|Capítulo 17|

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O silêncio naquela casa era insuportável, quase conseguia ouvir o meu coração bater, não que eu soubesse porquê, sentia que sem o Luke aqui o meu coração não batia da mesma forma, não tinha a mesma força. Enquanto que com ele o meu coração batia com força e vivacidade, sentia-o no peito e ele também, por vezes perguntava-me se ele não iria sair, agora, que estava sozinha já não batia da mesma forma, parecia cansado, sem propósito de bater, era assim que me sentia. Toda eu, não só o coração mas ele continuava o mesmo Luke e não podia para o meu bem, estar com ele.
Estava a ver um filme quando o meu telemóvel tocou, enchi-me de esperança pois lá no fundo desejava ser ele a telefonar-me implorando que voltassemos a estar juntos, claro que quando olhei para o ecrã era apenas a minha mãe, atendi.
“Mãe? Está tudo bem?”
"Sim, filha, uma mãe já não pode ligar para saber como a sua filha está?”
”Sim, mas tu nunca fazes isso…”
”Olha, eu preciso de falar contigo, não te avisei mas acabei de sair do aeroporto e pedi ao Luke que me levasse a casa, estamos a chegar” Esta era a parte má do facto de a nossa mãe se dar tão bem com o nosso namorado, neste caso, ex-namorado, eles falavam bem um com o outro, ele dava-lhe boleia, falavam sobre mim e punham-me ambos no lugar.
“Devias-me ter avisado, eu ia-te ai buscar”
”Como passas a vida com o rapaz pensei que estivesses com ele”
“Tudo bem, apenas não o deixes entrar quando chegares”
Nem esperei uma resposta, desliguei logo, no entanto, tinha quase a certeza que ela convidaria Luke para jantar e passar cá a noite, não tínhamos quarto de hóspedes, por isso ou ele ficava comigo ou na sala, ou então ficava com a minha mãe, da forma como eles se davam não me admirava.
Decidi dar um jeito à casa enquanto eles não chegavam, arranjei-me também para que se o Luke me visse não achasse que eu tinha ficado mal, ele tinha de pensar que eu estava bem com a decisão que tinha tomado.
Ouvi a campainha tocar, e apressando-me a chegar lá, abri a porta olhando para a minha mãe que estava toda sorridente e depois para o Luke lá atrás que tinha a cabeça baixa. Deixei a minha mãe entrar e ia a fechar a porta quando ela me impede.
“Summer! Que maneiras são essas? O Luke vai ficar para jantar, como forma de agradecimento”
“Mãe, eu não acho…-“
“Pode ser, Luke?” Perguntou ela interrompendo-me, ambos sabíamos que com a minha mãe não havia volta a dar, e murmurou um consentimento, mal audível.
Ela lá foi toda contente fazer o jantar, como se apenas tivesse ido às compras, não tivesse passado quase 3 meses fora, como se não tivesse sentido saudades da sua filha.
Andei para a sala, o Luke seguindo-me como um cãozinho abandonado, sentei-me na ponta do sofá e liguei a televisão pondo o volume alto indicando-lhe que não queria conversas, imediatamente ouvi a minha mãe gritar da cozinha:
“Summer! Desliga a televisão agora mesmo! Conversem! As crianças e as tecnologias hoje em dia...”
Revirei os olhos mas lá baixei o volume, no entanto peguei no telemóvel e fiquei joogar um jogo que tinha instalado recentemente para não me sentir tão sozinha.
“Summer…-“ interrompi-o logo que começou a falar com um olhar e levantando a mão.
“Não quero falar contigo”
Ele suspirou mas respeitou o que eu queria, ficando ambos em silencio até que a minha mãe nos chamou para jantar. Sentamo-nos todos como uma família feliz, ela fez-nos algumas perguntas constrangedoras, percebendo apenas no final que tinhamos acabado o nosso relacionamento.
“Mãe, o pai?”
“Filha… discutimos isso depois, pode ser?”
Suspirei e nada disse, Luke manteve-se em silêncio, ambos comemos olhando de vez em quando para a minha mãe, uma pesoa que sempre dizia, quando lhe ofereciam álcool, que não bebia, a beber copo atrás de copo de vinho.

Yours | l.h. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora