— Assim, vó? — Mostro a massa aberta na mesa, a mesma que eu abri com a ajuda de um rolo de massa depois de selar a bancada de mármore com farinha.
A senhora sorri, confirmando.
— Isso mesmo, querida. Agora nós só precisamos cortar o formato.
Hoje completam duas semanas que estou em Minas, na casa dos meus avós e rodeada da familiares amorosos. Estou na cozinha, vestindo um avental de estampa florida, o cabelo preso em um coque com uma presilha colorida infantil que peguei emprestada (de minha priminha) enquanto vovó me ensina a fazer torta de frango.
— Não acredito que estou viva pra ver sair algo bom do que Alice cozinha, realmente é um milagre. — Yasmim comenta, mastigando um biscoito polvilho sentada na cadeira da cozinha.
— Hahaha, que engraçada você, acordou virada no Patati Patata. — Ironizo. — E a senhorita só vai ficar sentada vendo a gente fazer o trabalho todo?
— Tô cansada, ter tanta beleza cansa.
Reviro os olhos, vovó apenas ri de nossas briguinhas bobas, como sempre.
— Não tem problema, outro dia ela aprende, não é querida? — Vovó diz gentil e Yasmim logo assente toda boazinha para a senhora, nem parecendo que é pior que o satanás.
Quando a senhora vira de costas Yasmim me da língua, retribuo também por que não sou boba.
A tarde se passou voando.
Eu estava radiante, era a primeira vez na vida que eu sentia realmente esse amor familiar, o qual sempre escutei falar mas nunca cheguei perto de conhecer. Minha avó era um amor de pessoa, muito atenciosa e paciente, me explicando calmamente os passos da receita enquanto eu me dispersava com a cena da doce senhora em um ambiente tão confortável e familiar.
Depois de pronta, nós três comemos a torta sentadas na varanda da casa. Senti orgulho de mim mesma pelo resultado do prato, Yasmim até mesmo deixou o orgulho de lado e me parabenizou pelo, segundo ela, "sabor divino, a chave para os portões do paraíso".
Lógico que eu fiquei me achando pra cima dela, mas sei que a responsável por um resultado tão delicioso foi inteiramente a minha vó e suas mãos de fada.
Após o lanche, vovó sugeriu que fizéssemos um passeio pelo shopping para pegar um ar, disse que muitas lojas estavam com desconto naquela semana pois era uma data importante pra cidade e, obviamente, ficamos animadas e aceitamos a sugestão. Em questão de minutos já estávamos arrumadas e saindo de casa, vovô aproveitou que iria para o bingo com os amigos da praça e nos deu uma carona até o centro, ficando de nos buscar quando ligassemos.
— Olha que coisa mais linda! — Disse Yasmim ao me mostrar um macacão jeans infantil com margaridas brancas bordadas.
Estávamos na área infantil de uma famosa loja de departamento, babando nas roupinhas.
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AMOR NO ALEMÃO [MORRO] #1
Ficção AdolescenteAlice é uma menina forte que já suportou muita coisa na vida, como ser maltratada e humilhada constantemente por seu progenitor. Com um pai viciado e moradora do morro do alemão, ela é uma menina com um passado trágico e um presente mais doloroso ai...