A verdade que veio a tona

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19 de setembro de 2008

Era tudo verdade, o demônio não mentiu e eu me sinto imunda.

Kiara me contou a verdade, de seus lábios saíram a confirmação de que eu tinha ou tenho um irmão que fora cedido a adoção.

Eu tinha um castelo de cartas, ele sempre esteve por um triz, sempre prestes a desmoronar, era sustentado apenas por uma carta e ela acabou de ser derrubada e então tudo caiu.

Como minha mãe pôde ter feito isso? Como meu pai e minha tia puderam ajuda-lá?

Essa notícia não é uma coisa qualquer, ela é grande.

Mas agora há outra coisa com a qual eu devo me preocupar.
Se sou filha de uma possessão, quem eu sou e o que posso fazer?

Na infinidade de livros que já li, sobre os assuntos, demônios e possessões, nunca se quer ouvir falar de algo do tipo.
Eu se quer sei se é realmente possível um demônio ter uma cria, e se fosse, eu era ela?

Era realmente um fato questionavel os demônios me respeitarem e aceitarem que eu, uma mulher comum faça os exorcismo.
Na maioria das vezes, eles só obedecem aqueles que tem permissão da igreja, mas eu não tenho e mesmo assim eu os exorcizo.

Eu disse a minha tia que procuraria pelo meu irmão, mas ela me disse que era um erro, me alertou que ele estava feliz com uma família suburbana, longe de todo o mal que me cerca.

Logo em seguida ela me entregou uma carta, tão ou mais velha que eu.
No papel sujo e esmaecido continha o nome de minha mãe.

Eu quero e não quero saber o que ali está escrito.

Carter tomou a carta em suas mãos, a mesma estava presa a folha.

A carta realmente aparentava estar velha, e o selo que a mantinha fechada, já havia sido rompido.

De Elizabeth Oorth
Para Margareth Oorth

Era o que estava escrito no envelope em uma caligrafia bonita.

Ele retirou o papel de dentro do envelope e dedicou-se a leitura, que era quase impossível, por conta da tinta que estava desgastada.

Querida Margareth

Não sei nem por onde começar a escrever, são tantas coisas que quero lhe dizer e tão poucas paginas e tempo.

Se você está com essa carta em mãos, é porque a verdade veio a tona.

Eu sinto muito por tudo que te fiz, por todas as vezes que te oprimi e te rejeitei como filha.

Você já deve ter descoberto que tem um irmão. Quando ele estava em minha barriga, junto com você, eu decidi o chamar de Frank.
Eu estava feliz com a chegada de vocês, afinal, eu realizaria o sonho de ser mãe.

Mas então as coisas deram erradas. Seu pai alegou não se lembrar da noite em que tivemos juntos, a noite em que concebemos vocês.
Mas o que confirmou minhas suspeitas foi a gravidez.

Desde menina eu sábia que nunca poderia ter filhos, que isso nunca aconteceria nem com um tratamento e então vocês vieram de forma mágica, mas então eu descobri que a forma que vocês vieram não foi boa.
Não era um milagre como eu e seu pai imaginavamos.

Não vou entrar nesses detalhes, sabemos que vocês vieram de uma noite que eu gostaria de esquecer.

Mas eu os separei por um único motivo, eles vão caçar vocês. Todos eles temem vocês.

Margareth minha querida, seu sangue pode fechar o que chamamos de portões do inferno, em uma linguagem vulgar.
Se você completar o seu caminho, os demônios seram empedidos de caminharem sobre a terra.
Não haverá mais possessões e nem mortes!

Você é a chave para algo grande que eles temem, e eles vão te querer morta, assim como o seu irmão.

Eu te mantive nessa vida e esse foi o meu maior medo, deveria ter te oferecido para a adoção, mas eu não pude, seus olhos azuis me impediram.
Agora você sabe de mais e eles te conhecem, se proteja e afaste-se dessa vida.

E eu rezo todos os dias, para que mesmo depois que eu parta você não procure seu irmão, ele merece uma vida diferente.

Com amor Elizabeth.

Portões do inferno, irmão e uma série de outras coisas que apareceram do nada embaralhando a mente de Carter.

Era como se ele tivesse um quebra cabeça sobre a mesa, em um minuto ele tinha metade do jogo montado e no outro um furacão passou e destruiu tudo.

O furacão eram as novas informações.

Nora não estava com ele, depois do que ocorrerá com ele na cafeteria, Carter decidiu permanecer um tempo só.

Estava assustado. Era o segundo demônio que tentará o afastar do caderno, mas o último parecia bem mais civilizado que o primeiro.

A prova disso era que a jovem que fora possuída, fora encontrada em um beco, mas com vida, ao contrário do criminoso, que matou e morreu.

Carter respirou fundo, olhando fixamente para a mesa de madeira da sua sala mais a frente tinha um quadro branco.

Sobre a mesa tinha fotos, reportagens e tudo mais que Carter conseguiu reunir sobre Margareth, desde vida até morte.

Havia um barbante vermelho que serviria para ligar certas pistas como nas séries populares de investigação.

Aquele era o momento em que Carter pararia a leitura e começaria a montar aquele quebra cabeça do zero, mas desta vez da forma correta.

Possessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora