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-Oxe, se não sou eu! Vitória, também conhecida como moça da praia que quase te afogou. - Não contive o riso nessa hora e pelo que notei, nem ela conteve. - Me desculpe mais uma vez por mais cedo.

-Pois então, parece que resolvi me vingar, não é mesmo? Estamos quites! - Ela disse ainda sorrindo.

Sinalizei com a cabeça para o banco ao seu lado, pedindo permissão para me sentar, ela apenas assentiu.

-Por acaso, você está sozinha? - Observei-a curiosa com a sua resposta. Há tempos eu não ficava tão apreensiva.

-Estava, até você aparecer do nada e esvaziando meu copo - Nesse momento, ela olhou com cara triste para a tulipa vazia que estava em sua mão.

-Não seja por isso... - Não sabia do que chamá-la, e só deixei as palavras no ar, torcendo para que ela completasse com o seu nome.

-Ana Clara. - Fiz uma cara de desentendida e ela continuou. -Meu nome, Ana Clara, ou só Ana.

Notei que ela se embolou na hora de se apresentar, eu só sabia dar risada. Acho que eu nunca estive tão boba conhecendo alguém. Não que eu seja a conquistadora, talvez eu até seja, mas não era normal eu ficar com a cara tão boba assim para alguém que eu nem nunca vi na vida.

-Ana Clara, estamos em um open bar, não tem motivo algum para cara triste! Júlio, vou tomar o que a Ana Clara estiver tomando.

O Júlio logo se prontificou em nos entregar as nossas tulipas cheias. Ergui o copo para fazer um brinde e Ana Clara me acompanhou.

-Aos encontros da vida?! - Ela não sabia muito bem ao que devíamos brindar, mas por alguma razão, não sei se foi se referindo aos nossos esbarrões do dia ou se foi sobre o nosso encontro na festa, porque a possibilidade de encontrá-la aqui era bem pequena, mas cá estamos.

-Ao nosso encontro na vida. - Fiz questão de especificar de qual encontro se tratava. Quem olhasse de fora, claramente ia me ver investindo nessa linda mulher.

ANA POV

Aparentemente hoje era o dia nacional dos encontrões, só pode! Quando estava levantando para aproveitar mais ainda a minha noite, senti meu pequeno corpo colidindo contra alguém. Merda! Percebi meu chopp derramando do copo e molhando a outra pessoa. Me virei para pedir desculpas e fiquei em choque. Mais parecia cena de filme. Eu não sabia se eu pedia desculpa ou se olhava para ela, acho que fiz os dois. Não era possível!!!!! A mulher da praia estava bem aqui na minha frente. Acabei afirmando em voz alta que sabia quem ela era.

Ela se apresentou com a mesma voz que ecoara na minha cabeça durante a tarde. O clima estava descontraído, eu tentava não demonstrar o meu nervosismo, mas foi inevitável na hora de me apresentar. Como não ficar desconcertada com aquela mulher na minha frente. Ela ria de tudo, que sorriso lindo.

Ela logo se dispôs à pedir mais bebida, a minha tinha caído pelo seu braço e a Vitória pareceu nem se importar e ela não carregava nenhum copo ou taça consigo. Brindamos e não me contive em fazer piada dos nossos esbarrões. Mas no fundo, era mais do que isso. Nunca desejei tanto esbarrar com alguém, e isso acabou de acontecer.

Fui surpreendida com ela brindando ao nosso encontro. Seria um flerte ? Tomara que sim. Tinha muito tempo que eu não sabia o que era isso. Ficamos conversando pelo restante da noite, nada muito específico, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Notei que algumas pessoas apareciam para cumprimentá-la, não sabia muito sobre ela, só que ela se chama Vitória, é dona de um cabelo lindo, aliá, estes estavam soltos e bem cheios, a voz dela é única, seu sotaque é bem carregado, poderia ficar escutando-a o tempo que fosse, seu sorriso era genuíno.

Por fim, quando já era por volta de 3h da manhã seu telefone tocou, ela se afastou um pouco de mim, procurando um lugar mais silencioso. Quando Vitória voltou ela estava com o semblante diferente, parecia estar preocupada com alguma coisa.

-É... me desculpe por essa ligação, eu precisava atender. Infelizmente vou ter que sair da festa, preciso resolver umas coisas. Você está hospedada aqui mesmo ?

-Tô sim, 201, às suas ordens. - Falei por impulso, ficando envergonhada na mesma hora. Calma Ana, calma, é só uma mulher bonita pra porra!!!!!!!!

-Ótimo! Tenho mesmo que ir Ana Clara, foi um enorme prazer te conhecer, mulher!

Vitória se despediu de mim com dois beijos no rosto e um abraço um tanto quanto demorado. Meu coração parou, que mulher quente senhoooor! Sua pele era macia, me perdi sentindo em sua nuca o seu perfume. Mais uma vez, fiquei momentaneamente sem reação. Dei um tchau bem murcho e a vi partir. Ela andava com segurança e possuía um decote em suas costas, seu tom albino estava dando lugar à vermelhidão do sol. Assim como o sol invadia o dia, naquela tarde, ela me invadiu.

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