Ele me analisava como uma sereia num aquário de peixes.
Deslocado.
- Calma grandão, não foi assim.
Ele apenas me abraçou e cheirou a curva do meu pescoço.
Mordi seu ombro nu de leve e o cheiro de cigarro barato foi me inundando.
Quando eu fui abusado, não foi apenas uma ou duas vezes mas incontáveis vezes desde criança até quando fugi.
Ele era amigo do meu pai, mais um sócio e parceiro cafetão que me usava como descanso mental e objeto de tortura.
Numa dessas noite eu estava no cabaré do meu pai onde conhecia um antigo amigo prostituto.
Ele me viu sofrendo e foi o único que se importou comigo além das dançarinas que me ajudavam e a família de Kat.
Ele sentiu empatia na minha dor e a resolveu num dia pra noite.
- Ele o assassinou? - Sua voz saiu abafada.
- Pior, sua morte foi lenta e ridícula na solidão.
Ele ainda não havia entendido.
- Foi infectando por AIDS pelo próprio filho, e em questão de meses o inferno o beijou como um amante de longa data.
Ele poderia me deixar, mas não iria arrasta-lo para minha vida de baralho e gângsters.
- Se você me mandar embora eu vou aceitar, você tem o diretor. Riley tinha razão, não sou tão santo quanto aparento.
- Não, claro que não! Você sobreviveu. É um sobrevivente não vou te julgar, não sei o que faria no seu lugar. Mas você escapou Ben, e eu ainda te amo.
Sorri e não havia mais lágrimas.
- Você tem mais cicatrizes que um lutador, amor.
____________________________________- Desembucha coroa.
Toby o bateu, e o velho derrubou o garfo.
- Calma ae, isso é jeito de tratar seu sogro?
Ele o puxou pela camisa o imprensando na parede e o erguendo. Me sentei no seu lugar na bancada e soltei o ar.
- Eu só não te arrebentei ainda pelo Ben, mas não vacila comigo não num beco - O lutador sussurou - E eu te faço sentir o quão duro eu sou. No estilo que fazia seu filho sentir.
- Pode soltar ele Toby, ele já tá enrascado. Por isso veio.
Abri seu celular o jogando no ar e Toby o pegou no ar.
- São dividas e mais dívidas em bares e cassinos famosos, veio aqui como medo de morrer e por dinheiro.
- Como nos achou? - Toby pisou no celular.
- Escura aqui o lutador de meia tigela...
Antes que terminasse a ofensa um soco e ele caiu de costas no tapete.
- Ele é meio explosivo, meninos se casam com os pais mesmo, meninos gays.
Seu casaco manchado estava pendurado na cadeira, o vasculhei aproveitando estar distraído com Toby.
Havia maços de cigarro, chiclete derretido e um pedaço amassado e rasgado unido por fita adesiva.
- Minha nota alta, foi assim. Sai no jornal.
- E o que fez esse idiota pensar que temos dinheiro?
Velho cuspiu no chão e uma poça grossa e escarlate desceu o chão, ele sangrar já era um incômodo.
- Meu menino! - Gargalhou.
- Você não Toby. Eu.
Ele estava cético. E meio irônico.
- Que foi? Não posso ter dinheiro?
- Não falei nada, mas você é meio sovina. Principalmente com xerox da faculdade.
- Eu uso as suas, um casal divide tudo - Dei de ombros sorrindo.
Ele ficou do meu lado e segurou minha mão.
- Quanto você tem?
- Não surta Toby, não é muito mas você pode não gostar de eu não ter te contado isso antes.
- Ele roubou de mim, antes de fugir com a família da Katputa! - Limpou a boca e se sentou.
- Dinheiro feito as minha custas seu velho desgraçado e nojento! Tomara que você morra com um uma pedra enfiada no cu!
Arremei o vaso na sua cabeça, ele desviou, infelizmente.
- Ignora o coroa Ben, quanto você pegou dele? Cinco mil? Dez?
- Dois bilhões de dólares.
____________________________________
- Que porra Ben! A gente conta isso antes pra quem namora!
Ele bateu a porta do quarto, o estresse queimava seu pavio curto.
- Oi, me chamo Benjamin me pai era um traficante/ cafetão/ agiota e pedófilo mirim e... Ah! Eu roubei seu dinheiro antes de fugir. Vamos almoçar hoje?
Toby torceu o nariz e me puxou pro seu colo.
- Colo ele não deu falta? Um bolão assim pesa do bolso.
- Não era físico, roubei cheques e transferi da sua conta pra minha. Uma parte deu para a família de Kat que me ajudou.
- E ele só viu o negativo agora? Depois de anos?
- O velho é atrapalhado com finanças, já eu não. Mas não tão burro pra me achar antes.
Beijei sua testa. Toby me confortou com seu carinho.
- Kat veio pra cá primeiro e fiquei com sua família na Carolina do Norte estudando até que ele me achou no meio de uma aula.
- Por isso se transferiu pra Franhs.
- Só tive tempo de me despedir deles e vir pra cá onde tive paz até ver um boxeador charmoso.
Toquei seu nariz.
- E eu uma criança perdida e difícil.
Soltei o fôlego.
- O que vamos fazer? Larga-lo na sarjeta?
- Enquanto ele estiver vivo, vai ser um problema Ben. Podemos larga-lo no mar.
- Ele nada bem, bem pra um bebum.
- Tem mais uma coisa amor.
- Não podemos deixar pra amanhã grandão? Já tive muita emoção por hoje.
Ele virou a tira de jornal e o símbolo despencou minha pressão.
- Ele deve ao Lobo Negro
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sou seu Problema
Teen FictionBenjamin é um bom garoto de aparência semelhante a porcelana e inocência nos olhares alheios, veio a faculdade para fugir de seu passado caótico. Mas ao conhecer Toby Jones um boxeador ilegal que cria uma atração estranha - sensual - por ele. Benja...