X - Íris

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Annormal; Capítulo 10 – Íris

Taehyung despertou ao som estridente do despertador, sentindo seu coração disparar ao perceber que não estava na cama, mas no chão frio de seu quarto. Uma brisa gelada atravessava a janela entreaberta, envolvendo-o em arrepios desconfortáveis.

Ao se levantar, um calafrio percorreu sua espinha. "Eu realmente ia morrer?" — indagou-se, sentindo os olhos começarem a marejar. Por sorte, antes que ele pudesse se lançar pela janela, o cansaço e a fraqueza o dominaram, fazendo-o desmaiar. Um corpo desacordado é inócuo para os espíritos, e isso talvez tenha salvado sua vida.

Taehyung caminhou até o banheiro, e ao olhar no espelho trincado, percebeu que um rastro de sangue seco escorria de seu nariz. Sentiu o estômago revirar e seu peito pesar.

Sem hesitar, ele entrou no chuveiro e, com as mãos trêmulas, começou a esfregar o rosto e o corpo com desespero, como se tentasse apagar o que havia ocorrido. A água quente escorria por sua pele, mas não trazia alívio; pelo contrário, dessa vez parecia intensificar as lembranças. A visão de sangue o enchia de uma repulsa incontrolável.

Ele esfregava o corpo com força, na tentativa de afastar as memórias, mas o medo continuava enraizado. Mesmo assim, persistiu, como se pudesse lavar de si as marcas que a noite anterior deixara.

Ao sair do banho, com a pele vermelha de tanto esfregar, ele vestiu-se às pressas. As lágrimas ainda escorriam sem parar, mas ele sabia que precisava seguir com o dia. Não podia se deixar consumir pela tristeza novamente, não agora que sua vida estava começando a melhorar, ou pelo menos assim ele tentava se convencer.

Hoje seria dia de consulta com o psiquiatra. Se Taehyung mencionasse o que havia acontecido, sabia que seria prescrito mais remédios. Mas de que adiantaria? Os comprimidos só se acumulavam em sua gaveta, intocados.

Ainda era cedo, e ele não queria começar o dia no fundo do poço, então decidiu sair de casa. Caminhou até a praça em frente à faculdade, onde o ar fresco da manhã parecia menos pesado. Sentou-se em um tronco de árvore cortado, observando as folhas balançarem ao ritmo do vento. Tentou focar no som dos pássaros, no farfalhar suave das folhas... mas a inquietação em seu peito não o deixava em paz.

Taehyung cobriu o rosto com as mãos, sentindo as emoções ameaçarem transbordar novamente. Ele respirou fundo, tentando diminuir a dor em seu peito, mas parecia impossível. A sensação de sufocamento o atingia, e tudo o que ele queria era desaparecer por um instante, encontrar algum alívio, mesmo que momentâneo...

— Boo! — Uma voz suave o assustou, e Taehyung ergueu o olhar, vendo Nayeon sorrindo levemente, embora seus olhos logo revelassem preocupação ao notar o estado dele. — O que aconteceu? — Ela se abaixou na frente dele.

— Na-nayeon... — Taehyung tentou, mas as palavras pareceram emperrar em sua garganta.

— Calma, respira — Nayeon se aproximou, abraçando-o. Taehyung fechou os olhos, tentando controlar sua respiração em meio a uma crise de ansiedade.

— Eu ia morrer... — Ele finalmente disse, sua voz quebrada pelo desespero. — Eu ia... pular da janela, mas eu juro que não queria fazer isso...

— Pular da janela? — Nayeon arregalou os olhos. — Mas calma, já passou. Você está aqui, está comigo. — Ela o apertou mais forte, tentando tranquilizá-lo, mas sua mente estava a mil. Como assim ele ia pular da janela, mas não queria fazer isso?

— Eu espero que sim... — Taehyung murmurou, em estado de choque, sentindo-se ainda mais sufocado.

Nayeon soltou Taehyung por um momento e, ao olharem para frente, ambos viram Jungkook se aproximando com seus amigos, Hoshi entre eles. Jungkook notou o estado de Taehyung de longe e correu até ele, com Hoshi logo atrás.

Annormal 1.0 ( Kth + Jjk )Onde histórias criam vida. Descubra agora