Uma das piores noites da minha vida, sinto um gelo na garganta e não consigo responder nenhuma das perguntas, apenas choro como se não houvesse um amanhã, e nesse caso, para ele, infelizmente não há.
Depois do Barulho meu pais acordaram.
-Mário!_Gritou mamãe
Eles correram ao meu quarto e minha mãe arrombou a porta com toda a força possível, ao ter feito isso ela se chocou com o que viu.
Um garoto sangrando, um garoto chorando, uma arma e apenas um sobrevivente
Não demorou muito para eu ouvir sirenes de todos os tipos, para eu ver a casa explodindo em pessoas que estavam somente curiosos com a situação e infelizmente tive que lidar com a pior situação possível quando os pais dele chegaram na minha casa. Eles olharam friamente para o garoto enquanto eu não conseguia falar nem um A, eu tinha sido tirado de cima dele mas ainda assim olho para o céu e para minha blusa coberta de sangue o motivo de tudo isso ter acontecido comigo, naquele dia e naquele momento.
Os pais dele me olharam de cima a baixo e focaram exatamente na parte em que havia sangue no meu corpo. O pai , sem expressão apenas deixou cair uma lágrima por seu rosto jovem e amedrontador, já a mãe dele deu passos largos em minha direção e enquanto ela o faz eu sinto o que está por vir:
-ISSO TUDO É CULPA SUA SEU VIADINHO DO CARALHO. EU SEMPRE CUIDEI BEM DO MEU FILHO E DEI A ELE TUDO O QUE ELE PRECISAVA E VOCÊ FEZ ELE VIRAR UMA BICHINHA NOJENTA ASSIM COMO AQUELE DESGRAÇADO DO PRIMO DELE. APOSTO QUE VOCÊS ERAM AMIGOS E AGORA EU PERDI O MEU NENÉM, MEU Say... (ela começa a chorar a ponto de não conseguir falar direito)... E-Eu não fui uma mãe boa o suficiente, não sei viver sem meu Say Say.
Ela cai no chão e começa a chorar, todos a olham enquanto ela faz aquele show comigo e logo após quase desmaia na minha frente. Eu sinceramente não sei o que dizer, não sei se peço desculpas ou que caralho eu faço nesse momento. Não sei o que isso significou pra eles, mas, pra mim, intolerância existe até na morte de alguém amado, de alguém que morreu por não suportar mais chorar.
A vida sempre foi uma loucura, tudo sempre gerando dor mas nada se compara ao que ele sentia e eu não percebi! A dor dos outros pode ser maior que a nossa e sempre recusamos acreditar que a vida pode pregar uma peça na gente.
Não somos maquinas para medir a dor alheia, eu sei que tenho que acreditar isso na minha vida, e talvez todos têm que aceitar isso também, isso se, aquilo sirva pra um futuro melhor, para que dê tempo, tempo esse que ele não teve, tempo que Saymon desperdiçou com pessoas como eu, tempo que ele gastou sofrendo por causa dos seus pais, de aceitação, ele praticava tanto isso que não sabia o quão grande era a dor, e não se deu tempo para descobrir, ele sentiu na pele o que o bullying pode fazer, mas não suportou a barra, O tempo pra ele era mais dolorido que o tempo pra mim.
-Mãe? Me ajude. - Digo pela primeira vez
Ela me segura, me aperta bem apertado enquanto me tira daquela cena de sangue, se suja e ainda assim me olha nos olhos, me levanta e me apoia, olha para o policial que da um sorriso de como quem quisesse dizer "pode levar o garoto" e me encaminha rumo ao corredor, logo após me fala enquanto me leva ao quarto:
-Eu sinceramente não sei o que vão pensar disso, o que vão pensar de você ou de qualquer coisa relacionada e essa situação, serão totalmente rudes contigo e isso é algo que tu terá que entender já que passa por isso por um bom tempo e eu sei que passa, quero te dizer que independente da situação eu conheço meu filho e sei muito bem que você não faria nada desse tipo, não precisa me contar tudo agora, na verdade, nem precisa contar agora, mas quando estiver melhor, saiba que eu e seu pai merecemos uma explicação.
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ESPIRITO (GAY)
Teen FictionMário, jovem de 17 anos, tenta viver sem sofrer preconceito por outros 3 jovens, com o tempo, esses jovens passam a gostar de Mário, até que um suicídio muda o rumo da História, será que Mário irá sobreviver a esse romance infernal?