Enquanto estava no carro, via pessoas andando e ficava la, imaginando, como deveria ser a vida delas, como por exemplo, vi uma mulher toda de social, sentada numa cafeteria, com uma maleta ao seu lado, tomando algo na xícara, lendo seu jornal. Tentei imaginar sua vida pessoal, quantos filhos deveria ter? Será que era casada, solteira ou divorciada? As vezes fico surpreso por conseguir pensar em tudo isso em questões de segundos parado no farol.

Cheguei no posto abandonado, ele estava do jeito que sempre esteve. Janelas quebradas e escuras, paredes pixadas por nós mesmos. Vi algumas assinaturas e frases de minha própria autoria, minha frase favorita estava lá, ela faz parte de uma música chamada "Take Me To Church", diz assim a frase:

"Não há inocência mais pura do que nosso suave pecado."

Entro lá para dentro e estava Anthony, sentado numa cadeira se inclinando para trás e colocando os pés um em cima do outro na mesa enquanto mexia no celular, encosto na porta e percebo que ele não percebeu minha presença ali.

- Você conseguiu manter esse lugar do jeitinho que a gente gosta né? Bem Dark, tão escuro que chega dar medo.- digo com a tentativa de ele me olhar.

- Mas é claro né, se não tivesse assim, não seria nosso lugar.- ele diz e logo se  levanta e me da um abraço.- Saudades, não fala mais com os pobres né?

- Que isso, eu perdi contato com a maioria das pessoas daqui, mas me conta... O que aconteceu aqui enquanto estava fora?- pergunto sentando na mesa de pernas cruzadas.

- Muita coisa. Quer um refrigerante?- ele pergunta e eu concordo com a cabeça, ele abre o freezer e pega uma latinha e joga para mim, abro e começo a tomar enquanto ele começa a contar.- Por onde começar?

- Que tal com o Leonard, antes de eu viajar ele tinha ficado com a Thiffany né?

- Eles estão namorando.- diz Anthony e eu quase cuspi o refrigerante que estava digerindo.

- Serio?

- Sim, se não me engano vai fazer 3 meses semana que vem. Eles não foram os únicos que namoravam desde quando você viajou.

- Quem mais?

- Eu e Agatha namoramos 2 meses.

- Sério? Sempre shippei. Mas como assim "namoramos 2 meses"? Já terminaram?

- Infelizmente sim, semana passada, ela terminou comigo, fiquei super arrasado, mas agora estou tentando esquecer né.

- Que triste cara.

- Muito.

Eu e Anthony ficamos muito tempo la conversando, na primeira hora ficamos falando as novidades, falei que comecei a namorar Rilany, a reação dele foi super legal, aceitou numa boa, disse que estava até feliz por mim. Já o resto do tempo que passamos la ficamos relembrando coisas do passado, dias inesquecíveis que passamos juntos.

Já era 21h40, falei que precisávamos ir, ele concorda. Fomos para meu carro entrando la ele pergunta.

- Para onde iremos?

- Vamos passar perto da escola para eu comprar uma coisa, depois iremos na casa de Agatha buscá-la e todos nós iremos para a minha casa.

- Caramba, faz tempo que não falo com Agatha como era antes, acho melhor você me deixar em casa, não vou querer estragar o clima.

- Você vai Sim, e se ficar um climão entre nós, vou dar um soco na cara de cada um para parar com essa chatice.

- Tá bom.- e o mesmo ri logo após.

Fomos para a loja perto da escola e a mesma estava aberta, sorte a minha. Compramos alguns doces que deduzi se daria para todos.

No carro viro para Anthony e pergunto:

- Como Agatha sabia que iríamos nos encontrar?

- Eu falei, disse que tinha voltado, ela perguntou se faria algo e eu disse que você iria se encontrar comigo.

- Entendi.- digo e continuo o caminho em silêncio.

Logo depois passamos na casa de Agatha, buzinei e logo desci do carro e fiquei esperando na porta. Ela desce e assim que me vê me dá um abraço.

- Quanto tempo, nem fala mais com os pobres.- diz Agatha enquanto nos abraçamos.

- Engraçado, Anthony disse a mesma coisa.- digo.

- Sério? Ele veio?- pergunta Agatha.

- Estou aqui no carro.- vem uma voz de trás de mim, era Anthony dentro do carro.

- Ah, oi Anthony.- diz Agatha olhando para ele, ele não tira o olho do celular, apenas levanto a mão como um comprimento bem seco.- Então, aonde vamos?

- Para minha casa, Rilany está me esperando com os doces dela e um pessoal do Brasil quer conhecê-lo, qualquer coisa vamos para um shopping ou algo assim.- ela concorda.

Entramos no carro e Anthony continua mexendo no celular com aquela sua cara de desconfortável, pego a sacola de doces que estava em cima do banco do motoristas e jogo em cima do colo dele fazendo com que o mesmo leve um susto.

- Faz uma ai.- falo depois que sento e fecho a porta.

- Idiota.- fala pegando a sacola e voltando a mexer no celular.

- A patricinha da escola ainda gosta de mandar nas pessoas.- diz Agatha se referindo a Rilany e sobre os doces.

- Não, ela pediu para mim os doces e como eu sou um ótimo namorado eu fui lá e comprei.- falei para Agatha para deixar vem claro que agora somos um casal.

- Vocês estão namorando? Que reviravolta. O nerd que ninguém ligava com a patricinha que todos amava.- ela diz e logo da uma risada.

No caminho estava um silêncio constrangedor. Paramos no farol, Virei para Anthony que estava em seu celular e te dou um soco no ombro.

- Ai!- grita o mesmo.- Porque você fez isso?

- Eu disse que faria isso se você fizesse isso.- digo se referindo ao climão.

- Isso o que?- ele pergunta.

- Não sei, você deveria saber né?.- falo e olho para Agatha, e a mesma acha estranho essa minha reação.

- Ah tá.- diz Anthony e o mesmo volta para seu celular.

- O que está acontecendo aqui?- pergunta Agatha.

- Nada demais.- diz Anthony e eu volto a dirigir saindo do farol.- Então Agatha, o que fez nessa última semana?- pergunta Anthony e a mesma fica la respondendo, os dois ficaram puxando assunto e eu fui quieto até em casa.

Juntos pelas diferençasOnde histórias criam vida. Descubra agora