Mais uma vez a mesma monotonia desgraçada que desgraçou minha desgraça de vida, meu maior estresse é saber que eu não tenho nem onde e muito menos a quem recorrer, me deixando realmente sozinho, a mercê da minha própria pessoa.
Eu me odeio, me sinto pouco, vazio e completamente menor, como um quase nada, eu sou um quase nada para mim e para eles e isso está mais que nítido principalmente pela forma que os garotos me olham, o Gabriel me olha sempre como quem quer me bater, eu sinto no olhar dele todo nojo e repugno que ele sente por cada célula existente em meu corpo escrupulento, sarraceno e herege.
Ele não está de todo errado, há vezes (e são muitas) que eu mesmo não gosto de mim, em que não me suporto e ao menos sei qual pode ser minha reação diante das situações, eu me torno uma demora vívida do que eu deveria ser e não me ajuda em absolutamente nada!
Ao entrar pela porta da minha casa imaginei o que meus pais iriam falar, ando devagar em direção ao meu quarto tentando esconder toda aquela merda, troquei a blusa de frio e fechei o ziper por causa de um dos idiotas dos meninos que jogou suco em minha blusa e meu maior ódio é que a blusa é branca.
Estou imaginando o que meus pais poderiam pensar caso me vissem com essa blusa toda suja
"O que aconteceu filho? Seu rosto ta vermelho"
"Como foi a aula?"
"Olha Mário, se for algum problema com namorada me diz viu"
=-=
Para evitar assuntos chatos como esses acabei por deixar aquela peça com mais uma quantidade imensa de roupas sujas que eu deveria ter lavado a tempo se não estivesse procastinando.
Sobre meus pais: Sinceramente, eu dizia não, nada, foi boa geralmente pra não puxar muito assunto, mas minha vontade era de gritar ao máximo que minhas cordas vocais me dessem o poder dizendo:
"MÃE EU ESTOU SOFRENDO NA ESCOLA POR SER GAY, E NÃO, NÃO TENHO NAMORADA E MUITO MENOS TRANSO COM UMA MENINA, EU HAVIA LHE FALADO, MÃE, EU SOU GAY!"
Eles se preocupam demais comigo e com uma quantidade imensa de situações complicadas em que me acontecem mas eu sinto que já sou um fardo enorme sem precisar da preocupação deles para muitas situações que me deixam triste demais e relembrar toda a humilhação que passo naquele escola me faz pensar se eu realmente queria estar vivo.
Em momentos tristes como esses, eu geralmente recorro aos meus amigos virtuais, eles realmente são ótimas pessoas e dificilmente me julgam por eu ser o que sou.
Me sento mais uma vez em frente ao meu compitador e o ligo, espero alguns segundos para que ele possa iniciar enquanto penso sobre o que irei fazer para mudar essa situação de merda que está a minha vida e percebo que, no fim, a culpa é toda minha. Ouço o barulho do computador se iniciando e começo a navegar, passo pelas redes sociais, vejo algumas coisas e finamente após olhar todas as notificações de todos as redes, responder algumas pessoas que a dias haviam me mandado mensagem e jogar meus jogos.
Passo algumas horas nesse processo, conversando com o Lucas, o Kaique e o Marco, eles moram perto da minha cidade maa nunca é o suficiente pra gente se ver.
Eu trabalho em uma lojinha para computadores na minha cidade, sempre vou uma vez por semana lá para ver como estão os computadores ou para jogae por lá, mesmo, ppis aqui em casa não tenho paz, meus pais não entendem que jogo online não pausa.
Eu desconsidero a felicidade perto de mim, por um momento até penso se a tristeza é realmente é minha amiga, é preocupante de se pensar que eu mesmo tenho que monitorar meus sentimentos, quando não consigo fazer absolutamente nada para me ajudar, não estou dando conta disso! Preciso fugir.
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ESPIRITO (GAY)
Ficção AdolescenteMário, jovem de 17 anos, tenta viver sem sofrer preconceito por outros 3 jovens, com o tempo, esses jovens passam a gostar de Mário, até que um suicídio muda o rumo da História, será que Mário irá sobreviver a esse romance infernal?