Chego no estúdio, Sérgio está me esperando na sala.
- Trouxe o presente – ele entrega uma caixa.
- Obrigada, estou contente por ter dado certo – falo pegando o dinheiro na minha bolsa.
- Você pode me pagar depois.
- Prefiro pagar já.
- Esqueci de falar, a turma das 17:00 não vem, eles têm uma apresentação em Londrina e a mãe de uma aluna arrumou um ônibus para levá-las.
- Não tem problema, posso ficar até mais tarde? Quero aproveitar e praticar um pouco.
- Tudo bem – quando ele está saindo ele se vira– Fabiana, hoje a FLY não abrirá.
- Por quê?
- Zan vai trocar a caixa de energia da pista de dança, ontem deu problema na iluminação da pista e o eletricista falou que se não arrumasse é perigoso dar curto e ter um incêndio.
- Ok, então hoje poderei dormir mais cedo – falo rindo.
Término a aula das crianças e elas vão embora, fico de pé olhando a caixa de presente. Sinto a falta do Eduardo, seguro com força o Anjo, na esperança dele sentir o quanto eu preciso dele perto de mim. Coloco a música "DOWNPOUR" do Backstreet Boys que significa "Temporal". Acho que tem tudo a ver comigo neste momento.
Vou até o meio da sala, sento-me com uma perna para frente e outra pra trás inclino meu corpo pra frente me deitando sobre chão.
Fechos meus olhos imaginando o Eduardo dançando comigo. A música começa, levanto meu corpo devagar e ergo meus braços suavemente como se ele me ajudasse a levantar, a cada movimento é como se ele estivesse aqui me tocando igual à água da chuva escorregando pelo meu corpo.
Eu rodo como se ele me segurasse pela cintura, queria muito que ele estivesse na minha frente para eu poder sentir seu cheiro, quero poder afastar todos os fantasmas que estão na minha cabeça e o único sentimento que tenho, é quem podia tocá-lo e senti-lo não sou eu.
No final da música tomo um impulso para saltar é como se eu corresse para os braços dele esperando que ele me abraçasse. Dou meu último salto e giro, abro meus olhos e não acho ninguém simplesmente caio no chão, fico na mesma posição de quando comecei a dançar.
Fico ali tentando me acalmar e querendo arrancar esse sentimento de mim.
- Ver você dançar foi meu melhor presente.
Levanto meu corpo, vejo o Eduardo me olhando e nos olhos dele há um brilho, não sei dizer que é desejo, ele estende sua mão para me ajudar a levantar.
- Como você sabia que eu estava aqui? – fico de pé na frente dele.
- Paty me falou. Antes de terminar a aula falei para o professor que eu precisava ir ao banheiro, fui até a sala e falei que precisava falar com a Paty, a professora deixou – ele me segura pela cintura.
- Por que você foi falar com ela?
- Fiquei preocupado quando vi que você chorou, eu sei que você saia mais cedo da aula, então perguntei o que havia acontecido.
- O que ela falou?
- Falou que você está preocupada em me dar o presente na frente das pessoas.
Abraço ele e ficamos ali é tão bom sentir o cheiro e o toque dele, me sinto protegida, ele se afasta.
- Não quero que gaste comigo, só quero que você vá na festa.
- Acho melhor não ir, Alexandre não vai dar um tempo e preciso descansar um pouco – seguro a mão dele e puxo ele até a mesa que está o som.
Pego a caixa de presente e entrego a ele.
- Espero que goste, não sabia muito o que te dar.
Ele abre e é uma coletânea de várias músicas incluindo a do Backstreet Boys, lógico que mandei personalizar.
- No piquenique você colocou a música INCOMPETE e fora essa tocou mais três músicas, então resolvi fazer uma coletânea para você ter algo meu – falo observando-o olhar o presente.
- Eu amei – ele segura meu rosto – Agora terei algo seu, mas isso é caro e você está trabalhando igual uma louca, eu só quero sua presença lá.
- Não se preocupe com isso – dou um abraço e fecho meus olhos quero tanto falar o que eu sinto, mas sei que não posso – Fico contente que agora você vai ter algo meu – segurei o Anjo.
- Quando for dormir terei a música pra lembrar de você e quando eu fechar meus olhos terei a sua imagem dançando só pra mim – ele olha nos meus olhos.
- Você e a música, me fazem esquecer todos meus problemas.
- Fico feliz de saber disso – o celular dele toca tirando a gente do clima.
É o Alexandre, ele se afasta, conversa sobre algo e desliga.
-Tenho que ir.
- Tudo bem, fico feliz de ter entregado o presente antes do seu aniversário.
- Foi o melhor presente da minha vida – ele se aproxima.
- Meus parabéns!! – dou um beijo no rosto dele, quando ele se vira olhando pra mim, sua boca quase se encosta na minha, ficamos ali parados por um tempo, analisando se valeria arriscar o beijo, até que o celular toca de novo.
Ele abaixa a cabeça, pega o celular, vê o número e fala
- Tenho que ir.
- Tchau.
Fico ali por um bom tempo tentando colocar meus pensamentos em ordem. Em casa Paty havia pedido pizza e alugado um filme para gente assistir, nem prestei atenção no filme e tenho certeza de que Paty também, subimos para o quarto.
Deitamo-nos e ficamos conversando, falo tudo que aconteceu.
- Você tem certeza de que não vai na festa?
- Tenho, o que adianta eu ver e não poder fazer nada.
- Infelizmente eu entendo seu dilema – ela suspira.
- Será que isso é um tipo de doença que pega?
- Amiga se for estamos perdidas – começamos a rir.
Resolvemos dormir amanhã é domingo e depois começará a semana outra vez.
Domingo lá pra 8:30 sinto alguém me cutucar, tentando me acordar.
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A existência de um amor
RomanceÉ incrível como uma pessoa consegue passar despercebida durante 4 anos em uma escola, essa pessoa sou eu, Fabiana uma garota de 15 anos que morava em uma cidade pequena, chamada Pedra Azul onde todos se conhecem. Meus pais são separados, como toda s...