espero que o que eu esteja sentindo passe. Só espero que pelo menos amenize. 

- Desculpa mais a gente não pode ficar mais junto. Ela tá grávida Lucas. Entende a gravidade da situação? Entende? Vocês vão ter um bebê. Uma vida. Que precisa ser cuidada. Amada. E isso exige tempo. Não posso te dar esse tempo. Eu sinto muito. - eu choro mais. 

- Filha... Vamos embora vem. - diz meu pai enquanto puxa meu braço. 

- EU TE ODEIO. - fala pra Giovanna. - Ela era a mulher da minha vida... E você estragou tudo. 

- Vocês dois Lucas. - eu digo me virando. Então ele me abraça. 

- Por favor. Me perdoa - diz com a voz embargada de tristeza. 

- Me solta... - digo então Ethan o puxa. 

- Deixa ela cara. Sério. Não quero arranjar confusão. Só solta ela e se afastar. 

Lucas me solta enquanto enxuga as lágrimas. 

- Espero que um dia você me perdoe. - ele diz. 

E eu espero te esquecer um dia😢. Ele se vira, indo embora com a Giovanna. 

- Querem carona? - meu pai pergunta. 

- Não obrigada. Vamos pegar um uber mesmo. - diz Giovanna. 

Meu pai parece intrigado. Deve tá pensando porque ele teve que traze-los aqui. Ahh. Depois eu explico. 

- E você Ethan? 

- Meu pai tá vindo me buscar. Eu disse que estava aqui. Ele já já chega. Obrigada pelo oferta. 

Eu vou até a porta do hospital. Meu pai entra no carro enquanto espera eu me despedir de Ethan. 

- Então... - ele começa - Posso te ligar hoje? 

- Claro. - digo. Devo estar péssima. Com o rosto péssimo, olhos vermelhos, nariz vermelhos. Aí que horror. 

- Ótimo então!  - diz animado. 

Ele então se abaixo e chega bem perto de mim. Aí meu Deus! Então ele dá um beijo no canto da minha boca e logo se afasta. Ahhhh. Se eu quiser algo é agora ou nunca! Eu me inclino, seguro em seu pescoço e o beijo. Ele parece surpreso de início mas logo segura em minha cintura e me puxa pra ele. Terminamos nosso beijo com vários selinhos. 

- Até. - ele diz me dando um beijo na testa. 

- Até. - digo entrando no carro. 

Então escuto meu pai. 

- Filha? O que ela te disse naquela sala? 

Ahh de novo não. Tanta coisa!