Problema nas Floresta

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Nos dias que se seguiram as férias de verão nos alcançaram e a faculdade entrou em duas semanas de recesso. Kat iria me levar para a praia mas como houve muitas mortes no local, fomos para seu chalé.

Descemos nossas malas e a loira foi na frente destrancar as portas, Riley carregava o excesso de bagagem de sua namorada com um sorriso amarelo direcionado a mim.

- Kat pode ter me forçado, mas eu quero mesmo te pedir desculpas como eu agi no refeitório.

- Não precisa, eu te perdoo você não fez nada demais, não é obrigado a gostar do que eu faço

O ronco familiar de uma moto me atingiu em cheio, ele havia nos encontrado?

- Falou pra ele onde estávamos?! - Gritei vendo ele levantar poeira a toda velocidade.

- Eu menti, falei que estávamos na praia. Vai ver que ele ligou os pontos.

Logo ele estacionou a moto e jogou o capacete no chão andado até as escadas.

- Está me ignorando? Eu pelo menos posso saber o motivo?

Passei a mão no pescoço dando sinal para Riley dar licença.

- Eu vou ali, na cozinha.

Quando ele saiu a fala descontrolada do boxeador deu início.

- Calma por favor...

- Não me venha com calma Benjamin! Sabe quantas multas eu vou ter que pagar quando voltar? Você me tira do sério garoto!

Ele ficava tão fofo quando nervoso.

- Porque tá me olhando como se eu fosse um bicho no zoológico?

Acariciei seu queixo, sua pele era seca e morna.

- Você é fofo, vamos só relaxar nesse recesso? Faz isso por mim?

Ele reclamou mais pra ele que pra mim e se deu por vencido.

Acariciou minhas costas e entramos.

Talvez o verão conserte o passado.

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Mesmo na primavera, o frio não dava trégua a noite. Toby acendeu a lareira e se sentou no braço da poltrona onde eu estava.

Kat vinha com uma bandeja cheia de canecas de chopp. Pelo seu andar atrapalhado ela já brindava antes.

- Você tá bem pra beber? - Toby sussurrou.

Acenei que sim com a cabeça.

- Que tal uma brincadeirinha pra animar a noite?

- Lembro das suas brincadeiras de antigamente Kat. Você era ótima de médica com os outros garotos.

- Eu sempre soube que seria uma doutora - Kat falou inspirada.

- Que tal " Eu nunca "? - Riley deu um gole.

- Jogo sujo parceiro, eu topo. Ben?

Peguei a caneca e Kat girou uma garrafa de cerveja Irmãos de Sangue. Parou em Riley.

- Eu nunca... Transei no banheiro da boate.

O lutador como óbvio bebeu, mas Kat foi a que mais deu goles. Imaginei se cada gole foi pra cada parceiro.

- Eu nunca... Beijei alguém dessa sala.

Senti o tempo pesar. E já sabia aonde isso ia terminar. Em conflito externo.

- Tá com algum problema cara? Desembucha.

Toby coçou a barba e o fuzilou com o olhar.

- Só acho legal agora essa sincronia de vocês. O bom menino e o bad boy, parece até fanfic gay.

- Riley! - Kat gritou

Toby apertou os punhos.

- Tudo bem Kat, ele só tá bêbado e quer chamar a atenção - Me levantei - Acho melhor irmos dormir, boa noite.

Antes de subir as escadas Riley me agarrou de surpresa. Tentei me soltar graças a sua altura era impossível.

Seu bafo de cerveja me machucou no fundo da alma. E ele se divertir com isso foi pior ainda.

Toby pulou em cima dele e o derrubou no chão. Parecia dois animais mas Riley seria o perdedor.

Me sentei nas escadas e recuperei o fôlego. Kat separava os dois.

Brigas

Indiretas

Conflitos

Inimizade

Era graças a mim, corri pra varanda para ficar sozinho mas o motoqueiro não permitia.

- Você tá bem, Ben? O Riley te machucou?

O motoqueiro tentou me tocar mas me afastei. Tudo aquilo já era demais.

- É melhor eu ir embora. Já passei por muitas coisas esses tempos e preciso descansar.

- Vai pra onde?

- O dormitório, há poucos estudantes agora.

Kat me barrou na porta.

- Ben me desculpa, Riley é meio...

- Babaca quando bebe? Eu sei como é esse perfil. E não obrigado a aturar ele. O Riley não.

Subi para meu quarto e juntei as poucas coisas minha no banheiro. Quando saí, Toby estava na porta.

- Não me impeça por favor. Já chamei muita atenção por esses tempos.

- Vim te oferecer carona. Não vai achar um táxi por aqui.

Fechei a mala e dei um sorriso amarelo agradecendo ele.

Ele tentou pegar minha mão mas recuei.

- Não, sem toques por favor.

- Você tem um problemas com ser tocado? Você já foi...

- Molestado? Já. Estuprado? Claro. Humilhado e vendido? Essa é a melhor, claro que sim! Quando se cresce num lugar cercado de Riley's é meio inevitável.

- N-não sei o que dizer - Sua pupila era perdida.

- Você já me viu antes, no bar do meu pai anos atrás com um grupo de amigos. Onde meu pai me vendeu pra um de vocês...

Não sei o motivo de ter contado, caso contrário eu teria explodido

Enxuguei as lágrimas e não sabia mais diferenciar o riso da tristeza.

- Esse é o meu problema, não o seu. Pode voltar a me imaginar como o bom é virgem Benjamim amanhã. Hoje só quero chorar.

Toby fechou a porta e me abraçou forte. Me desabei em lágrimas no seu ombro.

- Esse era o seu problema. Agora é o nosso, Você é meu problema



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