Rilany...

Me olhava no espelho, não me lembro a ultima vez eu não chorava. Estava com um vestido preto, um chapéu da mesma cor. Aquele era meu vestido favorito, mas depois de hoje irei rasgar, ele irá me fazer lembrar de momentos ruins da minha vida.

VOCÊ RECEBEU MENSAGEM DE: DINA.

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"Quer que a gente passa para te buscar?"

"Se não for atrapalhar, eu agradeceria muito"

"Passamos ai em dois minutos, okay?"

"okay"

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Desligo o celular e começo a procurar a chave para trancar a casa. Na procura acabei vendo a carta que Braian tinha me enviado a 5 anos atrás, peguei e logo depois acho minha chave e vou lá para fora. Se sento na escada e abro a carta e começo a ler, o que foi uma péssima ideia. Terminei e olho para onde foi o acidente, não tinha mais nada lá, é como se nada tivesse acontecido, ontem mesmo tinha várias emissoras querendo entrevistas como se fosse a pessoa mais importantes, mas depois que já fizeram a audiência subir, eles nem se importavam.

Meus pensamentos foram interrompidos quando meu pai e Dina chegam, me levanto abro o carro e me sento no banco de trás, nem chego a dar oi direito, vou direto para a janela. O silêncio estava no carro, ninguém comentava nada, apenas ficavam se olhando.

- Ele irá ser enterrado aonde?- perguntei quebrando o silêncio.

- Ele disse que quando ele morresse ele queria ser cremado, mas eu nunca pensaria que seria eu que faria isso.- disse Dina e meu pai coloca a mão em cima de sua calça como uma forma de dizer "Se chorar piora tudo, mas se você chorar estarei aqui".

- E as cinzas serão jogadas aonde?- pergunto.

- Numa praia perto da sua escola.- Disse Dina.

- Por que?

- Porque ele disse que foi lá que ele disse disfarçadamente o quanto amava uma pessoa.- Disse meu pai e eu logo dou um sorriso.

O resto da viagem foi em silêncio. Chegamos lá em menos de 20 minutos, era uma lugar que eu não sei explicar direito, mas era chique. Fomos entrando numa sala e lá estava: Evelyn, Higor, Ana, Kayque, Melissa, Anthony, Leonard, Thifany e um que digamos que seria o padre. Vejo Evelyn, parecia não estar- mas quem ali estava? Dou um abraço nela e sento ao lado dela.

- Já que estão todos aqui, podemos começar.-diz o padre. Ele fala tudo aquilo que falam em velórios: que o céu recebeu mais um anjo, que ele era uma pessoa muito especial para aqueles que estavam do lado dele e coisas do tipo...- Alguém gostaria de dar uma palavra antes de ele ser cremado?- me levanto.

Me levanto e logo ocupo o lugar onde o padre estava, com certeza tinha levado um papel com as coisas que eu falaria, mas o discurso do padre me fez pensar sobre: textos prontos vai parecer que ele não era uma pessoa importante para mim, então amassei o papel e respirei fundo.

- Então, por onde posso começar? O que o Braian era para mim? Podemos dizer que ele era a pessoa mais incrível que chegou na minha vida, na verdade, que mudou a minha vida, antes de eu o conhece-lo, eu era a patricinha da escola, a mais popular, que todas queriam andar juntas, mas ele me fez mudar o lado de ver as coisas... No caminho para cá, meu pai me disse aonde seria jogada as cinzas dele, ele disse que foi lá que ele disse "disfarçadamente" o quanto amava alguém, mas não foi, lá foi o lugar em que ele disse o quanto cuidaria de mim, que seria o namorado que eu merecia, e realmente foi... Lembro de uma vez que ele virou para mim e disse: "Se você viver 100 anos, eu vou querer viver 100 anos menos 1 dia, para mim nunca saber como é viver 1 dia sem você", na hora, achei isso a coisa mais fofa que alguém pode dizer para outro alguém, mas hoje foi o dia em que percebi que esse é o ato mais egoísta que eu já vi, porque quando você morre, você não sente saudade, amor, dor, nem nada, mas e as pessoas que você deixa para trás? Como elas ficam? Caramba Braian, eu te odeio com todas minhas forças, desde o primeiro dia em que te vi você me faz sofrer... Mas também te amo, por tudo que você me fez passar, mas mesmo assim continua a meu lado... Vou sentir saudades...- coloco a carta em cima de uma mesa que tinha e vou lá para fora chorando o mais rápido possível.

Sai lá para fora e sento na calçada e não me aguento de chorar, não acredito que aquilo estava acontecendo, estava esperando eu acordar e ver que foi tudo um sonho, vou acordar no colegial e vou faltar o dia do testes para Romeu e Julieta.

Não posso reclamar, chorar não adianta nada. Limpo as lágrimas e fico olhando para a rua. Lembro do dia em que ele deu um soco na cara do Richard por mim, lembro dos dias em que ele me fazia chorar de felicidade, lembro do dia em que viemos para o Brasil e tinha um menino que tinha nos confundido como namorados e eu não tinha reclamado, lembro do primeiro "eu te amo"...Saíram todos os nossos amigos e sentaram lá comigo na calçada, todos me abraçaram e ficamos chorando ali... É... Vamos sentir saudade Braian.

Juntos pelas diferençasOnde histórias criam vida. Descubra agora