Annormal; Capítulo 12 – Nostalgia Melancólica
— Eu posso explicar, pai — Jungkook falou, a voz baixa e hesitante, sentindo o desconforto crescer dentro de si. Sua postura se fechou involuntariamente, e Taehyung não reconheceu seu amigo ali.
— Que porra é essa? — O pai rosnou, o olhar cheio de raiva e desprezo se fixando tanto em Jungkook quanto em Taehyung, cujo rosto ainda estava inchado pelas lágrimas.
— É que meu amigo não pode ir para casa — Jungkook começou, a voz trêmula enquanto tentava manter a calma. Ele sabia como o pai reagia nessas situações, e cada palavra era escolhida com cuidado, mas mesmo assim o pai achava brechas para agir com ignorância.
— Por quê? Ele também é um veadinho, assim como você? — o pai provocou, cutucando a testa de Jungkook com força.
O cheiro forte de álcool inundou suas narinas, confirmando que o pai estava, de fato, bêbado. A sensação familiar de náusea e medo voltou, e Jungkook sentiu a raiva e a vergonha crescerem dentro de si. Aquele não era apenas um ataque, era uma ferida sendo reaberta.
— Poxa! Para com isso! — Jungkook explodiu, a voz saindo mais alta do que esperava, e Taehyung se assustou um pouco. Ele queria sair dali, mas não faria isso com Jungkook, que o ajudou tanto. — Ele tem problemas em casa também, olha para ele! — O impulso de abraçar Taehyung surgiu, mas a hesitação foi mais forte; ele sabia que qualquer gesto poderia piorar a situação. — Ele pode dormir aqui hoje?
— Eu vou ficar de olho. Não confio nesses seus "amiguinhos" — o pai rosnou, as palavras carregadas de desprezo. Jungkook sentiu o peito apertar, e a vergonha queimou sua pele ao olhar para Taehyung, que estava claramente desconfortável.
Jungkook abaixou a cabeça, a sensação de impotência o esmagando. Era sempre assim, como se ele nunca fosse bom o suficiente. O olhar do pai, o tom de voz, a hostilidade — tudo se repetia, um ciclo sem fim que o fazia se sentir um fardo, alguém indigno de... viver.
Sem mais palavras, ele subiu as escadas com Taehyung ao seu lado. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, e ele tentava esconder o tremor em suas mãos. Estava furioso.
Assim que entraram no quarto, Jungkook trancou a porta e, em um impulso, descarregou a raiva acumulada socando a parede com força, assustando Taehyung novamente. Cada golpe era uma tentativa desesperada de expulsar o ódio que o consumia.
— Ele é um idiota! — gritou, dando mais um soco. Mas antes que pudesse machucar ainda mais a mão, Taehyung o segurou, tentando detê-lo. — Puta que pariu! — Jungkook gritou com toda a força, sentindo a garganta arder enquanto a raiva explodia. Ele se desvencilhou e socou a parede com a outra mão, abrindo os machucados recentes nas falanges. O sangue manchou a parede, misturando-se às marcas antigas.
— Não faz isso, você vai se machucar! — Taehyung pediu, colocando-se entre Jungkook e a parede para impedir outro soco. Ele olhou ao redor e percebeu que aquela parte do quarto estava coberta por manchas de sangue seco. Não tinha ideia da raiva que Jungkook carregava dentro de si. Fora de casa, ele parecia ser alguém tão diferente.
— Eu odeio ele, odeio muito — Jungkook murmurou, olhando para o punho machucado, agora com um rastro de sangue escorrendo. — Eu preciso descontar essa raiva em alguma coisa, senão eu enlouqueço! — confessou, a voz quebrando com a intensidade do que sentia.
Ele se sentou na cama com um suspiro, o corpo ainda tenso, os músculos enrijecidos pela adrenalina. A dor física era forte, mas não se comparava ao caos que estava sua mente.
Tentando aliviar o clima pesado, Taehyung olhou ao redor e viu um pôster do BIGBANG pendurado na parede.
— Você gosta? — perguntou, com um sorriso suave, claramente tentando mudar de assunto para ajudar Jungkook a se acalmar.
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Annormal 1.0 ( Kth + Jjk )
Fanfiction|CONCLUÍDA| Taehyung passa mais uma noite sem dormir, atormentado por pesadelos que parecem ganhar vida. Eles não são apenas alucinações, mas sim manifestações de uma maldição herdada de seus pais, que eram sacerdotes e morreram tragicamente nas mão...