Alma corrompida

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Carter tinha os olhos fixos na loira exuberante em sua frente, a casca que mantinha o espirito de sua irmã.

Kiara tinha os olhos arregalados e a boca entreaberta deixando claro o seu espanto.

- Como? - Balbuciou Kiara.

Margareth curvou os lábios em um sorriso sádico.

- É quem eu sou. - Afirmou. Seus olhos cravaram nos de Carter. - É quem nos somos, desde o momento em que fomos concebidos nosso destino foi celado.

Carter levantou-se da poltrona onde estava sentado, começou a andar de um lado para o outro na tentativa de esclarecer aquilo tudo para si mesmo.

- Onde estava? - Questionou cessando sua caminhada.

- Advinha... - Margareth disse com certa tristeza.

Kiara suspirou e então tomou a frente em responder:

- No inferno?

- Onde mais almas imundas são condenadas? - Disse fatalista.

Carter tornou a andar de um lado para o outro, tentando novamente fazer tudo aquilo fazer sentido em dia mente.

- Porque não retornou antes? Margareth fazem quase quatro meses que você se foi! - Kiara levanta-se.

- Porque não é tão simples quanto parece. - Tentou sorrir de canto. - Carter eu vim apenas para uma coisa...

Deixou no ar e Carter logo apressou-se em tirar sua conclusão.

- Me afastar do diário. - Disse no meio de um suspiro de cansaço.

- É necessário. - Anuncia ela. - Você não sabe a metade do que está em jogo irmão

- Então me conte. - Carter coloca uma mão sobre o ombro dela.

Margareth suspirou, jogou-se contra a poltrona desvenciliando se da mão do irmão que apertava levemente seu ombro.

- Não posso te mergulhar mais nisso.- Anunciou. - Afaste-se Carter, o que aconteceu comigo não foi causado por um demônio. - Fechou os olhos com força.

- Me conte quem fez aquilo com você. - Carter suplicou.

Os olhos de Margareth se abriram, ela se pôs de pé em um rompante.

- Eu não posso. - Berrou. - Carter não são só demônios, há outras coisas. Estamos no meio de uma guerra. - Acalmou o tom de voz. - Somos os filhos de uma possessão, somos uma aberração.

- Mas podemos fechar os portões do inferno. - Carter alegou. - É uma coisa boa não é?

- Não Carter. - Margareth tomou as mãos do irmão contra as suas, as apertando com força. - Chega Carter, essa investigação chega ao fim agora ou farei você parar.

As sobrancelhas de Carter se arqueiam e ele olha a irmã com uma expressão confusa.

- Isso é uma ameaça? - Questionou confuso.

- Sim. - Sibilou. - Ou Você se afasta ou eu lhe afastarei.

Carter soltou suas mãos do aperto de Margareth, ela a olhava em um misto de confusão.

- E como pretende fazer isso? - Questionou ríspido. - Essa não é você, eu li suas palavras naquele diário, você não é fria.

- Você não imagina o que o inferno faz com uma alma. - Ela o olhou longamente. - Ele a destrói.

Carter deu alguns passos em direção do que agora não parecia ser sua irmã de palavras doces e preocupação com as vítimas que lhe contava seus dias no diário.

Kiara abandonou suas postura assustada e se colocou no meio dos sobrinhos, corajosa como nunca havia se vido antes.

- Parem. - Bradou, cessando a discussão dos irmãos. - Margareth minha querida, essa não é você. - Disse após se virar se frente para a sobrinha.

- Titia você não compreende, se Carter tentar selar as portas do inferno irá morrer sem ao menos chegar perto. - Alegou ela.

Carter subiu as mãos até a cabeça e massageou as têmporas na tentativa de amenizar uma estranha dor de cabeça que ali se instalou. Provavelmente sua mente estava a ter dificuldades, para digerir todas aquelas informações.

- Não é você que decide sobre o que faço ou deixo de fazer. - Carter informou ríspido.

- Você tem razão, mas eu tenho uma maneira de lhe afastar do diário e do ritual que é preciso. - Disse como se soubesse de tudo.

- Como planeja fazer isso? - Carter questionou curioso.

- No diário não há o ritual, não me preocupo com ele. - E poucas pessoas sabem do ritual, e essas poucas pessoas vão morrer. - Disse mórbida.

- Não seja estú...

Carter não poude terminar seu xingamento. O corpo da loira foi de encontro ao chão inerte.

Kiara precipitou se sobre a jovem, enquanto Carter mergulhava em um mundo de dúvidas e medos.

Kiara olhou o sobrinho com um ar sério misturado ao triste, seu maneio de cabeça, deixou claro que a loira não havia resistido a possessão de Margareth.

Sua irmã era aquele monstro ou tornou-se aquilo com o passar do tempo. Tudo aquilo que assistiu enquanto e viva e a estadia no inferno despedaçaram a alma dela.

O celular de Kiara apitou em um barulho incessantemente insuportável, assustando tia e sobrinho.

Kiara apressou-se em atender o celular.

- Alo? - Silêncio no recinto enquanto ela escutava sua resposta. Seus olhos foram arregalando-se vagarosamente ao decorrer da conversa. - Por favor repita.

Carter olhava a tia confuso, mas entendeu que aquele assunto que era discutido na ligação, era assunto seu também, já que Kiara deixou a ligação no viva-voz.

- Acabo de encontrar o padre morto. - Uma voz soou desesperada pelo outro lado da linha. - Meu Deus tem muito sangue, há um bilhete escrito a sangue.

- O que está escrito no bilhete? - Kiara questionou.

- Ninguém saberá o ritual. - A outra voz soou do outro lado chocando Carter e Kiara.

Um tumulto tornou-se audível do outro lado da linha, e então o bipe em seu looping anunciando o término da ligação.

- Não creio que ela foi capaz. - Kiara jogou-se na poltrona cansada.

Os dois trocaram um olhar cheio de preocupação, continuar ou parar a leitura e a investigação.

- O que faremos? - Questionou Kiara deixando claro que seguiria o sobrinho em qualquer atitude tomada por ele.

- Não deixaremos que ela ganhe, é a minha vida e eu tenho direito de descobrir e é o que farei daqui para frente. - Disse decidido.

Kiara olhou o sobrinho preocupada se aquilo não o levaria a morte ou a morte de outras pessoas. Não estava para perde-lo, mas estava pronta para segui-lo não importando se com onde aquilo a levaria.

- E em relação as mortes? - Questionou ela.

Carter suspirou, sentou-se ao lado da tia e apanhou as mãos dela contra as dele e as apertou levemente, como se procurasse forças para prosseguir.

- Irão cessar. - Disse definitivo. - Fecharei os portões do inferno nem que isso custe minha vida.

Possessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora