#Capítulo Dezesseis:

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— Felipe pelo amor de deus, eu tô grávida não morta

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— Felipe pelo amor de deus, eu tô grávida não morta. — Reclamo depois do mesmo pegar a caixa que eu segurava, reclamando do meu suposto esforço. — E outra, essa aqui só tem algumas roupas, não pesa nada.

— Todo cuidado é pouco, princesa.

Bufo revirando os olhos, desistindo de continuar o assunto sabendo que ele não mudaria de ideia, ele ri baixo do meu temperamento e planta um beijo em minha bochecha antes de sair carregando a caixa até o caminhão de mudanças do lado de fora. Depois de dois meses bastante complicados com os riscos do início da gravidez, tendo que ficar de cama e sendo tratada igual uma boneca de porcelana, agora com quinze semanas fui liberada pela minha médica a voltar a programação normal, mas com moderação, é claro. No começo foi até legal ser mimada por Yasmin e Felipe, vendo os dois correndo de um lado para o outro atrás de todas minhas vontades, entretanto não foi preciso mais que uma semana para eu começar a me sentir sufocada e me frustar pela inutilidade. Lógico, obedeci o descanso fielmente, tudo pelo bem do bebê, mas agora liberada estou sedenta por atividades, aproveitando qualquer oportunidade para agir.

— Eu pelo menos tenho uma desculpa para não ajudar. — Me sento no sofá, ao lado de Yasmim que está sentada com os pés na mesa de centro. — Qual é a sua?

Ela dá de ombros, bocejando.

— Preguiça.

Rio, balançando a cabeça em negação, essa menina é uma figura. Ph passa por nós carregando três caixas de papelão empilhadas, e para no lugar, olhando pra nós, especificadamente minha amiga, com reprovação.

— Bonito né, a madame aí sentada enquanto a gente trabalha.

— Me poupe garoto, você cansa minha beleza. — Yasmim responde, dando ênfase ao jogar o cabelo do ombro para as costas.

— Ah é? Voc- Ah, merda! — Ele se interrompe ao tentar de modo desengonçado conter as caixas que tombavam para o lado, e Pedro suspira aliviado quando consegue.

— Tá vendo, é o karma por você ser tão inxerido. — Minha amiga diz, olhando-o como quem pensa "eu avisei".

Ele revira os olhos pela idiotice, nem se dando ao trabalho de responder, e volta a andar, saindo da casa e as pondo no caminhão. No dia seguinte a eu ter contado a Felipe sobre a gravidez ele me levou para um terreno em construção no topo mais alto do morro e me surpreendeu ao revelar que aquela era nossa casa, disse que havia começado a construir para nós assim que eu aceitei seu pedido de namoro e que pretendia me contar somente quando estivesse pronta, mas, devido a extraordinária novidade, não aguentou e contou de uma vez. Felipe criou do zero um lugar só nosso, um lugar para eternizar novas memórias, criar nossa família. Lembro-me bem da felicidade que correu como correntes elétricas pela minha pele, da sensação do meu coração pulsando ao ponto de dominar meus ouvidos quando tomei seus lábios contra os meus. Foi um dia incrível, e depois de meses de ansiedade a casa havia finalmente ficado pronta.

— O que tanto pensa? — A voz de Felipe me tira de meus pensamentos, se sentando ao meu lado e pousando a mão em minha barriga, acariciando, um ato que já havia se tornado comum.

Sorrio derretida, essas suas ações me deixam igual uma bobinha apaixonada, e me acomodo em seus braços, deitando a cabeça em seu ombro e colocando minha mão sobre a sua ainda em minha barriga.

— Só pensando no quanto eu te amo.

Ele sorri, feliz pelas minhas palavras, e planta um beijo em minha testa.

— Eu sou o homem mais feliz do mundo por ter vocês dois.

Meu peito se enche, transbordando de amor, e o puxo pela gola da blusa para um beijo lento. Seus lábios se unem aos meus em um ósculo calmo, se arrastando apaixonadamente sem pressa, aproveitando o momento. Nos separamos por uma forçada de garganta, encontrando Pedro a nossa frente coçando a nuca de modo sem graça por atrapalhar nosso momento.

— Eu sei que vocês estão nessa bolha rosa porpurinada de amor e tudo mais, mas todas as caixas já estão no caminhão.

Rimos fraco e nos levantamos do sofá, Felipe segue com Ph pro lado de fora enquanto eu suspiro fundo, olhando em volta com nostalgia. A casa não está vazia, até por que Yasmin vai continuar aqui, mas isso não diminui o impacto da despedida. Talvez seja por conta das minhas emoções serem potenciadas pelos hormônios, porém a vontade de chorar veio forte, e as lágrimas começaram a cair. Mesmo eu, tecnicamente, não tendo morado aqui tanto tempo quanto os irmãos, esse lugar foi meu refúgio por muitos anos, muitas coisas boas me aconteceram aqui. Mordo os lábios, contendo um soluço.

— Oh meu deuso, ela tá chorando. — Yasmim me abraça, confortando minhas costas. — Pronto pronto, passou.

Abraço-a mais forte, chorando agarrada a minha amiga, Yasmim passa a mão por meus fios, afagando-os.

— Eu não consigo....parar...de chorar. — O soluço a cada intervalo de palavras deu ênfase ao meu ponto, fazendo-a rir.

— Calma, meu bem. Vai dar tudo certo, sim? — Concordo com a cabeça, limpando as lágrimas com as costas da mão e respirando fundo. — Agora vai logo por que se eu ouvir o meu irmão reclamando mais uma vez eu vou tacar a chinela.

Gargalho alto.

— Vai me visitar?

— Todo dia, afinal.... — Ela se abaixa na altura da minha barriga, a pequena pretuberância já fazia relevo sobre as roupas. — essa titia babona aqui não consegue ficar longe.

Sorrio emocionada, nos abraçamos fortemente mais uma vez, em despedida, e beijo sua bochecha antes de deixar a casa. Felipe já estava no carro a minha espera, assim que eu entro ele da partida, seguindo para o topo do morro, tão ansioso como eu. Yasmim e Ph estão no portão, dando tchau para nós com as mãos, retribuo o aceno com os olhos marejados. Observo a casa se afastar a medida que o carro anda, até no fim ela se tornar apenas um borrão na rua. A mão de Felipe encosta na minha, em um ato silencioso, e as unimos, sentindo nossos corações disparando.

Eramos nós três contra o mundo.

Eramos nós três contra o mundo

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AMOR NO ALEMÃO [MORRO] #1Onde histórias criam vida. Descubra agora