Capítulo 4 - Primeiro Beijo.

861 69 1
                                    

Lúcia Pevensie.

Depois que Caspian se pronunciou ao povo das ilhas solitárias a tranquilidade aos poucos voltaram ao seu lugar, ficamos na ilha o resto da manhã. Era tempo suficiente para que fôssemos colocados a par das informações que precisávamos para prosseguir viagem. 

Havia um nevoeiro maligno e misterioso que desaparecia com pessoas no mar, e um dos fidalgos havia nos dito que a chave para resolver nossa missão era encontrar a fonte do nevoeiro e destruí-lo.

Edmundo havia ganho deste mesmo fidalgos uma espada narniana antiga, criada por Aslam na era de ouro de Nárnia, agora sabíamos que uma arma muito importante e poderosa.

Alguns dias haviam se passado desde que saímos das ilhas solitárias e a minha relação com Caspian não estava mais a mesma, por algum motivo desde o quase beijo ele havia se distanciando de mim.

Ele estava claramente me evitando, e eu estava ainda mais certa de que havia me apaixonado por ele. A noite de hoje estava calma mas eu não estava conseguindo dormir, levantei da cama decidida a procurar uma distração naquele navio.

Sai do dormitório o mais silenciosamente possível e caminhei até o convés do navio, chegando lá encontrei alguém parado observando o mar, não havia ninguém por perto a não ser eu e aquele homem que pelas roupas logo identifiquei que era o Caspian.

E aquilo era um problema para mim. 

Agora que sei dos meus sentimento por ele não fazia idéia do que fazer, mas decididamente aquilo não era seguro e nem saudável. Gostar de alguém que não gostava de mim.

Suspirei derrotada e disposta a sair logo dali quando ele virou bruscamente para trás, segurando a espada em sinal de alerta.

- Ah, é você Lúcia... - Ele disse num suspiro aliviado.

- Desculpe, não queria incomodar. - Minha voz decidiu colaborar comigo. - Já estava indo embora e...

Balbuciei virando as costas quando ele me chamou, senti meu coração bater consideravelmente mais rápido.

- Você pode ficar, se quiser... - Ele disse estendendo a mão e sem pensar caminhei até ele.

Nos encostamos na lateral do barco olhando as águas em um silêncio que estava se tornando incômodo para mim.

- Como você está? - Ele perguntou de repente.

- Bem... - Respondi, ele olhou para mim em silêncio. - Caspian, eu... oque está acontecendo com a gente? - Ele me olhou sem entender e eu suspirei. -  Você tem me evitado desde... você sabe, aquela vez que na ilha...

- Me desculpa, Lúcia... ando pensando em algumas coisas, e com certeza eu não seria uma boa companhia agora.

Ele disse me olhando, e talvez eu possa estar errada, mas podia jurar que havia algo diferente daquele olhar.

- Eu posso ir embora, se quiser. - Sugeri novamente e ele negou.

- Por favor, fique...

Ele pediu e eu acabei concordando, nos encontramos na lateral do convés e ficamos um certo tempo apenas encarando o reflexo da luz da lua na água.

O mar estava tranquilo, mas fazia frio. Mesmo em silêncio pude notar que ele estava inquieto, parecia  estar pensando em algo importante.

- Caspian...

- Hum?

O chamei e ele prontamente me atendeu, mas oque quer que eu tenha pensado em falar havia sumido na mente assim que olhei para o rosto dele.

Na mesma hora, vê-lo eu só fiz oque meu coração pediu e me joguei em seus braços num abraço apertado.

Ficamos assim por um tempo, corpo a corpo e eu aproveitava ao máximo daquele momento para sentir do seu cheiro único e o calor de seu corpo.

Aproveitei porque sabia que aquilo era o máximo que eu conseguiria.

E então nos separamos e eu não resisti ao impulso de encara-lo apenas para saber que ele já me encarava, o rosto dele a luz da lua era a coisa mais linda em que eu já tinha colocado os olhos. E então, o rosto dele foi se aproximando cada vez mais do meu enquanto o braço que ele mantinha na minha cintura aproximava nossos corpos.

Extasiada demais para reagir apenas fechei os olhos e entreabri os lábios a espera do que viria a seguir.

Nossos lábios se encontraram um beijo calmo, ele parecia saborear o beijo tanto como eu estava. Logo nos beijamos com mais vontade num ritmo que ele estava impondo enquanto eu me limitava a imitar seus movimentos.

Aquele era o meu primeiro beijo e já estava sentindo coisas indescritíveis. Então essa era a sensação de estar apaixonada? Eu não fazia ideia se era, mais estava muito feliz.

Um minuto se passou e ainda nos beijávamos, ora calmo, ora intensamente e eu me perguntava em qual momento ele iria parar o beijo e dizer que aquilo era um grande erro.

Porém grande erro foi oque cometi ao acabar eu mesma com aquele beijo, abri os olhos e ele estava lá, me encarando com uma expressão indecifrável. O sorriso em meus lábios mal havia surgido e logo se desfez. O aperto no peito voltou com força total.

- Caspian...

- Me desculpe, Lúcia. - Ele disse desviando o olhar do meu.

- Não... não tem oque desculpar. Isso foi incrível! - Me expliquei depressa.

Ele se afastava de mim balançando a cabeça.

- Isso foi inadmissível, Lúcia. Eu te faltei com o respeito e te peço perdão. - Ele disse e foi como se eu tivesse levado uma bofetada. Aquilo doeu em mim de forma mais intensa que eu esperava.

- Você não... - Balbuciei com a voz embargada.

- Isso não poderia ter acontecido, você é uma rainha, e tem idade para ser minha irmã. – Ele suspirou. – Peço mais uma vez que me perdoe, boa noite Lúcia.

Ele disse virando as costas pra mim, deixando-me sozinha naquele convés.

O acompanhei com o olhar até ele sumir de alcance e só então notei que chorava como criança.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas decidi que não ficaria chorando não iria me ajudar. Fiz meu caminho de volta até a cama e me joguei lá, e finalmente cai no sono.

A Thousand Years - LuspianOnde histórias criam vida. Descubra agora