Is It love? Nicolae - Patrinieri

Party III

- Aí, minhas costas estão doendo já! - reclamo.

- Isso é um pedido de carona para casa? - questiona Adam zombeteiro.

- Não, é um anúncio de que irei deitar nesse deck. - após falar já estico minhas costas no chão.

- Ok, também estou com dor nas costas - Adam também se deita.

Ficamos ali durante bastante tempo, Adam me contou sobre sua vida em Nova York e como ele e a banda têm ralado pra crescer. Contou sobre sua infância na Califórnia e a primeira vez que ele pegou uma onda grande. Ri bastante de suas histórias e senti uma grande conexão com ele.

Contei um pouco sobre a minha história, falei da minha mãe e da minha grande ligação com a minha avó. Apesar de bêbados o Adam parecia bastante interessado no que eu tinha a dizer e isso aqueceu meu coração.

- Nossa são que horas? - percebo que falei ao invés de apenas pensar.

- Por que, já quer ir?

- Não, só porque parece um pouco tarde.

- São 3:47 especificamente - fala destravando o celular e aproveitando e checando as últimas mensagens.

Olho curiosamente a tela do celular do Adam e quando ele abre uma conversa, baixa a imagem de um par de seios o que me deixa desconcertada no mesmo instante.

- Bem, acho que irei nessa. - falo sentando no deck.

- Mas já?

- Você disse que iria me levar quando eu quisesse.

- E vou, só queria ficar mais aqui com você.

Sinto o meu rosto arder como um pimentão:

- Eu só quero ir embora, estou cansada. - minto.

- Ok.

Adam se levanta batendo as vestes e me estendendo uma das mãos para eu fazer o mesmo. Recuso a sua ajuda e me levanto com dificuldade devido a saia, mas levanto só.
Adam não fala nada e seguimos mudos até o carro.

Permanecemos calados durante todo o percurso até que Adam estaciona e quebra o gelo:

- Eu fiz algo de errado?

- Por que acha isso?

- Porque você mudou.

Estava magoada, tive uma leve pontada de ciúmes, admito. Estávamos indo bem, Adam é bonito e gentil, minha carência somada ao álcool em meu cérebro idealizou um beijo romântico sob a luz do luar.
Além disso, me senti insegura.
Insegura com o meu próprio corpo.
Caras como o Adam tem oferta de mulher todo o tempo, meninas com corpos atraentes estão sempre muito disponíveis e eu não tenho esses atributos físicos, acho que estou condenada a viver sozinha.

- Jane? Está me ouvindo?

- Ah, sim, não é nada! Eu só estou cansada! - saio do carro rapidamente e vou em direção ao portão da mansão quando novamente Adam vem atrás de mim e me impede agarrando meu pulso.

- Ei, espera por favor.

- Juro que está tudo bem Adam, não precisa ficar se martirizando.

- Não, eu só queria fazer algo que eu senti vontade a noite inteira.

- E o que seria?

Nesse instante Adam toma meus lábios em um beijo quente tomado por desejo. Sinto um calor percorrer o meu corpo, não por desejar estar com Adam, mas por saber que sou desejada por alguém.

Adam pressiona minhas costas no portão gradeado, sinto um arrepio na espinha, um gosto amargo na boca e uma tristeza repentina.

No mesmo instante, escuto o barulho da porta da entrada bater de forma ensurdecedora.

- O que?

- Algo caiu, acho.

- Adam, acho melhor você ir, até depois. - adentro nos portões antes que não tenha mais chances de fazê-lo.
Subo as escadas olhando com cuidado para tudo ao meu redor mas não percebo nenhum movimento.

Parece que ainda estão todos fora.

Vou direto para o meu quarto andando nos passos mais suaves que sou capaz de dar.

Fecho a porta e sinto um alívio de não ter esbarrado com Lorie ou o Peter para não ter que lhes dar explicações ou responder inúmeras perguntas sobre a festa.

2
Acordo na manhã seguinte com um raio de sol vindo diretamente nos meus olhos.

Levanto-me dos meus lençóis, olho pela janela e está fazendo um dia quente.

Não acredito, dia de sol em Mystery Spell? É um milagre!

Corro para o chuveiro, tomo uma ducha rápida, coloco meus shorts e regata, um tênis confortável e desço as escadas correndo em animação.

- Ual Jane, a festa ontem parece ter sido boa, você acordou animada! - exclama Peter.

- Na verdade é esse sol que me fez ficar animada!

- Como você pode gostar desse sol? Eu odeio sol! - retruca Lorie birrenta.

- Bem, eu vou correr um pouco, tudo bem Peter?

- Mas você não vai nem tomar café?

- Tomo no caminho - pego uma maçã da fruteira e mostro a ele.

- Ok, tenha cuidado!

- Pode deixar!

Pego meu telefone e mando uma mensagem para Sarah:

"Estou indo correr, vamos?"
"Não dá agora, mas vamos almoçar juntas, você precisa me contar sobre ontem!"
"Não há nada para contar!"
"Se tratando do gringo? Duvido! ;)"

Rio lendo a mensagem da Sarah e sigo minha corrida, acho que não terei como escapar dos questionamentos da Sarah.