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Já se passaram alguns dias desde a conversa com minha madrinha, e a cada dia que passa mais tentada eu fico de falar toda a verdade a Harry.

Nesses últimos dias não nós vimos ou fiquei sabendo de alguma coisa sobre ele, ainda mais pelo fato de não querer saber sobre ele. Ainda estou muito dividida sobre contar a verdade.

Eu quero contar, porque ele tem todo o direito de saber que é pai, e essas meninas que ele parece estar desenvolvendo laços afetivos, são suas filhas e eu não quero contar, porque isso significa revelar quem eu realmente sou, e ainda tem o peso do que ele fez, a aposta. Não faço nem ideia de como eu consigo olhar para a cara dele hoje e não estapea-la inteira. Como pode ficar tão calmo sabendo das coisas que fez comigo? Há é, ele não sabe que sou eu. Eu sinceramente não entendo como não me reconheceu, depois de todo esse tempo.

Por alguns segundos as risadas e olhares de pena passam pela minha mente, balanço a cabeça tentando bloquear essas lembranças.

Onde eu estava com a cabeça quando me deixei ser convencida pela minha tia para ir nessa merda de encontro de sala. Essas coisas não acontecem só depois de pelo menos 10 anos? Pelo amor de Deus, o que pode ter mudado? No máximo alguns podem ter terminado a faculdade ou ainda estão cursando enquanto ajustam seus horários com o estágio. Não mudou merda nenhuma, tudo bem, acho que eu e Harry somos um caso a parte desse não mudar nada.

Sou tirada dos meus pensamentos com meu celular vibrando indicando mensagem e apenas olho o visor para confirmar o que estava pensando, era uma mensagem de Charlie dizendo que tinha chegado.

Todos os anos eu e Charlie, passamos pelo menos duas vezes em outras instituições de caridade sem ser as duas que eu tenho como madrinha.

Quando toda a herança caiu no meu nome, esperei apenas o tempo de me estabilizar com o estúdio para poder apadrinhar essas instituições, uma casa de idosos e outra um abrigo para crianças. Desde que eu me entendo por gente, eu sempre tive essa vontade de ajudar todos aqueles que precisavam.

Meus pais obviamente tem um dedo nisso, sempre me incentivaram a doar meus brinquedos e roupas para as crianças que precisavam, mas sempre tive curiosidade para conhecer essas criança e isso não foi diferente quando cresci, então quando eu apadrinhei estas instituições e tive contato com as crianças e escutei cada história de vida dos idosos me senti totalmente realizada e leve, a parte difícil é ir embora, principalmente com as crianças, mas saiu de lá sabendo que fiz alguém sorrir.

- Olá Charlie- cumprimento-o e entro no carro.

Como eu já tinha falado, Charlie, não é apenas médico da família assim como seu pai foi, ele acabou virando um amigo bem próximo o que as meninas sempre gostaram e eu nunca vi nenhum problema em mantermos uma amizade enquanto cuida da saúde da minha família, pelo contrário, acho que isso o incentiva a ir mais a fundo nos problemas para resolve-los da melhor forma.

- Oi Lou, como vai você e as meninas?- um sorriso fácil escapa de seus lábios.

- Bem obrigada. Eai, já esta tudo certo?

- Sim, os carros com os brinquedos e itens de higiene para o abrigo já estão a caminho, vamos para lá primeiro?

- Sim, acho melhor. Os músicos também né?

- Calma Lou, está tudo certo- ele da uma risada pelo meu desespero. Sempre fico ansiosa para ir nesses lugares, principalmente se é um abrigo que eu nunca fui, como este.

Charlie, tem o cabelo loiro escuro e olhos castanhos amendoados, sinceramente ele é lindo, e consegue se tornar mais ainda quando está descontraido, como agora.

Pieces Of Me [H.S] 2°BOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora