Annormal; Capítulo 9 – Vermilion
— Se eu te responder, posso te fazer as mesmas perguntas? — Taehyung perguntou, e Hoshi assentiu.
— Bem, eu os vejo desde os treze anos. Fui amaldiçoado quando meus pais morreram em um ritual. — Hoshi arregalou os olhos, surpreso. Ele podia imaginar o quão traumático aquilo devia ter sido. — É por isso que tenho medo... eu vi tudo acontecer.
— Então, você não nasceu com a maldição? — Hoshi perguntou, pensativo.
— Não. Sou filho dos sacerdotes Kim. — Taehyung revelou, e Hoshi ficou sem palavras, a boca entreaberta, surpreso com a informação.
Os sacerdotes Kim eram famosos, tão conhecidos que suas mortes trágicas estamparam a primeira página dos jornais. A causa foi oficialmente diagnosticada como parada cardíaca e hemorragia interna, em ambos. O mais estranho era que ninguém questionou o fato dos dois terem morrido no mesmo dia, pelas mesmas causas. Taehyung tentou desesperadamente explicar aos médicos e jornalistas o que realmente havia acontecido, mas foi ignorado e, logo depois, enviado para uma clínica psiquiátrica. Passou cinco anos lá, sendo liberado apenas para frequentar o colégio, sempre acompanhado por um psicólogo da clínica. Isso só o fazia sentir-se mais isolado. Enquanto tentava seguir com sua rotina, enfrentava os demônios e espíritos que continuavam a atormentá-lo.
Os dias na clínica eram uma prisão mental. Ele passava grande parte do tempo confinado a uma sala de isolamento, imerso em desespero. A sensação de estar preso àquele lugar, lidando sozinho com seus medos, era torturante, fazendo cada dia parecer uma eternidade sem fim.
— Entendi... — Hoshi murmurou, mergulhado em seus próprios pensamentos.
— E você? — Taehyung perguntou, afagando o próprio braço ao se lembrar do seu passado.
— Bem, eu já nasci amaldiçoado. — Hoshi riu sem jeito. — Além de vê-los, eles me contam o futuro. É horrível às vezes, porque sou proibido de mudar o que vejo, mesmo que algo terrível esteja para acontecer. Mas, às vezes, eu guio alguém para mudá-lo por mim. — Ele sorriu de forma sapeca.
— Mas você não tem medo daquelas... coisas assustadoras? — Taehyung perguntou, ainda incrédulo de como Hoshi lidava tão bem com algo tão apavorante.
— Não, porque sempre vi essas coisas. — Hoshi fez uma careta óbvia, como se fosse algo normal para ele. — Mas não é fácil ser chamado de louco pelos próprios pais. Eles tinham, e ainda têm, muito medo de mim. Desde criança, fui possuído algumas vezes. Os espíritos me "salvaram", porque eu conversava com eles... e ainda converso, então nunca me sinto sozinho.
— Ah... — Taehyung sussurrou, sentindo pena. — E está tudo bem ser... possuído?
— Não acontece mais, isso era consequência de ser uma criança médium. Agora está tudo sob controle. — Hoshi respondeu com naturalidade, desviando o assunto. — Mas mudando de assunto, o que você e o Gguk estavam fazendo? — Hoshi deu duas cotoveladas leves no braço de Taehyung, que ficou corado com a pergunta.
— A gente foi almoçar, e agora viemos comer uma sobremesa. — Taehyung respondeu, lançando um olhar na direção de Jungkook, que os encarava, comendo despreocupadamente o biscoito que restava do sorvete. — Ah, não, ele tomou todo o meu sorvete! — Taehyung reclamou, fazendo Hoshi rir.
— Saquei. — Hoshi sorriu, lançando um olhar desconfiado. Ele já suspeitava que houvesse algo mais entre os dois.
Eles retornaram para a mesa, onde Jungkook os aguardava com um olhar desconfiado.
— O que estavam cochichando? — Jungkook perguntou enquanto terminava o que restava da casquinha.
— Nada demais. — Hoshi respondeu, se dirigindo ao balcão para pegar mais sorvete. Ele voltou com um de chocomenta e outro de tutti-frutti, entregando o primeiro a Taehyung. — Toma, já que o guloso do Jungkook pegou o seu.
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Annormal 1.0 ( Kth + Jjk )
Fanfiction|CONCLUÍDA| Taehyung passa mais uma noite sem dormir, atormentado por pesadelos que parecem ganhar vida. Eles não são apenas alucinações, mas sim manifestações de uma maldição herdada de seus pais, que eram sacerdotes e morreram tragicamente nas mão...