Neste momento são 10 horas da manhã de um sábado e minha mãe está me chacoalhando enquanto eu durmo.
-Que foi mãe? - Falo com a voz rouca de sono
-Já é tarde, vamos levantar! - Diz tirando o cobertor de cima de mim
-Mas é sábado! - Reclamo
-E daí? - Faz aquela coisa com a sobrancelha que só ela consegue - Você tem 5 minutos para estar na cozinha! - Grita já no corredor
Pego meu celular e verifico as notificações: uma tia velha que curtiu minha foto no Instagram e uma solicitação de amizade de um árabe no Facebook. Para vocês verem como sou importante...
Levanto da cama e calço minhas pantufas de vaca super velhas. Minha mãe sempre diz que eu devo joga-las fora, mas a culpa não é minha se a coitada é super confortável... Só paro de usá-la quando ela se desintegrar por completo.
Abro a janela e encaro o céu escuro de São Paulo. Fico um momento olhando para o além sem pensar em nada, mas minha mãe interrompe meus devaneios com um grito escandaloso.
-VAMOS LOGO, BIANCA!
Céus, como essa mulher ainda tem voz?
Bufo estressada e desço as escadas correndo.
-Pode me dizer o motivo de tanta gritaria num sábado de manhã? - Digo chegando na cozinha
-Bom dia, filha. - Vejo meu pai sentado na mesa
-Pai? O que faz aqui? - Tento imitar a expressão que minha mãe faz com a sobrancelha mas parece que foi falho, pois ela me repreende com a verdadeira expressão.
Um dia conseguirei reproduzi-la!
-Vim ver você, não gostou da visita? - diz com seu típico português com sotaque estrangeiro - Venha, me dê um abraço... - Abre seus braços largos em minha direção
Vou até ele a contragosto e lhe dou um abraço desajeitado.
Nós perdemos totalmente nossa intimidade depois que ele se separou da minha mãe e voltou para os Estados Unidos, país onde nasceu e viveu até certa época de sua vida, quando veio ao Brasil e se apaixonou pela minha mãe.
Ficamos um momento em silêncio, até que ele decide abrir a boca.
-Bia... - pigarreia
-Sim?
- Você quer ir morar comigo em Nova York? - Pergunta receoso
-De novo isso? Eu já disse que não! - Começo a ficar com raiva
-Filha, entenda que é para o seu próprio bem. Você virá para São Paulo quando quiser e vai poder conversar com as suas amigas todos os dias pela Internet. - Minha mãe se intromete
-Você sabe que não é verdade, mesmo por que nós não temos tanto dinheiro para ficar viajando pra lá e pra cá quando bem entendermos.
-Bia, você vai conhecer novas pessoas e estudar em um colégio super agradável - Meu pai fala
-Eu estou bem aqui, pai! Não quero mudar de escola e nem de vida!
-Bianca, você está sendo egoísta e mal agradecida! Qualquer garota da sua idade gostaria de ir para Nova York.
-Sério isso? - rio ironicamente - Primeiro que eu não sou "qualquer garota", segundo que eu gostaria de ir para Nova York, é claro que gostaria, mas não para morar! Eu não conheço ninguém lá, não falo inglês muito bem, vou ter que deixar minhas amigas, minha família! Para que isso, pai?

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Tão perto de você | CONCLUÍDA
أدب المراهقينEssa história tem muito romance, brigas, amizades e é impossível você não amar ou odiar seus personagens. -plágio é crime-