|Capítulo 27|

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          Luke

Um ano se passou. Um ano em que nada fez sentido. Um ano sem ela, sem a pessoa mais importante da minha vida. 365 dias passados no hospital ao lado de uma cama, com o constante barulho de máquinas que estavam a fazer aquilo que eu devia ter feito, assegurar que a minha princesa vivesse em segurança.
Todos os dias era a mesma rotina: acordava cedo, ia para o hospital, sentava-me naquela cadeira desconfortável e ficava a falar com a minha menina, quando tinha de sair, dava-lhe um beijo na testa e, com grande esforço ia trabalhar, quando voltava para casa, dormia e no dia seguinte repetia-se o mesmo.
A esperança era a única coisa que me fazia levantar da cama, que me fazia comer, que me fazia querer sobreviver mais um dia pois no dia seguinte, podia eer o dia em que ela abria os olhos e me mostrava de novo aquele sorriso que fazia os meus dias valerem a pena.
Fazia um ano, exatamente um ano desde que, por minha culpa, ela tinha entrado em coma. Os médicos tinham dito na altura que tinha sido um milagre ela ter sobrevivido, mas tinha sido mesmo? Um milagre era algo bom certo? Seria bom ela estar, um ano ligada a máquinas, com o seu corpo a lutar, provavelmente a ouvir tudo o que dizemos mas sem poder responder? Sem se poder mexer nem falar? Seria isso um milagre? Quem sabe para no final termos de desligar as máquinas e acabar por ter passado tanto tempo em vão? Queria manter-me com esperança mas começava a duvidar que esta seria a melhor coisa a fazer, que seria isto que ela queria caso pudesse escolher.
Sentado naquela cadeira a olhar para ela estava-me a fazer pensar, duvidar que aquilo seria mesmo o mais acertado a fazer. Peguei na sua mão sentido os ossos e a pele fria, fiz-lhe festinhas e falei com ela como todos os dias fazia.
“A tua mãe veio falar comigo ontem, o teu pai também. Eles querem ver-te mas eu disse que não, não queria nenhum deles ao pé de ti depois de te causarem tanta dor. Agora que penso nisso, o que estou eu aqui a fazer? Não tive tempo nenhum para te fazer feliz, para ver o teu sorriso mais vezes e ouvir o teu riso… ouvir-te a cantar no carro, mesmo desafinada, ver-te a pensar na melhor roupa para vestir num encontro quando a única coisa que queria dizer era que ficavas bem com qualquer coisa, acordar todos os dias e sentir-te ao pé de mim, olhar nos teus olhos e ver aquilo que nunca vi em mais ninguém a olhar para mim, tanta adoração, tanta esperança, talvez de que me tornasse uma pessoa melhor e deixasse de te causar tanta dor. Olho para ti da mesma forma, meu anjo, tenho esperança, todos os dias, que acordes, que oucas quando falo contigo porque essas são as coisas que eu nunca te disse… eu sei que é egoista e que não me devia sentir assim mas eu preciso que acordes, preciso de ver os teus olhos, o teu sorriso, preciso de acordar de novo ao teu lado, sentir-te ao pé de mim, sentir os teus braços à minha volta… eu preciso de ti, preciso que acordes, nem que seja para gritares comigo, olhares nos meus olhos e dizeres que me odeias por tudo o que te fiz passar… por favor... és tudo o que de mais importante tenho na vida e sem ti não consigo viver, por mais lamechas que soe, é verdade, amo-te tanto que chega a doer" no final estava em lágrimas, nada que não estivesse habituado, era assim que passava a maior parte dos meus dias.
Mas naquele momento senti, não sabia se tinha sido impressão minha ou tinha sido real, mas podia jurar que tinha sentido o seu dedo mexer-se.

          Summer

Abri os olhos lentamente, não vendo ninguém ao meu lado, tentei ajustar os meus olhos à luminosidade, o que era bastante difícil. De repente a porta abre-se e ouço Luke a falar.
“Eu juro que o dedo dela mexeu! Porque é que não acreditam em mim?” olhei para ele sorrindo e lembrando-me que todos os dias durante este ano ele tinha estado ali, mesmo ao meu lado. Quando ele olhou para mim, a sua cara iluminou-se, mesmo com os olhos cansados, com olheiras, o cabelo todo emaranhado, que parecia ter acabado de sair da cama, ele sorriu como nunca o tinha visto sorrir e correu paea o meu lado espalhando beijos na minha cara, o que me fez rir um pouco mas comecei a tossir imediatamente.
“Tenha calma, senhor Hemmings, a paciente acabou de acordar não a quer sufocar já pois não?”
Ele ignorou-os e sentou-se ao meu lado pegando na minha mão e beijando-a múltiplas vezes.
“Tive tantas saudades tuas, amor" mas abtes que eu conseguissr responder, já o médico se tinha apressado a falar por mim.
“Tenho a certeza de que ela também teve saudades suas, mas agora tem de sair para vermos se esta tudo bem com a menina"
Ele ia começar a protestar mas eu apertei-lhe a mão levemente mostrando-lhe um sorriso que o fez assentir e levantar-se lentamente andando para a porta depois, saiu e fechou-a. Voltei o meu olhar para o médico que me olhava atentamente, logo começou a fazer-me perguntar e a ver se estava tudo bem comigo. Quando acabou deixou o Luke entrsr outra vez.
“Ela está bem, fica mais um dia cá psra verificarmos se continua assim e depois pode ir para casa"
O Luke assentiu e sentou-se de novo na cadeira depois de os médicos terem saído. Virei-me para ele e sorri.
“Obrigada por teres estado cá sempre, amo-te, Luke”
“Amo-te tanto, estou tão feliz de te ver bem, desculpa desculpa teres de passar por tudo isto por minha causa, junca me vou perdoar”
“Não faz mal, só me querias proteger, eu compreendo… o que aconteceu com eles? E os meus pais? E o Ashton e o Aiden?”
“Bem… eles estão mortos, juntamente com o Aiden porque ele tinha feito um acordo com eles e estava a planear aproximar-se de ti e matar-te, os teus pais vieram visitar-te umas vezes, mas como estavam sempre a trabalhar não podiam vir mais, também não queria que eles viessem, eels magoaram-te, o Ashton falou comigo porque queria despedir-se de ti, ele foi para fora do país seguir fotografia, sei que eram amigos e desculpa ter-te impedido de estar com ele"
Olhei para a parede a tentar processar aquilo tudo, os meus pais, mais uma vez, tomaram mais atencao ao trabalho do que a mim, o Ashton tinha seguido a sua vida e o Aiden estava morto.
“Foste tu que os mataste?” olhei para ele com um pouco de medo, ele não respondeu, desviou o seu olhar do meu em vez disso, era a confirmação de que precisava.
“Eu deixei de o fazer… saí dessa vida, agora tenho um trabalho honesto num café ao pé de casa"
“Estou orgulhosa de ti, Luke… mudaste tanto, e para melhor"
Ele sorriu e encostou os lábios aos meus, senti que, pela primeira vez podíamos ser felizes os dois.

Yours | l.h. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora